Carreira

Ξ Deixe um comentário

Sobra tempo para bicho de estimação?

publicado por Davambe

Viva ela, que viu as estrelas na floresta, onde a lua parecia passar com muita preguiça, lá próximo à cidade do homem inteligente. Faminta tinha pouca força. Quando ficou parado contava as estrelas, mascava capim. Porém as lombrigas exigiam comida com mais substância. Reclamavam do estômago desprovido de alimento. Levantou-se, caminhou arrastando-se até a beira do restaurante do hambúrguer.

Estava tão surrada que com o rabo debaixo das pernas causava náuseas, mal estar e revolta a quem a visse, estava mal, suja, fedorenta. Mas como Deus é magnífico não lhe suprimiu a vida, seu coração batia firme, tinha coração de manceba e sempre lembrava-se do bom Deus que permitia que seu coração continuasse a todo vapor. Tinha certeza de melhores dias, enquanto respirasse havia oxigênio e tudo era possível. Mancia Du Burger era uma cadela que de repente se viu sem dono, surrada e abandonada na floresta.

“Saia daqui sua cachorra!”, era a dona do restaurante preocupada com a imagem do seu negócio, afinal ali tinha que dar a sensação de bem estar e cheirinho de seu produto.

A cachorrinha olhou de soslaio, mas não arredou o pé. A dona do restaurante preocupada pegou um balde com água e uma vassoura, deitou água sobre o animal, ameaçando-o com a vassoura.

Mancia Du Burger, ignorou todas as tentativas, trêmula inclinou-se, encolheu, enrolou a cabeça debaixo do corpo e começou a rosnar.

A dona do restaurante ligou a mangueira, disparou a água contra o pequeno animal que fazia de tudo para continuar comungado na parede. A multidão foi se aproximando para assistir o espetáculo infeliz.

“Tem que bater, senão não vai sair”, disse uma voz.

O garçom, forte, esguio que parecia praticar luta marcial, apareceu com uma vara e a multidão foi abrindo o caminho facilitando a passagem. A cachorra gemia de dor. O Garçom foi se aproximando… O varão levantou a varra pronto para descarregar sua ira na cadela, mas, desgraçadamente alguém levantou o pé. Foi então que o garçom desabou bem de frente, a olhar nos olhos tristes dela.

“Bem feito malvado!”, uma voz se fez ouvir.

“Eh, você quer matar o bicho para servir no restaurante?”

“Viva! Viva!”, gritou a multidão.

Vários socos e pontapés aterrissaram no traseiro do atrevido garçom, que atordoado largou a vara e a consciência. Enquanto isso, sorrateiramente, uma moça que assistia o acontecimento, carregou o bicho, sumindo no meio da multidão.

No dia seguinte os dois regressaram ao restaurante, uma cliente estranhando o aparecimento aproximou-se dos dois.

“Eu já vi vocês.” disse ela, Santa Curiosa, cliente assídua do restaurante.

“Estivemos aqui ontem”, disse a menina que acompanhava a cachorra.

“Moça, suma daqui. Vão matar a cachorra!”

“Não tenho aonde ir”.

“Como?”

A menina amiga da cachorra contou que vivia com mais de 33 animais entre gatos e cachorra s numa aldeia próxima.

“O quê?”.

“Pois é, dona, a vizinhança tem jogado na nossa aldeia todos os animais doentes”.

“O quê?”

“Não são raras as vezes que na calada da noite os abandonam”, disse “não nos resta outra alternativa senão cuidar”.

“Mas…”

“Eh, dona, tudo o que é velho, doente, maltratado”, continuou com choraminhices, “deixam na aldeia e somem para nunca mais procurá-los”.

Os três foram até a aldeia onde foi constatada a veracidade da noticia. Diante da bicharada, dona Santa Curiosa perdeu a consciência e desabou.

“Água!”, gritou a menina.

Não demorou a regressar a si, depois de uma água e leves abanar de leques. A partir daquele dia, ela tomou uma decisão inusitada para os seres inteligentes.

 

Autor

Consultor de TI, com mais de 25 anos de experiência, Escritor. Autor de "O Segredo da Felismina", "Tanto Lá Quanto Cá" e "A Sereia de Tupa". Email: geraldo.nhalungo@davambe.com.br www.davambe.com.br

Davambe

Comentários

You must be logged in to post a comment.

Busca

Patrocínio

Publicidade



Siga-nos!

Newsletter: Inscreva-se

Para se inscrever em nossa newsletter preencha o formulário.

Artigos Recentes