Gestão de Conhecimento

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Gestão do Conhecimento: medindo ROI através das lições aprendidas

publicado por Fabrício Fujikawa

Gestão do Conhecimento: medindo ROI através das lições aprendidasSabe aquelas situações em que determinada rotina ou atividade de trabalho ficou prejudicada porque o funcionário “responsável” tinha faltado ou estava de férias, e nada estava documentado? “Ih, isso tem que ser com Fulano.” Pior é quando você descobre que o Fulano agora é um ex-funcionário e saiu brigado do grupo. E não se trata apenas de rotinas administrativas, não. Isto é muito comum, por exemplo, em desenvolvimento de software. “Ih, essa parte foi Sicrano quem fez… só ele que sabe mexer.” São os chamados conhecimentos tácitos, que ficam confinados à cabeça de algumas pessoas.

Falando sobre outro tipo de conhecimento, é provável que já tenha vivenciado várias experiências positivas — que representam oportunidades concretas de aumento de receitas ou de redução de custos — serem mal aproveitadas nas empresas. Pense em quantas situações você já viu alguma coisa ser feita de forma diferente e dar certo. Várias, correto? Agora, pense em quantas dessas situações geraram mudanças de rotinas, processos e procedimentos. Continua pensando? Pois é… é difícil mesmo. A cultura, se é que existe, é de aproveitar experiências negativas para melhorias de processos. Pouco se fala das experiências positivas.

Para resolver esses e outros problemas, entra em cena a Gestão do Conhecimento. Dentro desse tema, parte fundamental são os programas de Lições Aprendidas.

Lição Aprendida pode ser definida como “um processo de transferência de experiência entre pessoas de uma mesma organização, seja ela uma experiência positiva ou negativa. Uma Lição Aprendida precisa ter um certo grau de ineditismo. Algo que todos já sabem não é uma lição e sim um consenso. Algo que se aprendeu por não ter seguido um procedimento ou padrão também não é uma lição. Padrões e procedimentos foram feitos para serem seguidos e se existe uma lição nisso é ‘Siga o procedimento’.” (Alexandre Bello em Revista Gestão do Conhecimento, edição 06).

A Lição Aprendida, então, é fruto de um resultado diferente do que era esperado. Ora, se já havia um resultado esperado, é bem provável que existisse uma forma de medir se esse resultado foi atingido, ou não. Assim, na grande maioria das vezes, dá para medir os resultados de uma Lição Aprendida. Esse é um aspecto crucial para convencer a alta gestão a investir nas Lições Aprendidas: é possível medir o retorno sobre o investimento.

Vamos ver alguns casos práticos?

Em 2008, prestando serviços para um jornal de São Paulo, tivemos uma Lição Aprendida originada de uma experiência positiva: na 5a. feira, antevéspera da eleição, a área cliente pediu para gerarmos uma tabela das zonas e seções eleitorais. Consultamos os dados fornecidos pelo TRE e vimos que seria possível, porém, dado o prazo, a entrega seria bem no conceito MVP: aplicaríamos um XHTML para gerar um HTML básico, sem layout, formatação, etc. A área topou e conseguiu fazer à parte o tratamento das informações para que elas fossem publicadas nas edições do fim de semana. Com isso, as vendas aumentaram 30% em relação ao histórico de outras eleições. Muito bacana, né?

Ainda sobre eleições, mas falando sobre o mundo digital, também participamos de projetos para a divulgação dos dados de apuração do TRE nas eleições de 2008 e 2010. Nestes casos, todo o aprendizado que ganhamos em 2008 foi utilizado em 2010: tivemos uma reunião formal de passagem de conhecimento entre os analistas para se falar sobre as dificuldades e as experiências positivas. O novo time aproveitou o conhecimento adquirido na experiência anterior, incorporou novos conhecimentos tecnológicos que surgiram durante o período e a apuração de 2010 foi fantástica: no primeiro turno, chegamos a receber uma chamada de um dos principais portais do Brasil para a nossa página, dada a velocidade com que conseguíamos disponibilizar as informações. Resultado para os executivos? Aumento expressivo da audiência do site durante o período da apuração. De novo, aprendizado organizacional convertido em resultados concretos para a empresa. Veja o registro da época no blog da Tecnologia.

Mais recentemente, no Projeto Olímpico, tivemos outra Lição Aprendida a partir de uma experiência positiva. Mudamos de um sprint quinzenal para um sprint semanal, com o objetivo do time ter um aprendizado mais rápido do método, pois era a primeira experiência com Scrum para a maioria dos integrantes. Fixamos a 3a feira como o dia dos ritos (review, retrospectiva e plannings). Tivemos dois resultados positivos não imaginados: primeiro, ficou muito claro que o time passou a ser mais rápido que a definição de requisitos. Com isto, começamos a ter impedimentos nas histórias, que se tornaram evidentes nas reviews, e as definições passaram a ser “puxadas” junto às áreas responsáveis, gerando uma força colaborativa muito boa. O outro resultado foi mais curioso: a 2a feira, tradicionalmente um dia meio chatinho, ganhou outra cara: passou a ser o dia da véspera da entrega e com uma “pegada” bem acima do normal.

Para fechar, duas dicas importantes.

A primeira: Lição Aprendida deve ser capturada enquanto ainda está bem fresca na memória. Evite deixar para registrar semanas ou meses depois, “no final do projeto”. Capture assim que possível. É a sua melhor garantia de aprendizado.

A segunda: outro dia, lendo um post da Annelise Grip, conheci a ferramenta Learning Canvas. Achei bem interessante e fiquei com vontade de experimentá-la. Tem tudo a ver com Lições Aprendidas (com foco em experiências negativas).
Que tal você compartilhar as suas experiências com Lições Aprendidas também?

[Crédito da Imagem: Gestão do Conhecimento – ShutterStock]

Autor

Fabrício Fujikawa é formado em Sistemas de Informação com MBA em Gestão Estratégica da Informação pela UFRJ. Obteve certificações técnicas ao longo da carreira, de empresas como Google e Microsoft. Experiência na gestão de equipes de Qualidade, Desenvolvimento de Sistemas e de Aplicativos Móveis, participando ativamente na entrega de projetos relevantes, tais como: site O Globo, Extra Online, site Rio Show, e as apps Classificados do Rio e VaiRio, entre outros. Mentor da estrutura de QA & Testes, com o acompanhamento do processo de desenvolvimento de células ágeis através de indicadores de qualidade de software, e responsável pela metodologia de desenvolvimento de sistemas em linguagens Java e .Net e membro do Comitê de Excelência SOA como Líder de Testes.

Fabrício Fujikawa

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