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Como tirar a batata quente do seu colo?

publicado por Alberto Parada

Como tirar a batata quente do seu colo?A data para a entrada em operação de um novo produto ou serviço,  ao contrário do que muitos imaginam, não é definida apenas pelo famoso “time-to-market”, mas, na esmagadora maioria das vezes, é definida pela área de negócios baseada, principalmente, em eventual “achismo” ou vaidade de algum investidor.

Em uma reunião, alguém que jamais conduziu um projeto na vida, faz algumas contas de cabeça e diz que determinado período de tempo é mais que suficiente para estruturar o projeto, contratar as pessoas, fazer a aquisição de tudo e entrar em operação. Como essas contas mirabolantes normalmente surgem na cabeça de alguém com alto poder ninguém se atreve a contrariá-lo e, a partir daquele momento, inicia-se a corrida maluca na elaboração do cronograma reverso.

Para quem não sabe o que é um cronograma reverso seria mais ou menos como determinar a data de nascimento de uma criança sem ao menos os pais serem apresentados para poderem, dentro do período normal de nove meses, concebê-lo.

Assim como no exemplo acima, existem situações na vida real que nem todo o dinheiro do mundo é capaz de mudar o tempo de elaboração, planejamento, execução e entrega de um projeto. Como os envolvidos na concepção e entrega do projeto sabem que o tempo estipulado para a sua concepção é inviável, a preocupação deixa de ser a entrega e passa a ser a criação de uma estratégia para não ficar com a batata quente nas mãos; em outras palavras, não ser apontado como culpado pela falta de entrega do projeto na data marcada.

Os times se dividem e, naturalmente, tornam-se opositores, pois todos dizem ser possível realizar todas as atividades que estão sob a sua responsabilidade desde que a outra equipe que os precede entregue a tempo a sua parte. Se não fosse trágico seria até divertido, mas verdadeiros shows de horror começam a acontecer.

Atrasar seu opositor em um dia é maravilhoso, em uma semana é uma verdadeira glória! Para isso, qualquer coisa serve; reunião de reporte do projeto é o ápice periódico dos confrontos, são verdadeiros Coliseus cercados por um público que adora sangue; os gladiadores utilizam informações inverídicas colocadas como verdadeiras para transformar a reunião, paralisar os trabalhos e ganhar tempo.

Os meses passam e as estratégias para culpar qualquer um tornam-se cada vez mais elaboradas, até que chega a hora de um sacrifício maior e, nesse momento, quando todas as táticas de guerra já foram utilizadas e começa a saltar aos olhos que o tempo não será suficiente, está na hora de escolher quem irá para a guilhotina em prol de salvar o projeto e, principalmente, o pescoço de algum executivo de alta patente.

É claro que na data marcada o projeto não será entregue e outros estragos e sacrifícios serão necessários para justificar todos os problemas. No dia em que seria entregue o projeto, os opositores se reúnem com os executivos e investidores e depois de uma seção de minha culpa e sacrifícios definem uma nova data, novos objetivos e novas ilusões.

Independente do sucesso ou da prorrogação da entrega do projeto, porque em fracasso ninguém fala, o mais importante para a maioria é manter o poder e estar a frente de um projeto de grande visibilidade, para ser reconhecido pelo mercado e, principalmente, ver o crédito do bônus polpudo em sua conta corrente, mesmo que, na maioria das vezes, o projeto seja entregue com seu escopo bem distante do originalmente planejado.

[Crédito da Imagem: Batata Quente – ShutterStock]

Autor

Fundador do : descomplicandocarreiras.com.br

Alberto Parada

Comentários

1 Comment

  • Excelente artigo.

    Eu trabalho com projetos há mais de 10 anos e tive a oportunidade de vivenciar este exemplo inúmeras vezes.

    É certo que um Gerente de Projetos ou Gerente de TI precisa estar atento aos prazos quase sempre agressivos da área de negócios.

    O problema consiste em que muitas vezes o prazo não é somente agressivo, é impossível.

    Trabalhar com prazos “impossíveis” em todos os projetos, é a chave para desagregar qualquer equipe, juntamente com os clientes, que verão as suas expectativas totalmente frustadas, seja na questão do adiamento do prazo de entrega ou pior, a entrega com baixa qualidade.

    Saber conter a expectativa da área de negócios, bem como, negociar prazos viáveis, é a metade do caminho para um bom projeto.

    Abraços,

    Mauricio Siqueira

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