Ele pensou em gozar momentos de ócio, e não demorou, ali mesmo cochilou; mesmo naquele dia de muita agitação, como na zona em vias de desenvolvimento: há sempre alguém a fazer um puxadinho aqui, outro acolá, senão o barulho de automóveis que, sem piedade, faziam-se ouvir, lá pelas 4h, mas surpreendentemente dessa vez quem o irritava era alguém muito distante e minúsculo, em vista de seu tamanho. Aquele gritava, como um desesperado a pedir socorro para um privado de audição. Gritava desesperadamente, praguejava sem docilidade, como na outrora que piscava um dos olhos e continuava seu pouco interesse, sem se importar com o que se passava ao seu redor.
Ele incomodado, levantou com disposição, livre do cochilo, permitindo-se investigar o que estava a atormentar o seu colega, que nunca foi de gritar para ninguém.
– Calma gajo, o que aconteceu? – Perguntou ele, mas, ofegante, seu colega não conseguiu falar.
– Toma essa água, disse ele.
Foi então que regressaram as choraminhices, como se houvesse se deitado mais etanol na fogueira. Ele impaciente e arrependido por haver perdido um cochilo indagou:
– Diga lá pa, antes que derramo sobre vós um balde de água! – Naquele momento, o gato saiu correndo miando desesperadamente. O Tigre intrigado foi informado que um Elefante malicioso descarregou no Gato miador, toda água de sua tromba. Porque atendia pausadamente, e sem disposição a solicitação do Elefante.
O Elefante, superintendente da floresta, se achou no direito de criticar o ritmo com que o Gato executava as suas atividades. O Tigre que era o chefe direto do Gato foi conversar com o Elefante, pois achava que ele não deveria ter ordenado o Gato.
– Chefe, quem manda lá só eu, não cabendo reclamação de sua parte.
O Elefante ouviu atentamente a reclamação e ficou tão triste e cabisbaixo que demitiu imediatamente o Tigre alegando que a queixa deveria ter sido apresentada pelo Leão, chefe imediato do Tigre.
Ele saiu, segurando sua própria cauda, que parecia muito pesada, andava com dificuldade, quase errando os passos. Quando comunicou a equipe sobre o seu desligamento, ouviam-se vozes em coro de manifestação de descontentamento. Afinal ele era muito querido e sua liderança era exemplar, mesmo com os tiques de cochilo que o visitavam inesperadamente. Todos pediram demissão deixando o departamento como uma cabeçada desprovida de cabelo.
Essa atitude fez com que o Leão agisse bruscamente, colocou as mãos no rosto. “Quem ficar terá aumento salarial”, disse depois de pouco pensar, ação repetida por pescador que arremesse anzol na água para ver o que acontece. O apelo foi ignorado.
A avalanche atingiu outros departamentos que já apresentavam fisionomias de arrebentação. Todos os dias apareciam anúncios de oferecimento de oportunidade de emprego na terra do Elefante. A notícia chegou muito rapidamente aos ouvidos do Rinoceronte, concorrente imediato do Elefante, que não hesitou em apresentar uma proposta comercial para incorporar a floresta decadente.
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