Carreira

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Escolhas desestruturadas geram profissionais despreparados

publicado por Alberto Parada

Figura - Escolhas desestruturadas  geram profissionais despreparadosQuando o jovem profissional resolve procurar um curso de extensão universitária com o objetivo de manter-se atualizado ou para subir no organograma, antes de decidir qual o curso fará, ele geralmente faz uma pesquisa de opinião.

O primeiro a ser consultado é o chefe, que irá orientá-lo a fazer um curso relacionado com as possíveis oportunidades enxergadas em médio prazo na empresa; consultando amigos ou familiares, às opiniões estarão relacionadas com as últimas oportunidades de emprego divulgadas na mídia.

Os resultados destas consultas são, quase sempre, um aumento considerável na quantidade de dúvidas, porque palpite na vida alheia é uma prática exercitada pela maioria das pessoas sem a menor responsabilidade. E é exatamente isso que este jovem terá ao final destas consultas: apenas palpites!

Estes palpites acarretarão na cabeça dos jovens profissionais não uma análise criteriosa para seu crescimento profissional e pessoal, mas com o foco apenas em questões como: qual o curso dará uma condição melhor para sua família, ou para sua empresa, ou para atender as possíveis promessas de promoção ou, a melhor de todas, as que lhe darão mais dinheiro.

Como as dúvidas só aumentam ele procura nas universidades (em tese) o berço das informações, um norte para definir o que fazer da sua vida acadêmica. No final da reunião de esclarecimento com um orientador, o objetivo de tê-las sanado é frustrado, porque, ao invés de ajudá-los com base nas suas necessidades e anseios, as universidades muitas vezes procuram apenas encaixar o perfil que o jovem apresenta em algum dos seus cursos.

Dessa maneira, infelizmente o que seria um celeiro de soluções torna-se uma explosão de problemas, as dúvidas aumentam e as pressões também. Não é raro, dias antes da efetivação da inscrição, os jovens terem até 10 opções de cursos absolutamente diferentes para escolher.

É importante pontuar que uma característica semelhante entre esses jovens é que raramente as dúvidas estão ligadas ao que eles realmente gostariam de fazer. Normalmente as questões estão ligadas apenas a como crescer a qualquer preço e da maneira mais rápida no organograma das empresas.

Juntando estas características com o que o mercado vem pregando (que o futuro de todo profissional é ser gerente) a grande maioria, mesmo odiando a função de gestão, tem a tendência a escolher alguma especialização que dará os fundamentos necessários para virar gerente em curto prazo. Se adicionarmos neste caldeirão as promessas sem responsabilidade que a maioria das chefias fazem, afirmando que existem diversas oportunidades de crescimento caso o jovem possua um MBA em gestão, fica fácil entender porque temos tanta gente tomando remédio de tarja preta por aí.

O triste é que, depois de dar um palpite como este, o chefe vira as costas e raramente lembrará que sua opinião pode ter influenciado, de maneira perigosa, a vida de uma pessoa.

Caso o jovem decida por um curso baseado apenas na promessa de promoção feita pelo chefe e não analisa que o curso que escolheu está muito distante da sua realidade profissional, ele pode ter duas surpresas desagradáveis: a primeira é que ele termina o curso e vai falar com o chefe sobre a oportunidade prometida e descobre que o chefe, na maioria das vezes, nem se lembra da promessa e, pior, acaba escutando que precisa de muitos anos pela frente para poder ocupar a posição pretendida.

A segunda, já frustrado com a empresa, resolve ir ao mercado participar de um processo de seleção para uma oportunidade ligada ao curso de extensão universitária que acaba de concluir. Quando consegue passar pelo crivo do RH (que acontece na minoria dos casos) e chega a uma entrevista com o executivo, é questionado sobre sua experiência como gestor. Neste momento o profissional se dá conta que está tão distante da posição de gerente, que não será em pouco tempo que conseguirá colocar em prática tudo o que aprendeu no banco da escola.

Todo mundo questiona a má qualificação dos profissionais. O que ninguém discute é como orientar os jovens profissionais a fazer a melhor escolha. Não dá para qualificar alguém e mantê-lo motivado baseado apenas no anseio do mercado, muito menos no anseio das empresas. É preciso avaliar verdadeiramente o que eles têm de aptidão, com o que eles gostam de fazer e as possibilidades reais de aliar tudo isso às oportunidades de mercado.

A realidade é que nem as faculdades nem as empresas fornecem uma orientação consistente sobre os caminhos que os jovens devem seguir para galgar responsavelmente o organograma. Encontramos, de um lado, as faculdades preocupadas em vender seus cursos e, de outro, chefes despreparados na gestão de carreiras e utilizando as ferramentas de avaliação e feed back apenas como um processo chato implantado pelas empresas para atrapalhar a sua agenda.

A solução desta situação não passa por investimento financeiro. O que precisamos é de investimento de seriedade e responsabilidade. Que o país precisa de mão de obra especializada e bem preparada é um fato. Mas, para isso, pais, executivos e professores precisam assumir o seu papel de maneira consistente, utilizar sua experiência não de quem sabe mais, mas de quem  já apanhou mais da vida passando por lugares e situações que os jovens ainda não passaram para mostrar (com fatos e não com conselhos conservadores) quais são os perigos e as dificuldades que os caminhos possuem, para poder galgar uma carreira com sucesso e, principalmente, com prazer.

Autor

Fundador do : descomplicandocarreiras.com.br

Alberto Parada

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