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O que esperar em 2011 para a área de TIC?

publicado por Anderson Ortiz

Já demos os primeiros passos e finalmente o termo TIC sai da esfera especializada e começa a ganhar maior espaço na agenda de interesses amplos da sociedade.

Não é para menos que este fenômeno acontece. Os gadgets nas mãos dos consumidores se diversificam. Celulares convencionais, smartphones, tablets, consoles de games, CPUs, laptops e televisores de última geração iniciam um processo aparentemente sem volta dos ambientes imersivos de TIC. Em comum, todos estes aparelhos servem como interface de uma estrutura cada vez mais conectada e convergente das redes interligadas de computadores. Hardware diverge, mas as redes convergem em protocolos e padrões.

Ao que tudo indica, em pouco tempo todos os nossos objetos técnicos estarão ligados à rede, alimentando bancos de dados dos mais variados segmentos com nossos gostos, necessidades e desejos.

Se por um lado a popularização do uso da rede ultraconectada da internet se torna uma necessidade do consumidor, presente a tempo e a hora seja para o que for, ainda há um enorme trabalho a ser feito para se discutir sobre a infraestrutura que sustenta esta rede.

O sociólogo inglês John Law se dedica a estudar o fenômeno das redes sociais e utiliza o termo ‘pé-de-barro’ para uma defesa que nos parece adequada para o momento atual das redes telemáticas no Brasil. Law vai dizer que as redes, vistas de fora, são entidades monolíticas, aparentemente impenetráveis, quase perfeitas em seu funcionamento. Nós só percebemos que há um ‘pé-de-barro’ quando algum defeito tira uma rede ou um sistema do ar. É neste momento que vemos que esta rede monolítica é composta por equipamentos, pessoas, regras e instituições, todos falíveis e passíveis de erros. Ao contrário, redes que parecem muito sólidas, de um momento para outro podem se desmanchar no ar, uma vez que a perfeição é um ideal impossível de alcançar. Muitas vezes dependem de ajustes tácitos no terreno, interconectados a um sem fim de condicionantes técnicos e humanos.

Moral da história: não nos preocupamos com a parte física das redes, até que alguma coisa inesperada acontece e nossos ‘pés-de-barro’ ficam à mostra, frágeis e indefesos, a ponto de poder fazê-las ruir em casos extremos.

Temos um exemplo recente ainda repercutindo na mídia. O Ministério da Educação decidiu concentrar as inscrições do Sistema de Seleção Unificado (SiSU) no seu website. As premissas eram perfeitas: o público jovem é conectado; a inscrição pela internet é conveniente e barata; o MEC possui um site adaptado para este tipo de tarefa. Tudo perfeito, exceto por um detalhe: a rede não estava pronta para suportar um número tão grande de estudantes acessando o sistema de uma só vez. Resultado? Matéria negativa de 2 minutos no Jornal Nacional… (http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2011/01/ministerio-da-educacao-prorroga-prazo-para-inscricoes-no-sisu.html) e demissão do presidente do INEP, órgão do MEC responsável pelo SiSU, logo no dia seguinte (http://g1.globo.com/vestibular-e-educacao/noticia/2011/01/presidente-do-inep-deixa-o-cargo.html).

A expansão das redes TIC está tornando a tecnologia cada vez mais acessível para contingentes maiores da população. Dados recentes mostram que a taxa de penetração do número de celulares no Brasil já corresponde a quase 93% da população, no que pese as desigualdades sociais ainda existentes no país apresentarem uma base de pré-pagos consideravelmente maior, a reboque da carga tributária e altos custos de serviços (www.mobilepedia.com.br/noticias/numero-de-celulares-no-brasil-deve-ser-maior-do-que-o-de-habitantes-em-2011). O fenômeno que se presencia com a telefonia vai continuar se estendendo a outros segmentos de hardware.

E 2011 promete ainda mais pressão para crescer com a rede telemática, mesmo que a infraestrutura brasileira esteja aquém de tais necessidades. Podemos pensar que o caso do MEC é uma exceção porque o ‘pé-de-barro’ ficou à mostra ao sair do ar. O MEC não está sozinho. Vale a pena conferir o relatório da Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivos (TelComp) com um panorama até 2020 do estado de nossas redes físicas em TIC: (http://arquivos.s2publicom.com.br/405/multimidia/4149Image.pdf )

Assim, desejo compartilhar minhas dúvidas e inquietações com os demais colegas: O quão seguros podemos estar de nossa infraestrutura? É preciso acelerar este processo? Em caso positivo, como? Este processo deve ser liderado pelo mercado ou pelo poder público? No caso de serem ambos, qual o papel de cada ator? Quais são os pontos críticos para avançar na questão da mão-de-obra e das tecnologias disponíveis? O que um grupo como o nosso pode fazer? (já reconhecendo este espaço como um pontapé inicial para o desafio…)

Autor

Diretor de Marketing e Negócios na ISDN Infraestrutura e Talentos em TIC, já tendo atuado em empresas nacionais e internacionais nas áreas de turismo e lazer, representação empresarial, navegação e operação portuária, saúde, química, educação e esporte. Comunicador Social, dedica-se atualmente ao mestrado em Novas Tecnologias da Comunicação pela Universidade do Estado do RJ. Especialista em Pesquisa de Mercado e Opinião pela mesma instituição, participou também de formações gerenciais na França e especialização em Marketing e Gestão de Serviços (ESPM-RJ). Atua também como professor da FACHA, lecionando na cadeira “Opinião Pública e Pesquisa de Audiência”. Entre suas produções, destaca-se o artigo “Relações Públicas na criação de ambientes de negócios”, no livro “Com credibilidade não se brinca”, lançado pela editora Summus.

Anderson Ortiz

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