Executivo da Lumidigm revela que não há nenhum dispositivo 100% à prova de fraudes. Mas os sensores de impressão digital estão quase lá
O Brasil vem chamando atenção do mundo todo por sua capacidade de rapidamente absorver novas tecnologias biométricas em vários segmentos – o que garante uma posição de destaque, principalmente no mercado financeiro. Cinco dos maiores bancos brasileiros já estão adotando a autenticação biométrica, implantando sensores nos caixas eletrônicos. Os demais não devem demorar a seguir esse caminho – nos transformando, provavelmente, no primeiro país no mundo em que o número de caixas eletrônicos com sistema de autenticação biométrica supera aqueles que contam apenas com modelos convencionais até o final deste ano. Diante desse avanço, Phil Scarfo, executivo da Lumidigm – líder global em soluções de autenticação biométrica que foi adquirida recentemente pela HID Global, gigante em soluções de identificação segura – fala sobre os rumos esperados para a biometria no curto e médio prazo.
Phil Scarfo: “Sim, embora seja difícil prever uma data. O fato é que o mundo mudou dramaticamente nas últimas décadas. Então, por que continuar confiando em métodos de autenticação que não são nem seguros, nem convenientes? Quando fornecedores inteligentes combinam o que os consumidores querem (maior comodidade) com o que eles precisam (maior segurança), o resultado é uma fórmula convincente e vencedora para todos. As senhas têm sido usadas há mais de 50 anos e, embora elas venham se tornando cada vez mais inconvenientes, menos seguras e mais difíceis de administrar e manter – exigindo muito de nós em termos de memória e organização –, ainda persistem em muitas aplicações como se fossem suficientes”.
Phil Scarfo: “O setor financeiro é o mais avançado. Os bancos brasileiros, por exemplo, estão provando para o mundo todo que a biometria pode aumentar a segurança sem aumentar a complexidade – oferecendo um benefício real e um modelo que funciona. Também sabemos que as senhas estão se tornando uma ameaça cada vez maior à segurança do usuário. Sendo assim, muito provavelmente a biometria será uma alternativa real dentro de uma década em vários setores da economia”.
Phil Scarfo: “Antes de todos os outros países, o Brasil se deu conta de que segurança é tão importante quanto conveniência. Em muitos mercados, hoje em dia, os provedores estão forçando os clientes a ‘escolher’ entre segurança e comodidade. O que o Brasil já percebeu é que, enquanto os analistas de risco anseiam por segurança, seus clientes estão pedindo mais facilidade e comodidade. Com a biometria, as duas partes saem vitoriosas. Além disso, a tecnologia biométrica de impressão digital é muito bem aceita por toda a população – tendo sido incorporada, também, no sistema eleitoral, no controle de presença de empresas, faculdades, serviços de saúde etc.”.
Phil Scarfo: “Mercados como os Estados Unidos, onde grandes perdas financeiras devido a fraudes ainda são raras, não existe essa percepção da importância de ferramentas como a biometria para aumentar a segurança. Todavia, como esse cenário vem mudando rapidamente em nível mundial, não vai demorar para começar a ver outros mercados como os Estados Unidos e países fortes da União Europeia adotar a autenticação biométrica também”.
Phil Scarfo: “Sim. No México, Chile e Argentina vemos um interesse crescente em adotar sensores biométricos em muitos segmentos da economia, principalmente o bancário. Assim como o Brasil, eles compreendem que a autenticação biométrica é a forma mais pura de identificação pessoal. Isso assegura que aquela parcela da população que não tem acesso à tecnologia – como moradores de áreas rurais, idosos pensionistas e pessoas que fazem parte de projetos assistenciais do governo – possa fazer uso da biometria sem grandes esforços, já que basta cadastrar a digital e aproximar o dedo do leitor biométrico para ter acesso à conta bancária no caixa eletrônico. Não há nada para aprender ou se lembrar – nem qualquer outra barreira de idade, idioma ou nível educacional. Trata-se de uma tecnologia simples e muito inclusiva.
Phil Scarfo: “O custo vem sendo reduzido na medida em que a nova tecnologia vai se popularizando e os sensores vão ficando melhores e mais baratos. Vale dizer que o retorno do investimento se torna mais claro e óbvio quanto mais percebemos seu custo-benefício. Afinal, alternativas como ‘memorização de senhas’ parecem gratuitas mas custam caro – já que são muito vulneráveis. As perdas devido a fraudes e abusos são impactantes para muitos negócios. Portanto, quando avaliamos a relação custo-benefício, é fundamental considerar o nível muitas vezes superior da biometria em termos de segurança e conveniência para clientes bancários ou de outros serviços e empresas. Ou seja, o custo de ter uma autenticação biométrica é menor do que o custo de não ter”.
Phil Scarfo: “Nada em termos de segurança será 100% à prova de fraudes. Gerenciar riscos é uma questão de equilibrar segurança e conveniência. Podemos aumentar a segurança substancialmente, mas através da combinação de fatores que atingem quase a segurança total. Chegamos muito perto de 100%, mas não atingimos os 100%. A combinação entre biometria, um dispositivo inteligente (com uma aplicação segura) e talvez um PIN (código numérico de identificação pessoal) poderia ser mais do que suficiente para atender aos mais altos padrões de segurança. Mas é errado pensar que alguma coisa é 100% segura, à prova de fraudes. Sendo assim, a melhor opção é aquela que proporciona um nível bastante alto de segurança com a máxima conveniência possível. Que outra tecnologia oferece isso além da biometria? Por enquanto, nenhuma outra.
[Crédito da Imagem: Biometria – ShutterStock]
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