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Quando a calça jeans vale mais que o terno e a gravata

publicado por Alberto Parada

Ha vinte anos, quando entrávamos em uma grande empresa ou em um grande banco era impensado encontrar alguém que não estivesse “bem vestido” (pelo menos para os padrões da época): terno, camisa social e gravata. Esse ”código” valia para todo mundo. Desde os finados escriturários até o presidente da empresa: todos estavam obrigatoriamente uniformizados!

Para as mulheres, era quase mandatório o uso de saia, camisas com pouca cor e cabelos necessariamente bem penteados e, de preferência, presos. Maquiagem somente em raras ocasiões e desde que bem discretas.

Para os homens a gravata era um item obrigatório e a exigência era levada ao extremo. Em uma época onde até a gravata de crochê era moda, chegou-se ao ridículo de ser usada até com camisa polo. Alguém que aparecesse de jeans e camiseta era tratado como pessoa de nível inferior.

O ditado que o tempo é o senhor da razão também se mostrou presente neste caso. Com a enorme banalização do terno e da gravata, além do aumento assustador de ladrões utilizando este tipo de vestimenta, ocorreu a mudança do conceito de estar “bem vestido”. O casual” foi ganhando espaço e hoje, em muitas empresas, e até em alguns bancos (o último reduto da obrigatoriedade do social clássico), é considerado mais estranho encontrar alguém de terno e gravata do que de calça jeans e camiseta.

A chegada da geração Y no mercado de trabalho, com muita propriedade e bom humor, está aposentando definitivamente o conceito de que estar vestido de maneira formal é pré-requisito de seriedade ou profissionalismo. Os grandes ídolos desta geração consagraram o estilo jeans e a camiseta.

Mas, os que acreditam que não existe mais a discriminação pela vestimenta que se usa estão enganados. Infelizmente o preconceito não acabou. É fácil encontrar pessoas que torcem o nariz quando se deparam, em uma reunião, com um grupo de profissionais vestidos de jeans e de camiseta. E ainda confundem a pouca idade e informalidade ao se vestir com falta de profissionalismo e, mais chocante ainda: falta de dinheiro.

Situações que podem ser chamadas de cômicas (para não dizer trágicas) repetem-se diariamente, principalmente nas empresas de tecnologia. Os “preconceituosos profissionais” mudam radicalmente sua postura quando descobrem que aquela pessoa, que segundo ele, não está adequadamente vestida para uma reunião, aparentando ser mais um pobre coitado do que um investidor. Na verdade, esse pobre coitado é o cliente que poderá fechar o contrato que irá ajuda-lo a bater suas metas e trazer para a empresa o projeto que mudará a situação financeira da companhia.

Contudo, por mais que as mudanças aconteçam numa velocidade grande, muitas até carregadas de exageros que vêm transformando tudo em “politicamente incorreto”, elas tem um lado positivo: é melhor estas oscilações e exageros do que a possibilidade (por mais remota que seja) da falta de liberdade de opinião e expressão.

O que é certo em todas estas mudanças é que todos devem respeitar as pessoas, seus costumes e suas preferências, e que isso não deve, em hipótese alguma, servir de desculpa para justificar uma falta de competência, profissionalismo ou comprometimento.

O respeito ao próximo deve ser tanto para os garotos que chegam ao mercado de trabalho vestindo suas calças jeans, como para o pessoal que já esta na estrada há um bom tempo e que, mesmo despidos de pré-conceitos continuam a curtir um bom terno e gravata.

O fato é que todos estão aprendendo com o mundo colaborativo. Quanto mais conectados estivermos, melhor serão os resultados para todos e em todos os sentidos. Dessa maneira, o ideal é extrair o melhor de cada um. Não há dúvida que o pessoal de calça jeans é criativo e inovador, mas não se pode descartar a experiência e a habilidade de quem carrega a história de fazer bem feito, por longo tempo, projetos de sucesso.

Autor

Fundador do : descomplicandocarreiras.com.br

Alberto Parada

Comentários

2 Comments

  • Excelente abordagem, Parada.

    Abandonei a gravata? Só uso jeans? Não. Habituei-me a perguntar “qual o dress code?” antes de qualquer primeira visita a uma empresa. É para mim um cuidado, como ir a uma festa respeitando o traje indicado no convite.

    Jeans pode não significar necessariamente descontração assim como gravata não é sinônimo inconteste de seriedade. Mas preconceitos contra jeans ou gravatas serão sempre preconceitos. O importante, meu caro Parada, é saber respeitar a cultura do seu cliente ou da empresa para a qual trabalha e reconhecer no(a) profissional à sua frente a cultura e competência, ou a falta delas.

    Meu code-filho trabalha de bermudas, na empresa. Meu business-filho trabalha de terno. E ambos são competentes e felizes.

  • O trabalho em si é formal por esse motivo exige sim formalidade e um ambiente de trabalho formal, não coloca qualidades de ninguém em cheque pelo contrario vem a somar. Ainda não trabalho de terno mas estou estudando para esse fim serviço tem cara de homem e terno também.

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