Um dos temas em discussão pelo Marco Civil da Internet no Brasil (http://culturadigital.br/marcocivil/) é o que trata da neutralidade da Internet. Mas o que este termo significa e como ele pode afetar seu acesso a grande rede?
Pois imagine comprar um carro e depois descobrir que ele só permite trafegar por algumas ruas ou ir a destinos aprovados pelo seu fabricante, por exemplo ser impedido de ir a concessionária da marca concorrente. Isto faz algum sentido para você? Provavelmente não. Pois é isto que os provedores da Internet e alguns fabricantes de software estão tentando emplacar acabando com o conceito de que a rede deve apenas fazer o transporte das informações e não filtrar ou bloquear conteúdos.
Se esta questão não for regulamentada adequadamente os provedores poderiam, por exemplo, limitar a velocidade de acesso de seus usuários a um site concorrente criando facilidades para o uso de seus próprios serviços. Isto certamente cria uma competição desleal e em alguns casos extremos pode forçar o internauta a ter que trocar de provedor.
Sinceramente o que menos precisamos agora são de brechas que diminuam a já quase inexistente competição neste mercado. Esta falta de concorrentes é, em grande parte, responsável pela baixa qualidade e pelos preços absurdos que pagamos pelo acesso a Internet.
Uma prática comum, conhecida como Traffic Shapping, faz com que os provedores criem limites de velocidade bastante restritos para aplicações como a transmissão de voz pela Internet (VoIP) e os protocolos de compartilhamento de arquivos como o Bittorrent.
Este controle também pode vir na forma de navegadores WEB distribuídos pelos provedores e que limitam a visita a outros sites considerados“inadequados” por esta ou aquela empresa.
Não é só aqui que o assunto está preocupando os internautas. Em um recente comunicado a Google demonstrou seu interesse em montar rede de fibras ópticas para a criação de uma Internet de ultra-alta velocidade nos Estados Unidos. A pergunta que fica é: será que o acesso a concorrentes dos serviços do Google terão o mesmo tratamento dado as páginas do Gmail, Youtube e Orkut? E no Brasil?
Ser democrática e dar tratamento igualitário a todos os conteúdos da rede são dois pilares que suportam o sucesso da Internet. Sem eles a Internet perde muito de sua função e de seu poder .
O certo é que compramos um acesso a Internet sem especificar o objetivo de seu uso e é desta forma deve continuar. É bom ficar de olho para não acabarmos recebendo muito menos do que estamos pagando.
Mais um ótimo texto, Gilberto.
Eu acho que os medos existem… Mas a força da Internet é maior. Não consigo exergar esses bloqueios todos na prática. Anyway, é bom ficarmos atentos.