A implantação de um sistema de ERP poderia muito bem ser o enredo de um filme que eu vi um tempo atrás e que nem é muito recente. Na trama do filme os medos giram em torno de uma eminente 3ª Guerra Mundial, instigada por um grupo neo-nazista que de forma inteligente induz os governos da Russia e dos Estados Unidos a uma guerra através de um ataque terrorista. O roteiro é bom e prende aos que gostam de um filme tenso de espionagem e ainda contam com dois ótimos atores: Ben Affleck e Morgan Freeman
Parafraseando o filme “A Soma de Todos os Medos” ( The Sum of All Fears-2002); um projeto de implantação de ERP reúne uma série de condições que de certa forma poderiam ser consideradas como “medos”. Ao se enxergar os primeiros esforços do projeto, vários percebem que o sistema atual não é tão ruim quanto imaginavam, que atendem seus processos e que não precisariam ser modificados. Este “medo” geralmente incide sobre os usuários, que percebem que terão que mudar sua forma de trabalhar. É uma reação extremamente normal, resultante da resistência a mudança, presente em cada um de nós. Reaprendizado, este é o medo das equipes de TI e de negócios envolvidas no projeto. Ninguém gosta muito de deixar para trás todo o conhecimento adquirido ao longo de anos e reaprender como fazer em um ambiente totalmente novo e diferente do que conhecia. Surgem as dúvidas quanto a seu desempenho e sua adaptação aos novos processos. Por serem os principais agentes da mudança e junto com consultores os protagonistas, estão em constante evidência e mais expostos; o que acarreta mais medo ainda. Normalmente existem empresas de consultoria envolvidas em projetos deste porte. Elas, por sua vez, também carregam seus receios. Prezam por sua imagem no mercado e contam com o sucesso do projeto para garantir novos projetos e sustentar sua operação. Além da gestão de seu time de consultores, precisa contar com a capacidade de seu cliente interagir no projeto para construção de novos cenários de negócios e de sua avaliação positiva. A Empresa por si só, não poderia ter medo, mas pode estar representado em sua direção executiva. Como patrocinadora do projeto, ela precisa garantir que o mesmo não cause impactos negativos ao negócio, não afete as operações, sustente seu crescimento e a obtenção de suas metas. Como lhe falta o conhecimento técnico , a confiança na capacidade de suas equipes e nos fornecedores envolvidos torna-se um dos seus principais pontos de apoio. Ao CIO, cabe mais uma parcela dos “medos”. Ele está como um pivô do projeto, em meio a discussões técnicas, justificativas de negócio, transferência de conhecimento, reports de status e gestão de pessoas. Figura como um elo de ligação entre todos os envolvidos, dando o suporte necessário as equipes, acompanhando, organizando, motivando e buscando o compromentimento de todos.
Bem, aí já se foram medos de todos os tipos. É normal que a complexidade de um projeto desta abrangência cause muita pressão e esta pressão pode causar ainda mais medo. Há também a pressão causada justamente pelo medo. Se é o medo que causa a pressão ou a pressão que causa o medo, não há como saber. Falei de medo como um desconforto, nada paranóico ou em níveis estressantes. O fato é que ele existe e não deveria ser encarado como totalmente negativo. Sem medos, somos muitas vezes relapsos, displicentes e normalmente não conseguimos entregar nosso melhor.
Então tenha medo, administre-o da melhor forma, busque o equilíbrio necessário para reduzir o desconforto e gerar a segurança para lhe permitir ser o melhor que pode ser.