TI CorporativaGestão de PessoasO problema das "vacas sagradas" nas organizações

O problema das “vacas sagradas” nas organizações

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Figura - O problema das "vacas sagradas" nas organizaçõesNão, este artigo não é sobre animais ruminantes.

O mundo corporativo não é tão diferente assim do mundo fora do seu escritório. Para tudo na vida existem os prediletos. No seu guarda-roupas existem camisas que você prefere usar 2 ou 3 vezes na semana a ter que usar uma outra qualquer. Dos restaurantes que existem próximos ao seu local de trabalho, com certeza existe aquele que você não pensa duas em vezes em ir. Você tenta fazer um regime e sabe que comer um BigMac não vai fazer nenhum sentido (pelo menos durante o regime), mas entre uma salada incrementada com frango e ricota e um suculento hambúrguer duplo com batatas, duvido muito que você ficaria com a primeira opção.

Não, este artigo não é sobre culinária.

Uma considerável quantidade de empresas, não só no Brasil mas no mundo, mantém um belíssimo rebanho de “vacas sagradas” em seus quadros de funcionários. Você sabia disso? Calma, como eu disse, este artigo não é sobre animais ruminantes, muito menos sobre a cultura indiana. A “vaca sagrada” é uma expressão muito usada no mundo corporativo para se referir a “funcionários intocáveis”, aqueles aos quais CEOs e diretores espalhados pelo mundo rendem reverencias, cargos de alto escalão e poder divino sobre os reles mortais. Tudo que sai da boca desse ser divino é incontestável e preso em um envólucro de razão sem precedentes. É mais ou menos aquela história do cliente que quer construir uma casa, porém exige que o primeiro andar seja construído antes da fundação. Imagine que você é o engenheiro da obra e tenta argumentar que, sem a fundação e a construção do andar térreo, não há como construir o primeiro andar. Mas o “divino” bate o pé e diz: “eu não estou pedindo, estou mandando“. Até a hora em que o seu gestor imediato te fala: “não discute, construa o primeiro andar do jeito que ele está falando“.

Não, este artigo não é sobre a Teoria Clássica da Administração de Fayol, lá do início do século passado!

Um amigo me relatou casos de “catequização” de funcionários recém-contratados na empresa em que ele trabalha simplesmente para saber lidar com esses iluminados. Coisas do tipo: “Evitem enviar e-mails pra eles ou com eles em cópia“, “não dê bom dia, a não ser que eles falem com você“, “não os questionem na frente de ninguém” e até a mais absurda “não discuta, você vai estar errado“. Parece meio chocante saber disso em pleno século XXI, em meio a uma revolução tecnológica e comportamental dentro das empresas, porém é muito comum, mais do que eu ou você possamos imaginar. Obviamente, pessoas enquadradas nesse perfil têm um alto índice de rejeição. Sua pseudo-liderança não traz benefícios para suas equipes, não despertam em seus “comandados” o desejo de trabalhar com vontade e afinco no objetivo de atingir os resultados esperados. Há casos de funcionários que adoecem de verdade por conta desse tipo de pessoa no ambiente de trabalho. Daí podemos nos perguntar: “por que essas pessoas continuam nas empresas, com esse poder político, em uma época em que tudo converge para uma hierarquia horizontal e empoderamento das equipes?”.

Pensou que eu tinha a resposta né? Desculpa, este não é um artigo com resposta para essa pergunta!

Olha, o meu papo vai ser muito direto em relação a isso e eu quero que você preste bastante atenção no que eu vou dizer. Sempre que você se deparar com pessoas assim durante sua vida profissional, não lute contra.

“Ué, mas como assim?”

Assim mesmo do jeito que falei, não lute contra. Não que eu entenda e ache correta a manutenção de “vacas sagradas” no ambiente corporativo, mas é que é uma luta entre Davi e Golias, onde o Golias ganha no final. Primeiramente você precisa lembrar que “a casa não é sua”. Você trabalha em uma empresa com uma cultura que, não necessariamente, é a sua. A cultura da organização não tem a obrigação de se adequar ao que você acha certo. Obviamente que esse tipo de gente mata a nossa vontade de trazer resultados positivos para a empresa, visto que tentar enxergar uma equipe unida e focada onde existe um rei que não usa a sua majestade a favor do time, é quase impossível. Daí vão duas dicas:

  1. Se você quer se realizar naquilo que você gosta de fazer, procure uma empresa que compartilhe das suas ideias. Não fique pensando muito em salário alto e ter como consequência uma coleção de decepções com as ações de burocratas. Antes de se candidatar a uma vaga, cheque as avaliações de funcionários e ex-funcionários da empresa na internet. Procure se informar sobre a visão e missão da empresa (algumas disponibilizam essas informações no próprio site).
  2. Seja fiel às suas convicções e sempre tente expor a sua opinião de forma sucinta. Porém é importante que você saiba que a mudança cultural de uma organização passa por um longo processo de inovações e mudanças de paradigma. É mais fácil você procurar uma empresa onde suas ideias comungam do que tentar mudar uma cultura já consolidada.

Faça como dizem que fez o Galileu: “Afirmo então que a terra não giram em torno do sol. Contudo, ela se move“.

Wagner Borbahttp://escopodefinido.com
Gerente de Projetos, graduado em Gestão da Tecnologia da Informação pela FG/Laureate International Universities de Pernambuco e MBA em Gestão de Projetos pela Universidade Estácio de Sá. Possui certificação Project Management Professional (PMP®) pelo PMI, Certified ScrumMaster (CSM®) pela Scrum Alliance, Certificado ITIL® Foundation e Lean Six Sigma Yellow Belt (SSYB). Possui 10 anos de experiência em projetos nas áreas de Telecomunicações e Tecnologia da Informação em empresas multinacionais como Alcatel-Lucent, Isolux Corsan e Huawei Technologies, atuando em projetos de infraestrutura para redes de alta capacidade das maiores operadoras de telefonia do país. É o atual Diretor de Administração e Finanças do PMI-PE.

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