Carreira

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Obsoleto: a perseguição do milênio

publicado por Ricardo Antoniassi

Obsoleto: a perseguição do milênioQuando o assunto é tecnologia, o fato de respirar mais lento um pouco já o torna obsoleto. E sentir-se obsoleto é quase um passaporte de entrada para a depressão tecnológica. Por isso optei por esse título que mais parece o nome de algum filme de ação com direito a continuações do tipo “Obsoleto: o retorno da perseguição” e “Obsoleto: o retorno do retorno da perseguição”. Enfim, vocês entenderam!

Sabe aquela sensação de sair da loja com seu novo notebook e ao virar a esquina, você sabe que já saiu uma nova versão do infeliz do software? E aquela sensação péssima de esperar 6 meses para trocar seu celular, e quando você finalmente decide trocar e faz o negócio, sai um novo bem melhor na semana seguinte? Pois é essa sensação de obsolescência que tem perseguido nossa geração.

Ultimamente, o conhecimento e a tecnologia estão se multiplicando. Isso não é novidade e é perceptível em qualquer ramo da tecnologia, seja no de eletrodomésticos, computação, automotivo, aviação, ciência, alimentação, entre outros, e essa multiplicação será cada vez mais acentuada e agressiva. O problema é que isso gera em nós uma constante insatisfação pessoal quanto ao consumo, e mais ainda, exige de nós a constante renovação e busca pelo que há de melhor e mais moderno. E o triste é que nunca venceremos essa luta.

O legado negativo desse sentimento de sempre estar ultrapassado se dá ao afetar o nosso comportamento profissional e a condução da nossa estratégia na carreira. Independente de qual geração você se encontra, é fato que para ser bom no que você faz é preciso tempo e experiência. Em qualquer profissão é necessária experiência. Mas parece que no momento, não é bem assim que as pessoas pensam e se comportam.

Basta pesquisarmos alguns perfis no Linkedin, que veremos essa situação. O cidadão começa como alguma coisa Junior, e em 3 ou 4 meses já é outra coisa Sênior e em menos de 2 anos, já é Master Plus Advanced na área dele. Será?
Acredito fortemente que a troca de empresas, em determinadas fases da carreira é extremamente saudável, mas trocar o tempo todo me parece mais um desequilíbrio profissional. Tem alguns currículos que a barra de rolagem chega a ferver ao rolar a quantidade de empresas que o indivíduo publica.

Quando falamos de carreira, é importante refletirmos que para se tornar um especialista, para se ter domínio de determinadas áreas de conhecimento, é fundamental a experiência. Falo da experiência como um todo, que inclui o relacionamento pessoal, a aplicação e teste de conceitos e de técnicas, o aprendizado das disciplinas fundamentais nas áreas de negócio. Arrisco a dizer que em quase todas as carreiras, essa fase de experiência e amadurecimento é mandatória. Existem sim algumas profissões que requerem um grau de inovação e renovação quase que mensal, por conta da aplicação de determinada tecnologia. Mas no geral, a experiência adquirida pelo tempo é o padrão.

Obviamente, fica implícito que a renovação na carreira e a atualização constante continuam valendo. Se assim não for, você está condenado. Mas o desafio que lanço é que cada profissional seja responsável e maduro para analisar seu momento, e evitar que a sensação da obsolescência o contamine e que lute para achar o equilíbrio entre estabilidade, experiência e inovação.

E encerro lembrando com saudades do rádio relógio do meu pai, que durou mais de 15 anos e sempre cumpriu seu propósito, bem como do aparelho de som com dois tocadores de fita cassete que permitia gravações de uma fita pra outra, que durou uns 12 anos, e do meu primeiro walkman que foi um sucesso e do…. chega… lágrimas caindo. Boa reflexão.

Abraços,

Ricardo Antoniassi, um profissional apaixonado pelo que faz!

[Crédito da imagem: Obsoleto – ShutterStock]

 

Autor

Ricardo Antoniassi, formado em Sistemas de Informação pela Universidade Paulista e MBA em Estratégia Empresarial pela Business School São Paulo – BSP, atua com gestão de projetos voltados para a execução da estratégia dos negócios e possui experiência na implantação de escritórios de gerenciamento de projetos – PMO, através do desenvolvimento e aplicação de metodologias de mercado – PMI, Scrum, ASAP, entre outras. Atuou em empresas nacionais e multinacionais de grande porte, principalmente em projetos de Business Intelligence, gerando indicadores de qualidade, Balanced Scorecard, Dashboards executivos e apoio à tomada de decisão.

Ricardo Antoniassi

Comentários

2 Comments

  • Olá Ricardo, interessante reflexão!
    concordo em muitas coisas que você disse! Também sou formado em SI e hoje atuo como professor de Informática em curso técnico de escola particular. Cerca de 72% dos brasileiros não fazem o que gosta. A frase que mais me chamou atenção foi a última “um profissional apaixonado pelo que faz!”.
    Como seria bom SE 72% dos brasileiros amassem e fossem apaixonados pelo que faz. A pergunta que deixo para você é:
    Como você descobriu o que realmente você amava fazer?
    Pergunto isso, pois hoje tenho a honrosa tarefa de ajudar outros a buscarem onde está o seu talento.
    Grande abraço.
    Danilo Marcus

    PS. não deixe de ler meu artigo! 🙂
    http://www.tiespecialistas.com.br/2014/07/sera-uma-estrategia-que-vale-pena-ser-seguida/

    • Danilo, obrigado pelos comentários e feedback.

      Achei muito interessante o seu artigo, e traz â reflexão esse ponto que temos conversado, que é a estratégia para nossa carreira.

      Infelizmente, muitos profissionais colocam como prioridade em suas carreiras apenas o quesito financeiro. De certa forma, parte da geração Y já tem descoberto que o reconhecimento financeiro é apenas parte de uma realização maior.

      Eu descobri minha paixão pelo que faço, descobrindo na verdade, que eu preciso ser realizado comigo mesmo antes de me focar em outras realizações. Explico: se eu quiser me realizar em determinada área sem antes já ser uma pessoa realizada emocionalmente, que valoriza a vida, que ama as pessoas à volta e que entenda que preciso fazer a diferença e cooperar para a realização dos outros, eu não terei sucesso. Uma vez que me permitir me descobrir de forma integral, foi mais fácil fazer com paixão aquilo que veio para minhas mãos.

      Dessa forma, desenvolver minha carreira em TI foi consequência dessa descoberta. Hoje, percebo que mais do que a rotina de ir e voltar para a empresa, mais do que relatórios, metodologias, técnicas, tenho a oportunidade de interagir com o bem mais precioso, que são pessoas, que são vidas. Por trás de cada trabalho, lembre sempre que existem pessoas.

      Dessa forma, investi com paixão no que faço, e posso dizer que sou realizado. Tenho problemas? Claro que tenho. Tem desafios? O tempo todo. Mas me inspiro a vencer cada um deles, quando lembro que o maior desafio é ser realizado e realizar outros com meu trabalho.

      Espero ter colaborado.

      Abraços e muito sucesso em sua carreira e continue inspirando vidas a se encontrarem. Somos heróis anônimos, fazendo a diferença na vida das pessoas.

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