Ao finalizar um curso superior ou uma pós-graduação, o estudante não deverá levar somente o conhecimento técnico, a gama de informações que podem ser incorporadas no dia a dia do profissional e que está disponível numa sala de aula, é maior do que se imagina. Há muitas semelhanças entre o mundo acadêmico e o mundo corporativo.
É possível utilizar a experiência e o comportamento de um professor e levá-los para o dia a dia de um gestor. Podemos listar os principais desafios da fascinante arte de ensinar: ensinar a “saber pensar” e “aprender a aprender”. O saber pensar é o componente fundamental de uma postura democrática, que pode ser muito útil num ambiente corporativo.
Começando pelo perfil do professor, ele deve ser aquele que instiga, um provocador e não somente um transmissor de informação. Deve promover um movimento interativo que envolva ele, o aluno e as tecnologias, para que o estudante deixe de ser um ser passivo, participe da comunicação e como consequência da construção do conhecimento. Professores devem mostrar que são flexíveis e que nunca devem parar de aprender, que não possuem o monopólio da verdade e, apesar de todo conhecimento já adquirido, continuam aprendendo inclusive na prática.
Assim como os professores os líderes devem aceitar o erro como condição normal, incentivar à todos a manipularem o conhecimento, questionarem a realidade e a fantástica condição de darem asas a curiosidade. Terem o poder de manter a segurança emocional, autoconfiança, autocontrole, falar sobre problemas com calma e objetividade. Superar fracassos, ser extrovertido e introvertido ao mesmo tempo. Sem esquecer que a grosseria pode bloquear o aprendizado e como consequência a capacidade de produzir.
As equipes devem trabalhar como um grupo de estudos, onde o professor ou líder fazem o papel de orientador e facilitador para que tudo possa ser conduzido de forma tranquila. Neste momento se aprende a argumentar, a escutar parceiros em uma discussão, compartilhar conhecimento, refazer trabalhos para melhorar a argumentação. O trabalho em equipe não exercita somente a lógica, mas também a cidadania. Hoje consigo ver claramente a importância do trabalho em equipe tão repudiado por estudantes.
Identifico na seguinte frase na função de professores e chefes: “Desenvolver pessoas significa melhorar suas capacidades, ensinar-lhes habilidades novas, ajudá-las a eliminar os pontos fracos, aumentar suas responsabilidades e dar novas tarefas para ampliar sua experiência.” (Robert W. Gallant).
Em educação ou em qualquer outra área, devemos estar abertos a debates sensatos e a visões alternativas. As pessoas que fecham seus ouvidos ficam empobrecidas e deixam de crescer. O filme Óleo de Lorenzo é um ótimo exemplo de como a vaidade traduzida em atos autoritários, arrogância e falta de humildade, se rende ao sofrimento passando por cima do preconceito de forma decisiva.
Os indivíduos têm mentes e perfis intelectuais diferentes, mas nem todos sabem pensar, e também não somos inflexíveis, como computadores. Nosso cérebro tem como primeira preocupação a sobrevivência. Pensamos logicamente e colocamos lógica mesmo onde não existe.
É fantástica a possibilidade de descobrir como ajudar um indivíduo a compreender o seu mundo, ser mais seletivo e estratégico. Preparar o ser humano para descobrir o seu potencial criativo, aceitando as críticas e não se abalando com insultos, ser testado o tempo todo, ser afetuoso sem perder o profissionalismo e o sentido de responsabilidade. Mas sem esquecer que a aprendizagem é um compromisso fundamentalmente emocional, ninguém pode ensinar a quem não quer aprender. É o mesmo que orientar quem está parado e não quer ir a lugar nenhum. Aprender a aprender é o mais importante não somente na sociedade da informação, mas na sociedade como um todo.
“Quem não sabe pensar, acredita no que pensa. Quem sabe pensar, questiona o que pensa.” (Pedro Demo, 2006).
Além do conhecimento, o bom humor deve fazer parte do dia a dia no espaço de trabalho e na sala de aula, é necessário que esteja presente também nos níveis hierárquicos mais elevados. Quando são fechados e mau-humorados repassam isto para toda equipe, transformando o clima entre os subordinados e alunos e, automaticamente, reduzindo a criatividade, a produtividade, a satisfação e a motivação.
[Crédito da Imagem: Mundo Acadêmico x Mundo Corporativo – ShutterStock]
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1:14:23 pm
Muito boa publicação.
Realmente devemos “Aprender a aprender”,
Vygotsky e Piaget, em educação já falavam muito sobre isso “Aprender a aprender”.
Acredito que o mal da sociedade será realmente quem não “Aprender a re-aprender”
9:03:16 pm
Obrigada pelo comentário. E concordo plenamente com sua afirmação.