Ninguém gosta de ser demitido. A sensação que se fica é de incapacidade, traição e ingratidão.
Esse é um dos temas do filme “Amor sem escalas” (Up in the air, 2009), um filme que poderíamos catalogar como “comédia dramática”. George Clooney é Ryan, um funcionário de uma empresa cujo serviço é demitir as pessoas das empresas para as quais presta serviço.
O filme é uma reflexão sobre o momento terrível que os EUA passaram durante a crise financeira (demissões em massa) e sobre a forma como muitas pessoas ainda enxergam o desligamento das pessoas.
Uma das personagens da trama, Natalie (na foto ao lado do ator), é uma funcionária novata na empresa que vêm com uma solução para economizar gastos da empresa. Ryan (o personagem do George Clooney) comenta no início do filme que sua vida é estar em aeroportos e hotéis, aproximadamente 320 dias do ano. E ele gosta do que faz, pois é uma pessoa que dá palestras sobre como não se apegar às coisas.
Essa sua habilidade o faz um exímio representante para dar a má notícia aos funcionários. Ele entende as pessoas, sabe como tratá-las e orientá-las da melhor forma possível, no momento difícil da demissão.
Ao contrário de Natalie, que jamais vivenciou essa situação na prática, e propõe coisas que somente uma pessoa que não entende de pessoas poderia propôr: demissões via internet (videoconferências) e um fluxograma de perguntas e respostas para auxiliar os funcionários a conduzir a famigerada reunião. Como vemos no decorrer do filme, essas ideias propostas pela Natalie são absolutamente inócuas e são invalidadas no primeiro momento de prática.
Lá pelas tantas há um diálogo interessante que demonstra a geração superficial a qual a Natalie pertence. Ao conversar com Ryan, ela comenta sobre seu namorado:
– Ele acabou o namoro comigo via mensagem de texto de celular.
– Nossa! Isso me parece como demitir alguém pela internet – diz o sarcástico Ryan
O choque de pensamentos é uma excelente reflexão para termos ao demitir alguém. Todos nós passaremos por essa situação, seja do lado empregador ou empregado. Saber conduzir da forma mais humana possível é o mínimo que podemos fazer.
Assistam ao filme. Afora as cenas românticas do filme, prestem atenção nesses momentos. Há muitas lições interessantes.
Ah, uma curiosidade interessante: a grande maioria das pessoas (quase todos) que são demitidas no filme são pessoas reais, que foram demitidas durante o período do filme. Os produtores convidaram algumas pessoas oferecendo a seguinte situação: “Fale o que você realmente gostaria de falar a quem o demitiu”. Inusitado, mas triste.