Se você assistiu ao filme “Piratas do Vale do Silício”, dirigido por Martyn Burke, você deve se lembrar de uma cena emblemática em que Bill Gates, Steve Ballmer (atual presidente da Microsoft) e Paul Allen (dono do time de basquete Portland Trail Blazers) visitam a IBM e propõem o uso de um sistema operacional de disco para ser executado nos computadores da gigante da informática. Gates explica que não quer vender o sistema e sim licenciá-lo para uso. O executivo da IBM, sem titubear, responde: “os lucros estão nos computadores e não nos softwares”. Esta é a principal reflexão deste artigo, caro leitor.
Todo comerciante da área de computação vende hardware, software ou serviço. É fato que o hardware já reinou soberano e muita gente ganhou rios de dinheiro vendendo máquinas. Nos anos 80, a Microsoft provou ao mundo que é possível faturar muito vendendo software. E agora, na virada do século, a turma encabeçada por Sergey Brin, Larry Page, Mark Zuckerberg e outros nerds mostrou ao mundo que o serviço é a bola da vez. Percebe-se hoje, portanto, uma inversão na pirâmide formada antigamente, de baixo para cima, por hardware, software e serviço.
Fortalece esta crença a explosão do software livre. Deixamos de pagar pela licença de uso, é verdade! Porém, temos que contratar gente competente para instalar, dar suporte e manter tudo funcionando a contento. Com a consolidação da computação nas nuvens, cresce ainda o conceito de SAAS (Software as a Service) ou Software como um Serviço. O ciclo de vida pujante do hardware foi curto. Do software, durou um pouco mais e do serviço, não tem previsão para acabar. Viva o serviço!
A cerca do hardware, do ponto de vista da computação pessoal, poucos progressos revolucionários ocorrem atualmente, desafiando até mesmo a famosa Lei de Moore, pela qual o poder de processamento dos computadores dobraria a cada vinte e quatro meses. Já o software tem evoluído progressivamente nos últimos anos. Interfaces bem resolvidas, estratégias inteligentes de validação de dados, interatividade e telas sensíveis ao toque são alguns dos assuntos debatidos entre os cientistas da computação.
Mas, espera aí. Hardware, software e serviço, de boa qualidade, são suficientes para fazer toda a engrenagem funcionar? Na teoria, sim. Na prática, não. Falta um elemento importante no sistema: eu, você, o usuário, o “peopleware”. E ele tem evoluído? Algumas notícias me assustam. Pesquisas apontam que a senha mais comum em muitos sites continua sendo 123456. Ou seja, o elo fraco da segurança dos sistemas web continua sendo o usuário.
Sob outro enfoque, a pergunta é: será que nós, usuários, exploramos tudo o que um software ou serviço tem para oferecer? Uma pessoa que diz dominar uma planilha eletrônica, na verdade, conhece uns dez por cento do que o produto oferece. E o que dizer de um sistema de gestão empresarial? Falta capacitação. Falta conhecimento. É isso, meus amigos. Precisamos evoluir para aproveitar o que o hardware, o software e os serviços têm a nos oferecer.