Gerência de Projetos

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O dilema do status report

publicado por Julio Pereira

Não basta um projeto estar em dia, é necessário ser capaz de comprovar este fato – apesar de parecer um tanto agressiva, é impossível não concordar com esta afirmação.

Aliás, se estamos buscando transparência, a questão não é simplesmente comprovar o fato de o projeto estar em dia, mas também apresentar razões que implicam em seu atraso e, certamente, buscar ações de mitigação – mas isto é outra história.

Ah… o relatório de status – na verdade eu nunca tive muita simpatia por ele e, confesso, até hoje não encontrei quem realmente nutre com ele uma relação amigável.

Em alguns projetos, os relatórios de status parecem ter sido projetados por profissionais que são experts em Powerpoint, mas que não entendem nada de projetos, criando verdadeiras obras de arte, que se tornam impossíveis de manter atualizadas ao longo do ciclo de vida dos projetos: estrelas, losangos, linhas, cores, tabelas, e por aí vai. Pior, criam espaços minúsculos para texto, ficando impossível apresentar alguma informação relevante, tabelas com código de cores, relacionamentos impossíveis com riscos, datas previstas, ou datas realizadas. Finalmente, quando o gerente é capaz de escrever alguma coisa no espaço que restou, ou acaba sendo sintético demais, ou genérico demais, impedindo que seja comunicada a mensagem correta.

Além de fazer com que o gerente se torne mais preocupado com a forma, e muito pouco com o conteúdo, acaba sendo criada a cultura infeliz: a de que relatar a verdade é infinitamente menos relevante que criar um status agradável aos olhos.

Neste momento, talvez somente a experiência seja capaz de estabelecer um limite, afinal, quem deseja informações realmente detalhadas, deverá ser capaz de examinar o cronograma detalhado, planilhas de riscos e problemas, e os demais artefatos que deveriam fazer parte do dia a dia dos Gerentes de Projeto (GPs).

No cerne desta questão está o fato de que muitos Escritórios de Projetos (EPs) acabam se tornando indevidamente mais importantes que os GPs propriamente ditos, pois ao criarem demandas após demandas de relatórios adicionais, estatísticas e outras informações aleatórias, sobrecarregam os GPs que se tornam escravos destas atividades extraordinárias.

O fato é que o EP deveria ser capaz de coletar tais métricas das ferramentas que ele mesmo tenha definido para os projetos – qualquer coisa além disso, é pura invenção.

Finalmente, constantes alterações em metodologia, relatórios ad hoc cuja entrega seja “para ontem”, além de trazer um efeito perverso à moral geral dos profissionais, são claro sinal de que o nível de confiança dos executivos está baixo.

E isto, meu amigo, com certeza é mau sinal.

Autor

Gerente de projetos (PMP, 2007) e consultor de TI/Telecom, formado pela UNICAMP, 1984, com MBA em Administração Estratégica de Sistemas de Informação pela FGV-Brasília, 2008).

Julio Pereira

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