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Sonhe com a vitória, mas aproveite o caminho

publicado por Alberto Parada

Sonhe com a vitória, mas aproveite o caminhoA massificação pelo sucesso começa cedo. Para os pais, apresentar o recém-nascido em um enxoval comprado no exterior é tão importante quanto para um garoto mostrar o brinquedo que ninguém tem ou para o executivo acumular dinheiro e poder.

A ditadura do sucesso é implacável. Não importa saber o que passa na cabeça das crianças, muito menos suas vontades. O objetivo é colocá-las no caminho do sucesso. E, quanto antes, melhor!

O adolescente que apresenta sinais de querer sair dos trilhos é encaminhado ao psicólogo com diagnóstico de rebeldia ou de possuir algum transtorno comportamental. Não é possível aceitar que um jovem prefira curtir sua juventude ao invés de pensar no seu futuro, afinal é necessário muita velocidade e foco total no sucesso. Nada pode atrapalhar a conquista do salário anual de sete dígitos, mordomias, viagens, uma linda mulher e uma bonita família típica de comercial de margarina.

Aprende-se que sucesso é sinônimo de felicidade. Com tantas conquistas, todos serão unanimes em dizer que são felizes e absolutamente realizados.

Contudo, diferente do que muitos acreditam, chegar no alto do pódio é apenas comemorar a vitória de uma corrida. O sucesso consiste em manter o mesmo desempenho nos vários desafios que a vida ainda irá proporcionar. Em muitos casos, conquistar o sucesso é saber ser feliz sem estar no topo.

Os efeitos da velocidade que se empregou para chegar ao pódio rapidamente começam a aparecer no dia seguinte da premiação. A rapidez com que se passou pelas posições inferiores traz como consequências imaturidade, insegurança e falta de assertividade nas decisões.

Em momentos de incerteza, quem curtiu a caminhada e viveu intensamente cada momento da vida terá amigos de verdade para recorrer, se aconselhar e aprender. Porém, quem trocou as baladas, cervejas e jogos de truco na faculdade por relações ligadas apenas a interesses e vantagens, encontrará dificuldades para permanecer em alta.

A vida é implacável e cobra seu preço. O egoísmo de focar apenas no sucesso, esquecendo de tudo e todos durante o caminho das conquistas,  destruirá até a família modelo. Na verdade, ela não passou de uma foto bonita no porta-retrato sobre a mesa, uma vez que nunca existiu, de fato, dedicação aos filhos ou aos desejos da companheira.

Para quem já fez tudo isso e se arrependeu, calma. Não é o fim do mundo. Para quem não fez, ainda dá tempo de corrigir a rota.

Caminhar na velocidade correta aproveitando os melhores momentos da vida não é perder tempo. É construir história! Corrigir rotas é, muitas vezes, descobrir que o lugar que um dia se sonhou chegar está, muitas vezes, longe de algo que trará felicidade para você.

Poder curtir o caminho olhando o que é bom e aprendendo com o que não é, diminui a frustração de chegar em um lugar que todos falavam que era maravilhoso e você não gostou.

Quem errou e se deu ao  direito de recomeçar, escolha um novo caminho, novos objetivos e companhias e tente novamente. Mas desta vez, aproveite a caminhada. Olhe para os lados.

Para quem não começou, acredite: viva intensamente cada minuto da sua vida, afinal ela é única e absolutamente inesperada. O que hoje pode parecer certeza amanhã será uma enorme dúvida.

Prepare-se. A sorte, na verdade, é a soma da competência com oportunidade. Busque a competência nos bancos das escolas e deixe que as oportunidades e os caminhos a vida os trará.

Felizmente não estamos neste mundo apenas para comemorar as vitórias, mas, mais que isso, para aprender diariamente. Existem dias melhores outros piores. E são nesses que  construímos nossa história e tiramos ensinamentos com  nossas derrotas, criamos relações sinceras que nos suportarão em todos os momentos da nossa existência e nos proporcionarão muitos momentos de felicidade.

[Crédito da Imagem: Sucesso – ShutterStock]

Autor

Fundador do : descomplicandocarreiras.com.br

Alberto Parada

Comentários

4 Comments

  • Prezado Alberto Parada.
    Congratulações por mais esse artigo tão providencial nos dias de hoje. Há três anos, iniciei o roteiro para um livro cujo titulo a época era “Vidas Insanas”. Tratava exatamente desse tema. Fiquei perplexo com a similaridade de sua abordagem, principalmente na referência as fotografias da família, mantidas sobre a mesa do escritório, apenas para se lembrar que ela existe. Há uma mecanicidade na vida atual, que converte a arte de viver em uma cartilha fria e calculista onde somente o sucesso interessa, mais no senti do “Olhe, veja o meu sucesso!” do que uma reflexão intima e profunda, pautada no reconhecimento de que não há um topo e nem tão pouco uma base comum. Para concluir, Pitágoras dizia em suas preleções que o número “2” era o número mais importante depois do “1” e dos demais, pois ele representava a dualidade que existe em cada um de nós e em todo o universo. Dizia ele que a cada manifestação benéfica havia uma correspondente manifestação maléfica. Assim concluo que não há o benefício do sucesso sem uma ou várias perdas que se produzem na mesma intensidade. Talvez por isso a doutrina hermética tenha se preocupado em situar o equilíbrio da dualidade no meio, esse meio onde está em essência a razão e a emoção em total equilíbrio. Esse meio, em minha humilde opinião, o único sucesso em que podemos depositar confiança. Grato pela sua providencial abordagem, como sempre, algo para refletirmos. Abraço.

    • Muito obrigado pelo comentário, particularmente acredito que o homem ainda exagera em sua dedicação, paga preços altos pelas conquistas e pouco aproveita delas, prefere muito mais ser um quadro na parede do que um amigo do dia a dia

  • Parada, Parabens pela abordagem, muitas vezes temos obejtivos a serem alcançados ,porem negligenciamos o processo (Caminho) e nos tornamos o proprio objetivo e junto com ele vem as frustações e os insucessos.

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