É impossível planejar o futuro sem entender o passado! Olhar para trás nada tem de saudosismo, só é possível entender a situação atual seja na carreira, na sociedade ou na política quando analisa-se a história, sua evolução e os caminhos que fizeram chegar até os dias de hoje.
Olhar para frente sem entender o passado não é planejar; é simplesmente um exercício de futurologia sem fundamentos.
Para planejar o futuro é preciso mais. É necessário somar o conhecimento do passado com as tendências e evoluções possíveis e assim, tem-se uma visão de como deverá se comportar o futuro.
O objetivo aqui não é mostrar o caminho; é analisar as possibilidades e o que deverá acontecer com a carreira de Suporte Técnico.
Esta é uma função que há muito tempo está nos organogramas das empresas, mas que já sofreu (e ainda sofre, quase que diariamente) diversas mutações. E que deverá, em não mais de 10 anos, desaparecer.
Quando a carreira nasceu, a tecnologia engatinhava e, diferente do que vivemos hoje, onde tudo pode ser resolvido pela tecnologia utilizando-se software, os profissionais que detinham o conhecimento do hardware tinham uma importância enorme para as corporações.
Sua formação raramente contemplava uma passagem pela universidade; era baseada em um curso de nível médio técnico em eletrônica, com especialização em informática, além de bons fundamentos em mecânica. Este coquetel de competências era o que garantia a empregabilidade.
Em época de softwares limitados e hardwares caríssimos (e de difícil operação), o desafio era conseguir retirar o melhor de seu processamento alongando ao máximo sua vida útil. Era muito comum comprar um equipamento e agregarem-se a ele novos modelos de processadores memórias e disco.
A comoditização do hardware, a simplificação na operação dos softwares e a enorme redução dos custos nos equipamentos, provocou uma revolução no perfil do profissional que faz o suporte técnico nos dias de hoje. Passou de alguém que era um profundo conhecedor de eletrônica digital e mecânica para um especialista em software básico e uma infindável quantidade de ferramentas todas baseadas em software.
A maior mudança não foi no conhecimento e sim no status da carreira e sua remuneração. Antigamente, ser um suporte técnico garantia um status e uma remuneração importante na carreira do profissional; hoje é apenas o primeiro degrau na longa carreira em uma das verticais de conhecimento em TI.
A única coisa que parece a mesma é o seu modus operandi: ainda encontramos profissionais atuando de maneira muito parecida aos de antigamente, ou seja, indo até o cliente para solucionar os problemas in loco.
O fato é que até isso mudou. Antes, o técnico passava horas mexendo nos equipamentos, trocando placas, soldando componentes e utilizando todo o seu conhecimento para restabelecer o funcionamento dos equipamentos; hoje, ele só vai até o equipamento em casos extremos, quando o acesso remoto não é possível ou a substituição da máquina é inevitável.
A conclusão parece óbvia: em um tempo não muito distante, e impulsionado pelo home office e pelo em bring and owner device (BYOD), a carreira do suporte técnico, que também já foi conhecida como técnico de campo ou field service, deve desaparecer.
TI era conhecimento de poucos. Atualmente faz parte do entendimento de muitos; as necessidades de suporte mudaram e, em pouco tempo, deverão se limitar a situações como configurar um sistema ou pedir autorização de acesso.
A boa notícia (que deve tirar o desespero de muita gente) é que a extinção da carreira não deve acontecer nas próximas semanas em terras brasilis. Mas, quando olhamos para fora das fronteiras tupiniquins, percebemos que a tendência é cada dia mais crescente e inevitável. E a saída não é o desespero e sim o planejamento.
A pergunta a ser respondida é: qual pode ser o próximo passo para alguém que hoje é suporte técnico e tem convicção que gosta de infraestrutura e não quer mudar de carreira?
Uma alternativa interessante e coerente é dar o próximo passo no sentido vertical da carreira deixando a base da pirâmide onde o seu cliente é o usuário final e migrar, adquirindo conhecimento, para responder as necessidades das corporações.
A tecnologia esta, a cada dia, mais enraizada nos negócios das empresas. Sem ela torna-se impossível reduzir os custos (extremamente necessário em épocas de crise) e aumentar a competitividade (em épocas de bonança).
Conhecer soluções corporativas de alto desempenho e complexidade que aproximam o negócio a TI é o grande diferencial esperado para os profissionais de TI do futuro. Sem dúvida aí está uma excelente oportunidade para quem deseja manter-se atualizado, motivado e, principalmente, empregado.
Esta é uma realidade que muitos empresários querem encobrir
Alberto Parada
Este foi um artigo muito interessante. Creio que poucos profissionais pararam para refletir sobre esta atividade no mercado de trabalho (suporte e manutenção de TI
Concordo com seu ponto de vista também, pois as mudanças estão acontecento ano nosso redor e a todo instante em nosso dia-a-dia. Com tanta evolução da tecnologia, ela se torna barata, fazendo com que é melhor “trocar” do que “consertar”.
Uma prova concreta disso são os novos equipamentos eletrônicos. Basta observar quando compramos nosso iPAD. Na caixa vem somente o equipamento. Não tem manual e mais nada. Ou seja, parte-se da premissa que o usuário já sabe usar a tecnologia sem “treinamento” e além disso tem-se a garantia de que o equipamento não terá defeito para chamarmos suporte técnico.
Esta mesma analogia,vale para os mecanicos de automóveis. Claro que a mudança deverá ocorrer num espaço de tempo bem maior, devido a “base instalada” de carros ainda não totalmente eletronicos.
Parabéns pelo artigo.
Abraços,
Danilo Almeida
Eu não diria que esta profissão desaparecerá em 10 anos pois ela já está desaparecendo a uns 2 anos e diminuo o seu tempo de 10 para 5 anos no máximo. Sou analista de suporte técnico a 15 anos e sei bem as mudanças que ocorreram. Concordo, pois quem quer continuar na área de TI deve se atualizar o sempre e o mais rápido possível se quiser mesmo continuar empregado. Pois nos dias de hoje o Analista de Suporte Técnico na minha definição deveria mudar de nome para “Faxineiro Digital” (sem menosprezar a profissão do faxineiro), pois encontrar um Faxineiro Digital você encontra as montes com salários “irrisórios, vergonhosos e posso dizer exploratórios” de 1 salário mínimo. Mas isso acontece em tudo que se moderniza, um dia você é valorizado e ganha-se um ótimo salário, depois de alguns anos você será literalmente colocado de lado. Parabéns pelo artigo Alberto Parada.