Desenvolvimento

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Qualidade de Software – Mito ou Realidade?

publicado por Marlon Tosi

Falar de Qualidade, ou mesmo colocar em prática, não é um assunto ou uma tarefa tão trivial como parece.

De acordo com a Wikipédia, é um conceito subjetivo que está relacionado diretamente às perspectivas e percepções de cada indivíduo (http://pt.wikipedia.org/wiki/Qualidade). Ou seja, o que é bom para “um”, pode não ser para “outro”.

Para a Norma ISO 8402-94, Qualidade é “A totalidade de características de uma entidade que lhe confere a capacidade de satisfazer às necessidades explícitas e implícitas”.

Vale ressaltar que estas características estão condicionadas a capacidade, desse produto ou serviço, de suprir as necessidades do usuário.

E diretamente ao assunto que nos une então, o que seria Qualidade de Software (sendo este um produto ou serviço)?

Usando o SWEBOK (Software Engineering Body of Knowledge), mas precisamente o capítulo 11 que trata deste assunto, temos algumas definições que foram “criadas” por alguns anos de pesquisa e estudo entre diversos autores e até pela IBM. Tais definições são (em tradução livre):

  • Conformidade com os requisitos dos usuários (Phil Crosby – Cro97)
  • Alcançar excelentes níveis de aptidão/aceitação para o uso (Watts Humphrey – Hum89)
  • Desenvolvimento orientado para o mercado de qualidade” que se baseia em alcançar a satisfação total do cliente (IBM)

E podemos finalizar com a descrição da Norma ISO9001-00 que define Qualidade de Software como sendo um grau onde um conjunto de características inerentes ao produto/sistema atende aos requisitos estipulados para estes.

Perceba nas definições que para ser considerado com Qualidade o software/sistema deverá, antes de qualquer outro assunto, estar em conformidade com o que foi especificado pelo usuário de acordo com o cenário que o mesmo está inserido.

Estes cenários estão intimamente relacionadas a dois objetivos que traduzem todas as necessidades de desenvolvimento do software/sistema: a de negócio e a técnica.

A de negócio está interessada em avaliar se o produto (usarei o termo produto como software/sistema) que está sendo desenvolvido atende as suas regras e processos, pois ao cliente interessa saber se o sistema tem todas as funcionalidades que foram solicitadas.

Enquanto ao objetivo técnico, procuramos um código bem redigido, componentes bem encapsulados, se a integração entre os módulos foram testadas e se apresentam desempenho satisfatório, ou mesmo se o sistema é capaz de aceitar um grande demanda.

De qualquer maneira, em ambos os objetivos, vemos que a percepção é de maneira muito subjetiva, e enquanto tivermos esses critérios de análise, sempre teremos problemas em especificar corretamente a qualidade no desenvolvimento de software.

E são decorrentes desta dificuldade, que são usados métricas, normas e métodos formais de análise que visam dimensionar o nível de qualidade do produto.

Como exemplo, para dimensionar o nível de qualidade de software, poderemos “usar” os seguintes padrões:

  • ISO/IEC 14598 – Define um processo de avaliação da qualidade do software.
  • ISO/IEC 9126 – Define as métricas de qualidade de software.
  • ISO/12119 – Estabelece os requisitos de qualidade de software e instruções de como testá-lo com relação as suas especificações.
  • Etc.

 

E agora que sabemos o que é, e alguns padrões que poderão ser usados, por quê ainda é muito difícil encontrar softwares/sistemas com qualidade?

Infelizmente, caro leitor, não tenho uma resposta concreta para este questionamento, mas posso, talvez, iniciar a discussão aqui neste artigo.

Percebo por um lado que diversas organizações buscam certificações, algumas internacionais, possuem procedimentos qualitativos e quantitativos, além de áreas internas específicas para este fim, buscando assim uma vantagem competitiva.

Por outro lado, vejo profissionais que se tornam mais qualificados, com mais certificações, com mais tempo de estudo e aptos para fazerem este serviço.

Mas ainda é elevado o número de empresas que não adotam técnicas para melhoria da qualidade de seus produtos, mas não há como negar que aquelas que desenvolvem software de qualidade são mais competitivas.

Então o que realmente falta? Falta o básico. Falta observar que a melhoria da qualida­de de software tem seu foco não apenas no produto, fazendo softwares melhores, mas principalmente para o cliente, fazendo softwares mais fáceis de usar.

Acredito que quando houver o “casamento” perfeito desta idéia, poderemos dizer que desenvolvemos ou adquirimos software/sistema de qualidade.

O mito vira realidade.

Espero que tenham gostado. Façam comentários, críticas etc.

Muito obrigado e até breve.

Autor

Profissional com mais de 10 anos de experiência em gestão de Projetos e Processos em áreas Operacionais e de TI, atuando como Desenvolvedor, Analista, Líder e Coordenador de Projetos. Graduado em Análise de Sistemas pela Unicarioca. Pós-graduado com Especialização em Engenharia de Software pela Escola Politécnica da UFRJ, Pós-graduação com Especialização em Gerência de Projetos pela PUC Minas e Mestrando em Informática na UFRJ (DCC/IM). Profissional Certificado ITIL V3 e Cobit 4.1 Mas acima de tudo, um carioca apaixonado pela família, pela leitura, por uma boa música e tudo que está atrelado a tecnologia. LinkedIn: http://br.linkedin.com/in/marlontosi

Marlon Tosi

Comentários

3 Comments

  • Marlon,
    Excelente texto. E obrigado pela oportunidade de discussão com base no seu artigo.
    Concordo plenamente, que no ponto de vista das empresas que desenvolvem software falta o básico, observar as necessidades do usuário final. Afinal não adiantar criar o melhor software do mundo se as pessoas que vão operar ele dia a dia não compartilham da mesma opinião.

    Porém essa é uma reflexão que não deve ser só levada para as empresas que desenvolvem software, mas também para as empresas que as contratam . O cliente tem por obrigação de cobrar essa qualidade, porém hoje em dia é considerado muito mais a velocidade no qual o software é desenvolvido do que a qualidade que ele apresenta.

    A qualidade só passa a ser um problema quando o software é implantado pois nesse momento a baixa qualidade se une com a rejeição normal do ser humano para o NOVO! O que pode vir até impossibilitar a continuidade do novo sistema, a perda de capital investido anteriormente ou até mesmo a necessidade um investimento ainda maior para melhorar / alterar o que não foi levando em consideração na fase de planejamento do mesmo.

    Um abraço

    Coutinho

  • Ótimo artigo. Sou gestor de projetos de desenvolvimento de software e sempre reconheci uma grande falta de preocupação com a qualidade em muitas das empresas por onde passei.

    Tenho usado desde há uns anos as normas iso 14598 e 9126 às quais reconheço uma mais valia sobretudo quando queremos comparar 2 produtos para decidir qual comprar.

    Colaboro frequentemente num blog pm2all.blogspot.com onde temos publicado vários artigos sobre qualidade de software e especificamente relacionados com a utilização das normas ISO/IEC 14598/9126.

    Um abraço,

    Fernando

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