Carreira

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Consultorias, consultores e seus conhecimentos

publicado por Thiago Casquilha

Se existe uma coisa que nós do mercado de TI fazemos muito, é entrevista.

Uma às 9 da manhã na consultoria X, outra às 2 das tarde, na consultoria Y.

E é fácil perceber uma coisa em comum em todas elas (ao menos nas entrevistas iniciais): O perfil das entrevistadoras.

Quem já não se deparou com uma “menina da consultoria”, como diria um conhecido meu, que é mais nova que você? Eu tenho 28 anos, e apenas em duas ou três ocasiões, fui entrevistado por recrutadoras da minha idade ou mais velhas do que eu.

Nenhum preconceito contra idade alguma, é claro. O problema é que geralmente estas profissionais não recebem o treinamento adequado ( e boa parte das vezes ainda estão fazendo uma faculdade, geralmente na área de humanas, como psicologia), ou não têm o tempo de experiência necessário para poder medir nosso conhecimento.

Como o primeiro contato é sempre com elas, acaba sendo uma conversa informal, aonde você só faz confirmar verbalmente o que já está escrito no CV. Só depois vem a etapa relevante, com alguém técnico.

O fato é que quando elas são colocadas como responsáveis pelo contato inicial, triagem de currículos e seleção de profissionais, podem surgir algumas consequências inesperadas.

Vou dar um exemplo bobo, para ilustrar: Digamos que você liste no seu CV “Conhecimento do pacote Office“, e a vaga passada para a recrutadora tenha escrito “Conhecimento de Excel” como pré-requisito. Muitas das vezes, ela não possui o conhecimento técnico para saber que o segundo faz parte do primeiro. Ela faz faculdade de “qualquer coisa, menos TI”. Mas é em uma situação como esta que ela lê seu CV, compara com o que lhe foi pasado, não vê o ponto comum, e não liga para marcar uma entrevista. Você perdeu a oportunidade.

Assim, você que programa em Mainframe, e não tascou “Cobol” no CV, perde a vaga. Você do SAP BI, que escreveu “SAP BW“, perdeu o trem. E muitos outros exemplos que vocês, de diferentes tecnologias, conseguem imaginar, ou até situações que já viveram.

Obviamente as recrutadoras não têm muito o que fazer. Imagino que todas que não conheçam muito do assunto argumentem isso com seus superiores, mas nada acontece. E aí, são forçadas a se virar como podem. Algumas bem aplicadas, como já vi, aprendiam sobre os termos e tecnologias ao perguntá-los para os entrevistados.

Porque isso acontece? Como se resolve isso? Afinal de contas, colocar alguém com mais conhecimento custa mais, e, segundo a lógica das consultorias, economizar dinheiro é sempre bom (talvez por desconsiderarem este impacto);

Do lado dos entrevistados, não ter seu conhecimento analisado por alguém que “fale a mesma língua”, limita suas chances;

Já pelo lado das recrutadoras, ter um emprego ou estágio, é um sustento, uma necessidade.

Como diz um amigo meu, “Existem três versões para uma história: a minha, a sua, e a verdade”.

Estando em qualquer uma das três posições…você não pensaria da mesma forma?

Sem falar nas perguntas estranhas que já fizeram para todos nós consultores em entrevistas. Mas isto é assunto para outro artigo.

Autor

Consultor SAP BW, Analista desenvolvedor mainframe, fotógrafo amador e quase escritor. Atuei em projetos internacionais de desenvolvimento e suporte à produção, nas empresas de TI que a maioria já trabalhou e todos conhecem. E-mail -> thiago.tiespecialistas@gmail.com LinkedIn -> http://br.linkedin.com/in/thiagocasquilha Twitter -> http://twitter.com/casquilha Todos os artigos por mim escritos, sem exceção, são textos de ficção. Qualquer semelhança com a vida ou fatos reais será apenas uma coincidência de probabilidades astronômicas.

Thiago Casquilha

Comentários

13 Comments

  • Caro Thiago, é por isto que cada vez mais empresas de recrutamento e seleção estão nos procurando. Muitas delas possuem profissionais qualificados na nossa area de atuação, então a conversa fica de igual para igual, porem isto não é uma regra.

    Abraços

  • Infelizmente as entrevistadoras são as JR que o RH está treinando e põe para fazer as entrevistas. Sobre a idade e faculdade discordo pois meu primeiro cargo/função de GP foi com 16 pra 17 anos onde ainda estava no técnico e fui responsável por salvar um projeto com pretenção ao prejuizo que terminou com um lucro de 30%(idade e ”papeis” não são nada se você não ir atrás do sucesso).

    Concordo plenamente no fato dela não saber o que significa o ”office” e te desclasificar da seleção ou muitas vezes por vc não ter certificação mais domina o tema a nível master e mesmo assim é ignorado seu CV.

    O comentário do Fabio está correto se você pegar vagas em grandes empresas para analista de RH eles pedem que você seja da area que vai analisar, sinal de amadurecimento da consultoria.

  • Thiago,
    Ao ler o seu texto, fiquei me questionando; em que tipo de consultorias vc vem fazendo entrevistas….
    Não saber que o Excel faz parte do pacote office, ou que cobol é mainframe, realmente é muito grave…chega a ser ridículo, engraçado…
    É claro que em todas as áreas existem profissionais bons e ruins, agora generalizar que todos os profissionais de seleção são despreparados para a função, é um tremendo preconceito.
    As pessoas vão se preparando com o passar do tempo. Afinal, tem que haver um ponto de partida para todos, não é mesmo?
    A parte técnica é muito importante, mas atualmente as empresas ampliaram a sua visão sobre a necessidade do perfil pessol e comportamental também. Uma coisa está ligada com a outra, pois, não adianta o profissional ter um excelente perfil técnico, se não tiver capacidade de se relacionar, assim como não adianta demonstrar capacidade de relação interpessoal e não ter bons conhecimentos sobre as tecnologias necessárias para o projeto no qual deverá atuar.
    Temos que colocar na cabeça de uma vez por todas, que devemos e podemos ser aliados neste processo, que dependemos uns dos outros, cada um na “sua praia”, mas sempre mantendo o respeito pelo papel que cada um representa na sua função.
    Não é porque eu entrevisto um programador que tenho que saber programar, mas tenho que saber como funciona o processo para avaliar o mínimo dos conhecimentos técnicos exigidos pelo cliente, e além disso, avaliar se aquela pessoa se encaixa também no perfil da empresa, caso contrário, é tempo perdido encaminhar ao cliente, por exemplo, uma pessoa extremamente dinâmica, que gosta de desafios, para ficar num ambiente que sei que é calmo, que a pessoa vai ficar só dando manutenção, não havendo nenhuma novidade no dia a dia.
    Em suma, parece fácil julgar o trabalho e a competência alheia sem conhecer do que se trata…Eu acredito que o trabalho na área de T.I. não seja coisa fácil, e respeito muito os candidatos que vem até aqui fazer uma entrevista comigo, assim como espero respeito da parte deles também, coisa que muitas vezes não ocorre. Muitas pessoas desistem da oportunidade e nem se dão ao trabalho de avisar, mas como eu disse no início, existem profissionais bons e ruins em todas as áreas e nos deparamos com eles de vez em quando, assim como também escutamos alguns absurdos em entrevista de vez em quando, mas isso faz parte do ofício. Não me faz desacreditar do meu trabalho, das pessoas, e muito menos “rotular” um grupo, que no caso, são os profissionais de T.I., com quem convivo diariamente.
    Acredito que se quisermos, podemos, sim, falar a mesma língua, e se em alguns momentos isso não for possível, a gente faz “mímica”, “desenha”, se vira…….

  • Thiago,

    Como é dificil saber que ainda existam tantos preconceitos e até mesmo ignorância em mencionar tais dados.

    A maneira em que este é exposto, generaliza uma classe de profissionais que a olho de quem não entende, acha um trabalho desnecesário.

    Acredito que existam dois tipos de profissionais, o profissional que se dedica a suas tarefas, que busca aprender aquilo que faz e cada vez mais procura desenvolver seus conhecimentos e existe aquele que está trabalhando por trabalhar e porque é obrigado para se ter uma renda no final do mês, isso serve para todas as áreas de trabalho, não importa se é Administrativa, RH ou TI.

    Tudo na vida tem um começo, mas acho que para algumas pessoas e áreas não. E visto de outra maneira, o profissional de TI também não passa por isso? muitas empresas trabalham com estagiários e outros, será que eles não precisam aprender nada com outras pessoas que já passaram pela mesma situação e hoje são Sêniors em sua área? ou será que o profissinal de TI já é considerado Sênior quando ainda está estudando e está em inicio de carreira?; O profissional de TI é diferente de outros profissionais? E falando em besteiras, quantas nós profissionais de RH já ouvimos, mas será que devemos desvalorizar e rotular esse profissional por isso? e quantos profissionais sem posturas já recebemos, será que por um ou outro podemos generalizar essa classe de profissionais?

    Para mencionar tais dados, é necessário entender que nem sempre é disponibilizado para nós de RH ou até da consultoria, dados e parte técnica do projeto. Normalmente a entrevista com o profissional de RH é apenas a porta e entrada para o cliente ou pessoa técnica, onde este analisará se o profissional tem ou não o conhecimento e experiência necessária para preencher a vaga em questão.

    Acredito que o respeito é um grande alicerce para ambas as áreas de trabalho. Que essas possam trabalhar em comum, pois um sempre dependerá do uma da outra, não importa em que momento.

    Fica aqui meu desabafo em relação a esse artigo, e que cada vez fique mais claro que não é possível generalizar e rotular todas as classes de profissionais.

  • Olá pessoal.
    Fábio e Daniel, concordo com vocês. Tanto no que acontece atualmente, quanto sobre o amadurecimento das consultorias, que vai melhorar bastante o relacionamento e entendimento entre consultores e as empresas. E torço para que isso aconteça rápido.

    Cristiane e Gabriela, vou responder separadamente às duas, abaixo. Mas antes, gostaria de esclarecer algo que talvez eu mesmo tenha explicado mal. Eu não quis de forma alguma rotular ou generalizar as profissionais da área. A única coisa que eu realmente acho que é ponto comum, por experiência própria, é o fato da maioria das entrevistadoras serem jovens. Não é algo positivo nem negativo para o processo, é apenas uma característica. Se me fiz entender errado, ficam aqui sinceras desculpas.

    Cristiane, realmente, há mais de dois anos que não faço entrevista. O que comentei era a impressão que tive na época, sobre algumas experiências específicas. Sobre o excel, nós concordamos, era um exemplo bobo, engraçado, apenas para facilitar o entendimento da idéia. 🙂
    Concordo plenamento que um candidato que se adeque apenas tecnicamente não é o suficiente. Já se foi o tempo do profissional “rockstar”, quem podia tratar os outros como queria pois só ele entendia do sistema ou do negócio. E fico feliz por este tempo já ter passado.
    Agora, eu inclusive disse que “Obviamente as recrutadoras não têm muito o que fazer. Imagino que todas que não conheçam muito do assunto argumentem isso com seus superiores, mas nada acontece.”
    Este pedaço era pra deixar claro que as próprias recrutadoras (inclusive falei de todas as que acabam tendo que entrevistar profissionais de uma área que elas não conhecem tanto), tentam argumentar com seus chefes!
    E novamente concordo contigo, se eu fizer bem a minha parte, e você também, ambos saímos ganhando. Você consegue alocar o profissional mais adequado para a vaga, e eu consigo um emprego compatível com as expectativas.
    Você inclusive tocou num ponto interessante. Como você disse, “Muitas pessoas desistem da oportunidade e nem se dão ao trabalho de avisar”. Eu não conhecia este lado. Isto pra mim é falta de profissionalismo.

    Gabriela, em momento algum eu disse que era um trabalho desnecessário, e se passei esta idéia, peço desculpas.
    Concordo com você que tudo tem um começo. Mas você concorda comigo que, assim como não colocam um estagiário ou analista junior para cuidar sozinho de um sistema em produção, as entrevistadoras iniciantes poderiam apenas acompanhar, ou fazer entrevistas sendo monitoradas por uma mais experiente ao lado? Assim vamos aprendendo com alguém do nosso lado, para nos guiar melhor enquanto não conseguimos andar sozinhos. Assim como alguém andou comigo quando comecei em TI, e não me deixavam sozinho em sistemas críticos.

    Gabriela e Cristiane, respeito muito a profissão de vocês. Fiz muitas entrevistas, e mantenho amizade com entrevistadoras até hoje. Simplesmente escrevi sobre algo que provavelmente, incomoda até profissionais do ramo, como vocês. As profissionais menos experientes precisam de uma estrutura, e uma ajuda, para se desenvolverem. E nem sempre a consultoria oferece. Assim como nem sempre o profissional de TI a tem.
    Peço a vocês duas uma coisa: um voto de confiança. Se soei tendencioso com este artigo, vão comprovar que não é isso, no próximo. Inclusive, acho que vão concordar com que está escrito.
    Vocês mencionaram já terem ouvido besteiras e absurdos em muitas entrevistas, e eu tenho certeza disso. Certa vez conheci um trainee que colocava carinhas =) 🙂 😉 no seu CV. Era a diversão da equipe.
    Caso não tenham ficado com uma má impressão de mim, gostaria de uma segunda chance. E adoraria receber por e-mail exemplos de loucuras que os profissionais já disseram para vocês em entrevistas. E sim, para escrever outro artigo, mostrando como tem muita gente estranha do lado do consultores!

  • Thiago,

    Fico feliz com sua atitude e que pensa que não se deva generalizar ou rotular as classes profissionais.

    Quando eu mencionei trabalho desnecessário, foi no momento em que você escreve “… Só depois vem a etapa relevante, com alguém técnico”.

    Quanto a questão de se ter uma pessoa para acompanhar o trabalho e contribuir para o fortalecimento de um profissinal Jr, concordo sim que haja um profissional mais experiente para auxiliá-lo, mas talvez a forma em que o artigo foi exposto, traga outras formas de interpretação, e essa foi a minha.

    Como você, também tenho amizade com vários consultores e sempre respeitamos a profissão um do outro. Isso contribui na hora em que estamos em busca de um profissional e ajuda também os consultores na busca de uma nova recolocação.

    Vou aguardar seu próximo artigo.

    Obrigada pela retratação.

  • Sou uma Profissional de RH, atuando em empresas de TI desde 1990 e por isso resolvi dar o meu depoimento.
    Uma vez, lá no passado, já fiquei apavorada com a primeira vaga de TI que recebi para trabalhar: era um Programador Clipper (acreditam???)
    O valor que o pessoal de RH de empresas de Consultoria de TI adquiriu ao longo do tempo, dispensa comentários (valem ouro!), mas aquelas pessoas que estão iniciando na área e que enfrentam os mesmos problemas que enfrentei no meu começo, também sofrem por não saber o que exatamente questionar numa entrevista.
    Pensando nisso, criei um treinamento que já levou mais de 500 profissionais de RH para a sala de aula: “Selecionando Profissionais de TI”,o único no país, ministrado pelo meu Sócio e Amigo Wagner Moreira (este sim fez carreira em Informática).
    Independentemente da busca pela informação para poder aprimorar um processo seletivo,cabe a cada empresa se preocupar mais com suas áreas de RH, cada vez mais “juniorizadas” e sem nenhum tipo de apoio.
    Não é culpa do/da Profissional, mas sim, uma falta de visão estratégica da empresa, uma vez que a área de TI só funcione através de pessoas e preferencialmente, de profissionais qualificados e devidamente avaliados.

    Abraços
    Roseana Romualdo
    RHTEC RECURSOS HUMANOS PARA TECNOLOGIA

  • Olá Roseana.
    Estamos de acordo. Especialmente no que diz respeito as áreas de RH, que são “juniorizadas”, e que de forma alguma é culpa do profissional. Qualquer empresa deveria (em teoria) preparar o novo funcionário para a área, treiná-lo para ser capaz de executar as tarefas corretamente.
    O problema é que, quando se trata de economizar, as empresas sempre escolhem o aspecto menos indicado para tal.

  • Thiago
    Minha formação é técnica e já fui Consultor.
    Hoje como gestor da http://www.primeconsulting.com.br sou o responsavel pelas entrevistas de todos os candidatos.
    Por conhecer tecnologia, desenvolvimento (desde o clipper) consigo avaliar o profissional tecnicamente. Muitos profissionais ao final da entrevista falam: é a primeira vez que um entrevistador save exatamente o que é meu trabalho.
    Porém este trabalho é completo pelo fato de eu ter todos os detalhes do projeto onde o profissional Ira atuar, como disse a Gabriela.
    E o trabalho da minha consultoria näo acaba quando o professional é aprovado. Neste momento iniciamos uma gestäo sobre o profissional e com a empresa, para garantir 2 coisas:
    1.o que foi oferecido pela empresa esta sendo cumprido
    2.o profissional esta focado no objetivo
    Assim evitamos a famosa rotatividade de consultores.

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