Cloud Computing

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Debatendo o uso de TCO em Cloud

publicado por Cezar Taurion

Venho observando que os questionamentos sobre cloud computing se concentram em questões de segurança e perda de dados. Mas existe um outro aspecto que devemos considerar e que quero chamar atenção neste post. O fato de sairmos do modelo concentrado em capex (capital expenses) para opex (operating expenses) tem diversas implicações que, as vezes, passsam desapercebidas. Na prática, na maioria das médias e grandes empresas veremos ambientes mixtos, ou nuvens híbridas, com uso tanto de nuvens privadas como públicas. Pode ser que os investimentos upfront, em ativos diminua, mas os custos operacionais continuarão existindo e provavelmente sendo mais significantes.

Para evitar surpresas desagradáveis é sempre bom entender os fatores de custos de um ambiente em nuvem. O nosso velho e bem conhecido TCO pode e deve ser aplicado, com as adequações necessárias. Provavelmente, o O pode, no caso de uso de nuvens publicas, ser chamado de Operations e não de Ownership. Em uma nuvem publica o investimento em capex é do provedor. O TCO tradicional olha o custo de propriedade do hardware e software que voce adquire. Mas em uma nuvem publica não existe este custo. Por outro lado você está adquirindo serviços (IaaS ou SaaS, por exemplo) e tem que pagar os fees destes serviços. Se compararmos a distribuição percentual de custos de um ambiente cliente-servidor com o de uma nuvem publica veremos uma diminuição significativa no percentual dos custos de capital e trabalho (custos de pessoal) mas um aumento representativo dos fees de serviços contratados. O importante é que o custo total seja menor…

Também existem alguns custos que passam meio esquecidos quando pensamos em adoção da computação em nuvem. Alguns exemplos são o custo da implementação e migração para o ambiente em nuvem, a gestão deste ambiente e as questões referentes a compliance e disponibilidade.

Vamos exemplificar com um caso hipotético, de uso de nuvem publica. Ao levar algumas aplicações para esta nuvem e deixarmos outras on-premise podemos com certeza observar que as aplicações quase sempre se ligam umas com as outras. Dificil encontrar uma aplicação totalmente isolada.

Neste caso, supondo que um aplicação na nuvem precise de dados que rodam em uma outra on-premise, existe o custo de transmissão destes dados. Muitas vezes analisamos o custo da nuvem publica pelo valor do minuto de processamento e esquecemos dos custos de transmissão e armazenamento de dados. O pior caso é quando uma aplicação na nuvem precisa acessar um banco de dados gerado e previamente atualizado por uma aplicação que roda on-premise. Neste caso além de duas cópias do banco, uma on-premise e outra na nuvem publica, todas as alterações efetuadas on-premise devem ser transmitidas à cópia que reside na nuvem publica. Aos custos de processamento da nuvem publica devem ser acrescidos os de transmissão dos dados e do armazenamento do banco nesta nuvem. Estes custos podem variar de provedor para provedor.

Por exemplo, analisando a estrutura de custos da Amazon observamos que os custos de gravação de dados é cerca de dez vezes maior que os da leitura destes dados. Os ambientes operacionais tmbém mostram variação. Geralmente os custos de servidores virtuais ou cloudificados em Linux são menores que os do Windows.

Fiz algumas simulações usando preços de mercado de alguns provedores de nuvens publicas e um exemplo me chamou a atenção. Processando um grande banco de dados, no nivel dos terabytes, com redundância e pelo menos 1% de atualizações neste banco o custo de processamento dos servidores foi de menos de 0,1% do custo total. A conclusão é óbvia: olhar com atenção todos os custos e não apenas o mais divulgado que é o custo de alguns centavos de dólar (ou reais…) por hora de servidor.

Uma lição é escolher bem as aplicações que irão para as nuvens publicas. Quanto menos acoplamentos com as que ficarem on-premise melhor. Ou seja, quando escoher as que irão para estas nuvens escolha as que operam em conjunto, compartilhando os mesmos bancos de dados. Reduzir os custos de transmissão é relevante e não deve ser esquecido.

Analisar a estrutura de custos do provedor é essencial. Como alguns cobram por cada operação de I/O (gravação maior que leitura) uma blocagem maior, ou mais registros por bloco de dados, diminui os custos.

Cloud computing tem varios atrativos e com certeza, irá, ao longo dos próximos anos se tornar o modelo computacional dominante. Mas entrar no ambiente de nuvem sem um estudo adequado e sem entender a estrutura de custos dos provedores de nuvens publica podem tornar o setor de TI mais caro que atualmente. Um estudo mais aprofundado de TCO deve ser feito e com certeza pode contribuir signficativamente para entender os custos da nuvem, principalmente os ocultos…

Autor

Cezar Taurion é head de Digital Transformation da Kick Ventures e autor de nove livros sobre Transformação Digital, Inovação, Open Source, Cloud Computing e Big Data.

Cezar Taurion

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