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Obesidade de conhecimento

publicado por Alberto Parada

Diariamente um exército de profissionais invadem as faculdades e institutos de especialização pelo país afora, buscando desesperadamente um novo curso para fazer, uma nova informação para absorver, um novo diploma para acrescentar ao currículo. O que a maioria não sabe é que, em pouco tempo, este conhecimento terá uma enorme possibilidade de não servir para muita coisa, apenas ocupando espaço em algum grotão do cérebro.

Esses profissionais possuem características semelhantes e extremamente preocupantes. Todos, quando indagados porque escolheram determinado curso, respondem da mesma maneira: “não posso parar de estudar”.

Diferente do que parece, a resposta por si só, não reflete a verdade. Um pouco mais de conversa é suficiente para fazer emergir o que está por trás: “estou sendo pressionado pelo meu chefe, pela minha família, pela minha esposa ou marido, pela mídia, pelas faculdades, pelo mercado de trabalho…”.

A pressão sofrida por estes profissionais é tão grande e tão intensa que os leva, na maioria das vezes, a decidir por um curso apenas com base em uma rápida leitura na ementa, sem realizar uma reflexão mais responsável sobre as reais possibilidades que o curso escolhido terá em capacitá-lo para concorrer à nova posição pretendida no organograma. Isso porque, o maior objetivo dos profissionais, atualmente, não é aprender e sim subir verticalmente na carreira. E da maneira mais rápida possível!

Assim, o que deveria ser regra virou exceção. É raro encontrar candidatos que além de sonhar com o título no currículo, considere: o tempo de dedicação em sala de aula, o investimento financeiro e o sacrifício que a família terá que enfrentar com sua frequente ausência.

A frustração chega quando, no final do curso, constata-se que o conhecimento recebido não o capacitou para leva-lo à posição pretendida, considerando que o avanço diário da tecnologia vem colocando no lixo uma quantidade enorme de informações que, até pouco tempo, era o que se tinha de mais moderno e hoje está obsoleto. Conclui-se que as informações recebidas ficarão obsoletas em pouco tempo e servirão, no máximo, como gordura, informações sem utilidade.

Ficará como consolo dos palpiteiros de plantão, de maneira errônea, que “conhecimento nunca é demais, que um dia será utilizado. Por isso não pare, continue mais e mais a absorver conhecimento”. E exclusivamente pelo conhecimento e nada mais.

É óbvio que a frustração não o abate e um novo ciclo de consumo de informação pela informação recomeça. Até porque as pressões não cederam. O resultado desta compulsividade é muito semelhante com o compulsivo por comida: os dois, em pouco tempo, estarão severamente abalados física e psicologicamente.

O obeso por gordura, na maioria das vezes, olha no espelho e não fica feliz com a imagem que vê; o obeso por conhecimento olha a gordura localizada no seu currículo e constata, com a reação do mercado, que as informações nele contidas muito pouco ou quase nada agregam para uma ascensão profissional.

O obeso, em uma consulta ao endocrinologista, questiona a possibilidade de ter o corpo desejável. E a resposta frequentemente é: “sim, porém com disciplina e sacrifícios”.

O primeiro passo para o obeso por conhecimento reverter esse excesso é se assumir, exatamente como o obeso por gordura, deve encarar de frente o seu CV e entender que sua competência profissional está muito aquém das informações recebidas nos inúmeros cursos que fez, preparando-se para ser presidente da empresa quando, na realidade, ele ainda está  na base da pirâmide.

Depois, é importante fazer uma validação do seu real tamanho profissional. Muitas vezes nos olhamos muito maior do que realmente somos e, para equilibrar as percepções, vale uma conversa com um profissional de RH, um professor ou um executivo amigo. A pergunta a se fazer é muito simples: “Para qual posição no organograma você me contrataria?”.

Muitas vezes a resposta não irá nos agradar, mas com certeza irá nos ajudar. Assim, ciente das reais possibilidades e sabendo da posição possível a ser galgada no organograma, agora é o momento de se preparar para ela, buscar de maneira assertiva, cursos de extensão universitária ou pós-graduação que irão dar o conhecimento acadêmico necessário para ocupar o próximo nível no organograma, colocando em prática tudo o que aprendeu no banco da escola.

Jogar fora toda a obesidade adquirida durante anos, como todos sabem, não é uma tarefa simples. Quantas pessoas você conhece que começou um regime na segunda e parou na terça?

Com a obesidade de conhecimento também não é diferente. Não é porque você tomou ciência da sua condição profissional que as pessoas irão parar de incentivá-lo e prometer cargos fantásticos e oportunidades maravilhosas. É como olhar para um doce e resistir à tentação.

O importante é ter a consciência que, por mais gostoso que a guloseima possa ser, continuar obeso fatalmente irá afetar a sua saúde. Dessa maneira, consumir diplomas que pouco ou quase nada ajudarão em seu avanço organizacional fatalmente irá afetar, de maneira severa, sua carreira profissional.

Autor

Fundador do : descomplicandocarreiras.com.br

Alberto Parada

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