Não vou aqui escrever sobre a metodologia Top-Down e Bottom-up de desenvolvimento de sistemas, e sim sobre aquele momento onde recebemos um Invite sobre uma reunião que tratará sobre um novo projeto.
Na sala de reunião está você, seu coordenador (GP – Gerente de Projeto), seu líder, gestores da área de desenvolvimento, inclusive o desenvolvedor…. Enfim, supostamente todos os StackHolders, menos o Cliente.
Situação plenamente normal, para quem esta envolvido com implantação de projetos, até que se inicia a reunião e você começa a ter ciência do que se trata e qual será o seu papel.
Com a palavra o GP: Bom…temos que mandar ele (no caso você) na semana que vem para o cliente e implantar isso em uma semana, o Cliente está furioso!!! Na sua cabeça já vem a questão, implantar o que? Sobre o que estamos falando? Mas antes mesmo de você questionar… o desenvolvedor fala…. Como? Não está nada pronto! – O GP rebate: Temos que fazer uma força tarefa, chamar para os peitos, ir para o arrebento e entregar isso pois o diretor XPTO já prometeu para o cliente e sobrou para nós.
Neste momento você ainda não sabe do que se trata o projeto, mas já tem certeza de uma coisa: Trata-se de um Projeto Top-Down (Aquele onde a Diretoria primeiro promete para o cliente – assume um compromisso – e depois envolve a equipe), e sabe também por dedução que ninguém contestou, ninguém disse NÃO e literalmente como anunciado pelo GP ele “chamou para os peitos” – ou resumindo “pode deixar que eu sou o RAMBO!“.
Também por dedução, você pensa: “Pelo menos deve ser um projeto que não é complexo, pois em uma semana não deveria ser”, não deveria realmente, até que falam o nome do projeto, integrações necessárias, situação atual… e o desenvolvedor ainda completa: “Estou com outras atribuições e só poderei atuar neste projeto após o expediente, como um Job extra”.
Situações como estas infelizmente ainda ocorrem, mesmo em empresas com estrutura grande – com PMO e profissionais certificados, onde a cultura e a soberba do GP com sua experiência de 20 anos superam o dever de planejamento, mapeamento de riscos, definição de escopo, cronograma e principalmente comunicação clara e objetiva entre a direção e cliente sobre as necessidades reais de recursos, evitando falsas expectativas.
E nestes casos, se algo der errado – e com certeza dará, os envolvidos serão avaliados pelas falhas, pelos atrasos, pela insatisfação do cliente, pelo clima ruim que o stress do projeto gerou.
Neste cenário você já deve entender que nem todos os StackHolders estavam presente naquela reunião “O Gerente Executivo e o Diretor – por exemplo”, como também sabe que serão eles os primeiros a cobrar resultados e prazos.
Eles, os Gerentes Executivos e Diretores fazem o papel de solicitar, estão exercendo sua função de gerar desafios, inovação e produtividade de preferência com custos baixos e prazos curtos. Mas pecam quando solicitam depois de prometido ao Cliente.
Agora o GP, tem o papel de negociar, articular e não ignorar com facilidade as boas práticas de Gestão de Projeto sob pressão da diretoria.
Este mesmo GP que cede a todas as solicitações com um SIM político e acovardado será o mesmo que vai procurar culpados na equipe para justificar o insucesso do projeto.
Portanto a lição e dica que fica para os Gestores de Projetos é: Aprenda a dizer NÃO, pois é a sua função argumentar com fundamentos e documentação sobre os riscos, negociação de prazos coerentes e recursos necessários.
O risco de um SIM amedrontado é maior do que um NÃO fundamentado!