Quando ele sentiu que não conseguia pegar a lebre que fugiu muito rápido, resolveu acertar lhe uma pedrada para apanhá-lo e comê-lo. Antropólogos afirmam que aquela pedra foi a primeira ferramenta criada pelo ser humano. Eu afirmo que foi criado naquele instante o primeiro produto e talvez uma inteligência de negócios…
Na verdade, da pedra para o pedaço de galho, tacape, faca, armadilhas foi uma evolução rápida, da idade das pedras ao homem moderno, 100 milhões de anos, até que um esperto achou que ao dar a ferramenta para o seu amigo deveria “cobrar o preço de R$ 160,00”, pelo trabalho, tempo despendido, garantia ofertada, embalagem, durabilidade etc…
Tento definir, portanto, que produto é tudo que tem pelo menos um nome, tem valor funcional, é possível comercializar, tem classificação fiscal, e conseqüentemente alavanca circulação de impostos, necessita de mão de obra para a sua existência, necessita e proporciona desenvolvimento de infra-estrutura fabril e da sociedade, dá lucros à empresa fabricante.
E foi justamente o aperfeiçoamento da fabricação de um produto, o automóvel, que levou um cidadão norte americano, Henry Ford (1863-1947), a revolucionar uma empresa automobilística a partir de janeiro de 1914, introduzindo a primeira linha de montagem, fundando assim a era da automação e produção em massa.
Até o final da década de 80 o entorno de um produto consistia se numa empresa (1) que o fabricava através da força braçal e experiência de um trabalhador (2), que segundo ordens do patrão fabricava o produto para ser ofertado ao cliente (3). A legislação (4) em vigor não fazia nenhuma menção a um produto de consumo.
A partir de 1987, com a introdução da ISO 9000 que inicialmente tinha a mesma estrutura da norma britânica BS 5750 baseando-se nos pilares da qualidade: garantia da qualidade no projeto, desenvolvimento do produto, montagem e prestação de serviços finalmente introduziu a qualidade nas empresas e organizações que criavam novos produtos.
Na mesma ocasião o cenário da fabricação, oferta ao cliente, e venda do que se fabricava, foi drasticamente mudado com o princípio da demanda e preço competitivo, ou seja, só se vendia o que o mercado necessitava, por um preço justo, e um valor competitivo onde a empresa competente vencia por praticar o famoso custo versus benefício.
O Código do Consumidor, Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990, em vigor a partir de 11 de março de 1991, nasceu por ser uma garantia constitucional, e acabou por cercar o produto de consumo, como uma excelência a ser praticada pelas empresas.
Não é preciso mencionar que só os melhores sobreviveram à quantidade de exigências, e continuar a atuar como empresários, pois em 1990 iniciou se a gestão governamental do Fernando Collor de Melo impondo a abertura do mercado nacional para a importação colocando os nossos “produtos tupiniquins” de cara contra os “importados”. E foi do Collor a famosa frase onde ele disse na ocasião que o “Brasil não produz carros, mas carroças”
Tamanha pressão fez com que os empresários investissem mais em suas “fábricas de fundo de quintal” para transformá-los em empresas competitivas. O fechamento deste ciclo se deu com a abertura de várias empresas para o mercado de capitais, seja para acionistas nacionais seja para estrangeiros.
Oficialmente, o Decreto-Lei nº 1.401/76, o processo de internacionalização do mercado chega ao país no final da década de 1980, sendo seu marco inicial a edição da Resolução do CMN nº 1.289/87 e seus anexos. Já em 1990, o movimento de abertura da economia brasileira, aumenta o volume de investidores estrangeiros em empresas brasileiras. Bem como, algumas empresas brasileiras começam a acessar o mercado externo através da listagem de suas ações em bolsas de valores como a New York Stock Exchange, sob a forma de ADR’-s – American Depositary Reciepts com o objetivo de se capitalizar através do lançamento de valores mobiliários no exterior.
As profundas transformações ocorridas no cenário da infra-estrutura econômico-industrial fizeram os quatro pilares de produção de um Produto mudarem de Empresa para Acionistas (1), de Trabalhador para Especialista (2), de Cliente para Mercado (3), e de Legislação para Direitos (4).
Para que tudo isso seja inteligentemente administrado muitas empresas que há pouco mantinham a estrutura organizacional com diretores comerciais e industriais, gerentes, administradores e engenheiros, e ainda operários, passaram a operar com Gestores de Negócios e estruturas organizacionais “on demand”.
Gestor de Negócios, 42% das empresas do país recrutam esse tipo de profissional que tem o conhecimento técnico e de negócios, que sabe se relacionar com os demais departamentos de uma empresa, que tenha visão estratégica, e finalmente, que conseguem desencadear oportunidades e sucessos empresariais.
Aquele Produto passou então a ser uma Inteligência de Negócios, que, somada aos quatro pilares, Acionistas, Especialista, Mercado e Direitos resulta no Capital intelectual, comercializado inteligentemente através de uma Marca que no mercado vale milhões de dólares…
[Crédito da Imagem: Inteligência de Negócios – ShutterStock]