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O pior marketing do mundo

publicado por Flávio Steffens

Algumas empresas gastam milhares de dólares ou reais em marketing para se promover. Outras conseguem criar uma aura em torno de si que a colocam em um patamar de sonho de consumo para muita gente.

Mas muitas empresas, ainda assim, continuam criando o pior marketing do mundo: a realidade.

Recentemente estive em uma audiência de pequenas causas, devido a um processo que estou movendo contra uma editora por uma cobrança indevida na minha conta. Sou cliente deles há quase 10 anos. Mas no momento em que surgiu uma cobrança de outra pessoa diretamente em débito automático na minha conta, fui orientado pelo SAC a escrever uma carta e enviar por fax como uma espécie de “prova” de que aquela pessoa da cobrança não era eu. Essa atitude absurda me fez, pela primeira vez, perder a paciência e entrar na justiça.

Durante a espera pela audiência, dentro do foro, eram anunciados em alto-falante as pessoas que também estavam com ações contra outras empresas. E foi impressionante ouvir o mesmo nome de empresas de telefonia celular e fixo, além de televisões a cabo, por uma dezena de vezes. E isso em apenas dois horários de atendimento.

Se o mundo é dos russos, se a empresa foi pioneira no desbloqueio de celular, se ela está mais viva do que nunca, ou se temos a opção de escolha, isso significa que o marketing destas empresas conseguiram colocar na nossa cabeça algumas vinhetas e claques. Palmas para a publicidade. Esse é o mundo da fantasia, onde a expectativa é que estamos diante de uma empresa moderna e orientada ao cliente.

Já o mundo da realidade é aquele onde ainda pagamos caríssimo por serviços básicos, onde clientes antigos são tratados com total indiferença, onde um débito errado significa uma dor de cabeça para reaver e uma cobrança em atraso significa ter de lidar com ameaças de SERASA.

O Waldez Ludwig, em uma entrevista com o Jô Soares, conta um caso muito divertido sobre o que ele intitula “melhoria do cocô“.

Qual é o pior marketing do mundo? Tratar mal o seu cliente.

Mas podemos fazer uma extensão desse conceito. Podemos extender para “tratar mal o seu funcionário”.

Existem inúmeras empresas que vendem uma imagem que não são. Geram expectativas enormes os pretendentes às vagas. Mostram para o público exterior um ambiente despojado e irreverente. Essa é a fantasia.

A realidade é que a empresa é, muitas vezes, exatamente o oposto disso. E os funcionários só descobrem quando já estão lá dentro.

Um ambiente onde as pessoas não estão satisfeitas é um grande anti-marketing. Aqueles funcionários desmotivados irão contribuir bastante para, fora do ambiente de trabalho, fazer o esqueleto da empresa. E todas as pessoas podem repassar isso. Até cair nos ouvidos de um possível cliente ou pretendente a uma vaga na empresa.

Fazer uma desligamento de alguém de uma forma conflituosa só colabora para acentuar essa situação. Assim como um cliente insatisfeito não só não retornará como não indicará outros clientes, funcionários irão agir da mesma forma.

No mundo atual, dinâmico e excessivamente lotado de informações, não é difícil encontrar comentários sobre a sua empresa. E como você irá atrair bons talentos, se a gama de pessoas interessadas começar a diminuir com o tempo?

Tratar bem seus funcionários, portanto, não é apenas humanizar o ambiente de trabalho. E pensar na sua própria sobrevivência, como empresa. Você já havia parado para pensar sobre isso?

Autor

Flávio Steffens de Castro é empreendedor na Woompa (www.woompa.com.br), criador do crowdfunding Bicharia (www.bicharia.com.br) e gerente de projetos desde 2006. Trabalha com métodos ágeis de gerenciamento de projetos desde 2007, sendo CSM e autor do blog Agileway (www.agileway.com.br).

Flávio Steffens

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