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O modelo educacional brasileiro e seu déficit de qualidade na formação de profissionais de TIC

publicado por Diego Salim De Oliveira

Figura - O modelo educacional brasileiro e seu déficit de qualidade na formação de profissionais de TICÉ bem verdade que o Brasil possui profissionais de destaque mundial nas mais diversas áreas.

Mas será que realmente nosso sistema educacional forma bons profissionais? Ou seria um caso de mérito pessoal?

Neste artigo buscarei me atentar ao mercado de TIC, mas é claro, em alguns momentos precisamos analisar o modelo educacional como um todo, já que algumas das deficiências que temos são estruturais e não pontuais. O artigo reflete de maneira superficial e resumida minha opinião sobre o tema, tema o qual me desperta real interesse, de modo que, caso algum leitor queira aprofundar a discussão, estarei à disposição para refletirmos em conjunto sobre o assunto.

O primeiro problema que vejo é que vivemos em um país onde até hoje o sistema educacional está preso no século XIX, uma “pequena” defasagem de 200 anos…

Em nossas escolas, salvo raríssimas exceções, ainda somos ensinados a decorar, não a pensar.

Durante toda a vida escolar nos é dito o que é o “certo” ou a “verdade”, com pouco espaço para reflexão e interpretações diferentes, e praticamente nenhuma demonstração prática da utilização daquele “conhecimento”. Basta ver que qualquer jovem de 17 ou 18 anos, aprovado em uma universidade pública de primeira linha, não sabe no que vai usar 90% do que aprendeu dos 07 aos 17, ele apenas estudou porque precisava disso para passar no vestibular.

Aliás, pensar é quase um crime no Brasil. Por N razões as quais não cabem discorrer a respeito neste artigo, o cidadão brasileiro é desencorajado a pensar, e isto se reflete diretamente no mercado de trabalho, na qualidade de nossos profissionais.

Mas, voltando ao nosso tema central, vale a pena a reflexão.

Do que você aprendeu na escola, quantos % utilizou na sua universidade? Quantos % utiliza no seu dia a dia, seja na vida pessoal ou profissional?

E quando entramos na universidade, não é diferente.

É claro que na universidade já temos uma maior dose de demonstrações práticas, já somos encorajados a refletir melhor, ao menos sobre alguns temas. Mas aí encontramos uma grade disciplinar inconsistente.

Por exemplo, na área de TIC a maioria dos cursos superiores, mesmo os de “grande renome”, focam em desenvolvimento de software e dão uma leve pincelada sobre banco de dados, sistemas operacionais e redes. ERP, Infraestrutura e outros temas importantes são praticamente ignorados. Negócios então, nem se fala, as aulas de Gestão e Negócios, quando existem, são muito básicas, sem gerar qualquer nível substancial de conhecimento.

Como podemos formar bons profissionais de TIC, se eles se formam sem conhecimentos adequados de infraestrutura?

Ora, é a infraestrutura que suporta a execução de todos os sistemas, que permite a comunicação de dados, a operação dos sistemas, que fornece os recursos de processamento, armazenamento e comunicação, e até mesmo que garante a integridade física e a disponibilidade da informação (que os blocos conterão os dados corretos, sem serem perdidos ou sobrescritos por erros ou falhas de hardware ou mesmo falhas humanas, em algumas situações, e que estes dados estarão disponíveis para acesso, quando necessário).

Como podemos ter bons profissionais de TIC, se na universidade não lhes são fornecidos conhecimentos adequados de negócios?

A área de TIC presta serviços para todas as áreas da organização, principalmente para as áreas de negócios. Como você pode atender com eficiência um cliente, se não conhece de verdade suas necessidades? Como você pode criar soluções inovadoras para os negócios, utilizando a tecnologia e recursos disponíveis, se você não entende o funcionamento dos negócios, muito menos possui uma visão estratégica a respeito?

Entre outras inúmeras falhas de nosso sistema de ensino.

Mesmo um profissional que pretende se especializar em uma área específica, por exemplo, Banco de Dados, ou Redes, precisa ter uma visão sistêmica do todo, seu funcionamento e como as diferentes áreas se interconectam, isto lhe permitirá não apenas identificar com maior facilidade a causa-raiz de eventuais problemas, como também atuar no dia a dia com maior eficiência no desenvolvimento de soluções que tirem proveito de vantagens e funcionalidades do ambiente como um todo, obtendo melhores resultados a menores custos.

Tenho que reconhecer que realmente possuímos no Brasil inúmeros profissionais de alta qualidade e com profundo conhecimento, nas mais diversas áreas.

Mas a qualidade destes profissionais se deve muito mais ao próprio esforço, a constante busca pelo conhecimento, e ao aprendizado prático, muitas vezes até com o investimento de recursos das empresas no treinamento de seus profissionais, do que a qualidade do ensino.

E deixo uma última questão. O quão longe seriam capazes de chegar estes profissionais, se tivessem um ensino de superior qualidade?

Por isto, cabe a todos nós, gestores, educadores, estudantes e profissionais, refletirmos a respeito e buscarmos criar meios para que estas lacunas de aprendizagem sejam preenchidas, para que a médio e longo prazo tenhamos não apenas profissionais cada vez mais qualificados, mas também um maior número destes profissionais.

A Índia está ai, dominando cada vez mais o cenário mundial de TIC, e o Brasil, mais uma vez, está ficando para trás.

[Crédito da Imagem: Modelo educacional – ShutterStock]

Autor

• Profissional com 16 anos de experiência em empresas multinacionais e nacionais de Tecnologia da Informação e Telecomunicações, com conhecimentos e experiência adquiridos nas áreas Comercial, Canais, Parcerias, Produtos e Técnica. • MBA em Gestão Estratégica de Negócios (ESALQ/USP), Master in Information Technology (FIAP) com módulo internacional pela Singularity University, Pós-graduação em Administração (UNIP) e graduação em Tecnologia em Marketing (UNIP). • Sólida experiência na gestão de equipes multidisciplinares. • Liderança técnica e comercial de projetos estratégicos em clientes privados e públicos, incluindo experiência e conhecimento da Lei Federal 8.666/93. • Experiência em Tecnologia da Informação (TI), incluindo Soluções em Big Data Analytics, Nuvem (Cloud), Continuidade de Negócios, Recuperação de Desastres, Virtualização (de Servidores, Desktops, Aplicações e Armazenamento), Bancos de Dados, Redes (SAN, LAN e WAN), Arquivamento, Data Center, Monitoramento e Mascaramento de Dados. • Experiência em Segurança da Informação (SI), incluindo Cyber Intelligence, Anti-DDoS, Segurança Perimetral e de Redes, End Point Security, MDM (Mobile Device Management), DLP (Data Loss Prevention), entre outros temas. • Experiência em Telecomunicações, incluindo Fixas e Móveis. • Experiência em Automação, com foco em M2M (Machine to Machine) e IoT (Internet of Things). • Domínio da Lei Geral de Proteção de Dados e das Resoluções 4658 e 3909 do Banco Central do Brasil. • Conhecimentos em Administração, Contabilidade, Gestão Tributária, Marketing e Direito (com foco em Direito Digital e legislação específica a respeito a respeito de Licitações e Contratos Públicos). LinkedIn: https://www.linkedin.com/in/DiegoSalimDeOliveira

Diego Salim De Oliveira

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