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Brasileiros made in China

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Brasileiros made in ChinaOptar por fazer uma refeição em uma rede de fast food não precisa, necessariamente, ser em decorrência da escassez de tempo devido à frenética e alucinante rotina dos grandes centros. Pode ser, ao menos poderia, para saborear um sanduíche diferente com batatas fritas sequinhas ou anéis de cebolas quentinhos. Contudo, a decepção tem sido completa, do atendimento à qualidade dos produtos.

Por acumuladas insatisfações, não vou mais a uma certa rede de fast food muito, ou a mais, famosa. Troquei por uma concorrente que, em princípio, parecia demonstrar interesse no cliente oferecendo um atrativo desconto para quem participe de uma pesquisa em seu site. Fato curioso é que poucas pessoas sabem dessa condição que está apenas no verso do cupom fiscal do pedido, pois ninguém avisa sobre.

O mais desestimulante é que, mesmo sendo honesto e sincero nas respostas, nenhuma mudança é percebida. Funcionários gritões e despreparados, uniformes em péssimo estado (quando não sujos), falta de higiene, desatenção nos pedidos especiais, péssimas condições de manutenção predial, banheiros sujos e uma demora absurda que sugestiona uma mudança do segmento para slow food.

Essa situação não é um “privilégio” apenas desse segmento, há infinitos outros serviços, e produtos, que se enquadram nesse desrespeito a nós consumidores. No entanto, vivemos reclamando, e consumindo, tais produtos e serviços, como se não houvesse escolha.

Lembro-me há alguns anos que quando um produto era muito barato e de qualidade, no mínimo suspeita, recebia o apelido de “paraguaio”. O tempo passou e agora são denominados “ching-ling”, uma alusão aos produtos made in China reconhecidos pelo baixo preço, baixa qualidade e exploração da mão de obra em suas linhas de produção.

Deparo com muitos empresários brasileiros queixando-se dessa concorrência desleal e de tantos outros adversários. Mas será que estamos fazendo direito nossa lição de casa? Nivelarmos por baixo é a saída para nos tornarmos competitivos?

De certo que não. E, já que nossos governantes não se dispõem a medidas que favoreçam a competitividade com qualidade e preço justo, é preciso repensar nossos meios produtivos e a forma como estamos inserindo os jovens no mercado de trabalho. Precisamos qualificar nossos colaboradores, não apenas nos quesitos técnicos, mas culturais e educacionais para que tenhamos redução na perda de matérias-primas e insumos, melhora na produtividade e consequente aumento da rentabilidade.

Afinal, de nada adianta contratar pessoas desqualificadas, ou não qualificá-las, para pagar salários baixos. Isso é o mesmo que investir numa boa e linda embalagem, mas com conteúdo enganoso.

[Crédito da Imagem: Competitividade – ShutterStock]

Maurício Seriacopihttp://www.mauricioseriacopi.com
* Maurício Seriacopi é especialista em consultoria a empresas familiares, palestrante, escritor, coach, gestor e consultor empresarial com formação em marketing e gestão empresarial. Fundador Presidente do ITE - Instituto Transformar de Empreendedorismo. Sócio-diretor da M2R2 Consultoria Empresarial Autor do livro "Pensamentos. Criando novas ideias, inovando e aplicando à vida" e diversos artigos sobre empreendedorismo, carreira, gestão de pessoas, motivação, entre outros, publicados no Brasil, Portugal e América Latina.

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