Muitos profissionais da área de TI sofrem de um problema crônico: a desmotivação no trabalho. Os motivos são os mais variados possíveis, desde baixos salários, até problemas com a chefia.
Já tive a oportunidade de presenciar casos incríveis de desmotivação profissional que culminaram em mudança de área de atuação profissional, o extremo do problema.
Alguns dos motivos de desmotivação que percebi ao longo dos anos foram:
– Falta de oportunidade de atuar em áreas que trilhem possibilidades de atingir os objetivos profissionais E pessoais;
– Atuação na área de TI apenas por questões financeiras e não por vocação profissional;
– Chefia falha. Falta de horizontes definidos: falta de liderança;
– Indefinição na priorização dos serviços;
– Falta de condições de trabalho;
– Ambiente de trabalho pesado;
– Falta de visibilidade ou visibilidade roubada.
Esses são, em minha visão, os principais fatores de desmotivação na área de TI.
Muitos profissionais aceitam funções em áreas da TI em empresas que muitas vezes não poderão proporcionar-lhes condições técnicas ou organizacionais que possibilitem que o profissional alcance os objetivos traçados por ele em sua vida e carreira. Isso demotiva. Falta de perspectivas. Um exemplo clássico é um profissional que trabalha na área de infraestrutura em uma pequena ou média empresa, com cerca de dez servidores e os principais serviços transitando entre e-mail e provimento de sinal de internet, que almeje trabalhar em uma estrutura muito maior, com filiais, muitos servidores, vários serviços e em um ambiente organizado. Esse profissional não estará motivado até encontrar a empresa que lhe ofereça caminhos para alcançar os seus objetivos, chega a ser óbvio. E mais: não importa o salário pago, essa não é a questão.
Há um tempo atrás a profissão de TI não tinha nem de perto os moldes de hoje. Era a informática que prevalecia. Muitos pais e mães “atentos” forçaram seus filhos a “trabalharem com computador” e o principal argumento: “isso vai dar dinheiro”. Entre esses jovens muitos tinham vocação para trabalhar na área, outros não, e alguns perceberam isso tarde, já empregados. E na área de TI, o profissional para ser bom mesmo, tem que ter vocação, caso contrário, dificilmente vingará. Essa área é ímpar. Vi uma situação na qual o profissional depois de formado em análise de sistemas, não desempenhava quase nenhuma função na área de TI, era nitidamente desmotivado e infeliz, não tinha lógica, pasmem, uma analista de sistemas formado sem lógica, quase inacreditável. Resumo: mudança de ramo e sem possibilidades de voltar a trabalhar na área de TI.
A chefia falha também é um forte fator desmotivacional, falta de prioridades é terrível. Tudo é urgente, tudo é para hoje, para já. É difícil trabalhar sem uma definição clara do que e do que não é urgente. Em um ambiente no qual tudo é urgente, passa-se o sinal de descontrole e a sensação de injustiça nas cobranças.
Quando a empresa não consegue prover as condições mínimas de trabalho o caldo entorna de vez. Impossível prestar qualquer serviço ou ser responsável por qualquer área sem aparatos e ferramentas. E não falo apenas de ferramentas físicas, falta de apoio gerencial para implementações de rotinas e idéias também são terríveis. Aquele chefe que fala que deve ser feito de uma forma e quando o cliente aperta, ele afrouxa, é a pior figura. Não há motivação que resista a isso. Normalmente essa figura mesmo sem apoiar, vai cobrar-lhe cumprimento integral das tarefas com todas as regras pré definidas.
É incrível, mas, ainda hoje existem chefias e gerências que acham que o ambiente de trabalho deve ser pesado, sem conversas. Acreditam que as pessoas são robôs e devem chegar, sentar-se, e a partir daí só respirar os problemas do dia-a-dia, uma máquina de trabalhar, que mal consegue se levantar para ir ao banheiro. Coloca-se a chibata para trabalhar e o negócio é só supervisionar. Quem sair da linha é chicoteado. Urgh!, isso é insuportável. Pior que existe. Mas essas más chefias têm os dias contados.
A falta de visibilidade do trabalho que se pratica também desmotiva o profissional. A sensação que o seu trabalho, por mais que você se esforce não chega ao conhecimento da direção ou quando chega, é distorcido, não é fácil de suportar. Muitos supervisores e chefes se apropriam das idéias dos subordinados, isso quando tudo dá certo, quando dá errado, insistem em dar o nome aos bois. Isso não é atitude de equipe que se preze, ou melhor, isso não é equipe, é cada um por si e Deus para todos.
Algumas empresas estão atentas a esses fatores e mudam suas formas de gerenciar seus recursos humanos. Outras acham que é correto.
Acredito que a forma correta é não cometer os erros descritos acima, conversa, compreensão e punição para os casos abusivos. Digo punição porque liberdade não quer dizer necessariamente libertinagem, é possível ter um ambiente de trabalho leve e agradável, motivar a equipe sem ser tirano e sem que vire bagunça. Quem não souber usufruir desses pensamentos estará inevitavelmente fora da empresa e do mercado.
Sempre busque seus objetivos, mesmo que descubra tardiamente, nunca é tarde demais para recomeçar, o que não dá é para atuar infeliz, isso interferirá inevitavelmente na sua produtividade e o seu nome é que estará em jogo. Você prefere ficar conhecido como um mal profissional ou como um profissional que buscou alcançar seus objetivos e superou as adversidades? Cada um deve fazer uma autocrítica e procurar o que é melhor para si. Ninguém é obrigado a se aposentar em uma área profissional na qual não esteja feliz.
Ótimo post Alexandre, parabéns. Estou passando por isso agora e acabei saindo da empresa. Não tinha reconhecimento, nem plano de carreira, nem treinamentos na área, baixas condições de trabalho, e lógico, muita cobrança. Como você mesmo citou, muitas empresas ainda trabalham na base da chibata e tratam um profissional como um “menino da informática”. Outro fator foi que desde a faculdade, sempre gostei mais de programação, mas não pude me dedicar devido ao trabalho que era voltado para infra.