Tecnologia

Ξ Deixe um comentário

O fim do segredo mais bem guardado do mundo

publicado por Roberto C. Mayer

O uso da Tecnologia da Informação no Brasil, tanto por empresas quanto por governos, vem sendo feito desde os anos 1960. Nem mesmo o artigo publicado por Edward Yourdon em 1985 na Byte Magazine, que deixou de circular há quase 20 anos, falando da competência do país no uso da Tecnologia da Informação como diferencial para dispor, por exemplo, de um sistema financeiro que foi capaz não apenas de conviver com altos índices de inflação, mas com constantes mudanças de padrão monetário, em prazos de alguns poucos dias, fez com que o Brasil fosse reconhecido no exterior como um país competente em aplicar a TI. Prova disso, são os interlocutores internacionais que diziam que o uso da TI e a competência do nosso país na aplicação ao dia a dia empresarial eram o ‘segredo mais bem guardado do mundo’.

A participação do Brasil na CeBIT, a maior feira de Tecnologia da Informação de todo o mundo, como país parceiro oficial, representa um marco na divulgação da marca Brasil e a revelação do segredo ao mundo.

É preciso registrar que a escolha do país parceiro da CeBIT – um país diferente a cada ano – se dá com vários anos de antecipação. O Brasil se tornou o primeiro país latino-americano a desempenhar esse papel e enviou a maior delegação que já concorreu a qualquer edição da CeBIT – composta por cerca de quatrocentas pessoas – que também contou com a presença da Presidente da República.

Na abertura da feira, o CEO da Google deu uma visão do impacto da TI sobre a sociedade e como a tecnologia global precisa ser adaptada aos costumes locais. O discurso da Presidente Dilma Rousseff se concentrou em mostrar uma imagem do Brasil que transpira tecnologia. Entre os exemplos citados esteve o Programa Nacional de Banda Larga (PNBL), o foco do Governo no software livre, além de algumas iniciativas ainda não lançadas, como a licitação da telefonia móvel 4G e a cobertura com Internet para todas as escolas rurais do país. Na área de formação de recursos humanos, ela deu muita ênfase ao fato de que dez mil estudantes brasileiros serão formados, em nível de graduação e pós-graduação, pelo programa Ciência sem Fronteiras.

A Assespro Nacional tem desenvolvido um plano de ação para colocar o Brasil como marca reconhecida no cenário mundial. Como parte desse plano, foi lançada a feira iTech, a realizar-se anualmente no mês de novembro em São Paulo e que na edição de 2013 incluirá a realização da GPPS 2013 – a Cúpula Mundial de Políticas Públicas em TI (evento bianual da WITSA).

A significativa presença de delegações da Europa Oriental não pode passar sem um comentário específico: esses países estão passando por um processo de desenvolvimento econômico e político, com história e problemas muito semelhantes aos brasileiros. Se aqui tivemos uma ditadura militar determinando os rumos do país até o final dos anos 1980, lá o comunismo implantado pela ocupação soviética ao final da Segunda Guerra Mundial cumpriu o mesmo papel, ficando conhecido como “Cortina de Ferro”. O colapso da União Soviética e a nossa primeira eleição presidencial com voto direto foram eventos contemporâneos. As dificuldades na reorganização do ambiente político, que duram até os dias atuais tanto por lá como no nosso país, acompanhadas de momentos de brilhante desenvolvimento econômico, criam desafios semelhantes, tanto para o país como para as entidades de TI.

Se o Brasil tem pretensões de ser um dos líderes globais no mundo da TI, não só não pode ignorar o desenvolvimento que ocorre no resto do mundo, como deve usá-lo em seus planos. Isso vale tanto para o uso dos exemplos bem-sucedidos de estratégias de negócios como para o estabelecimento de alianças estratégicas com países em situação semelhante à nossa. A liderança não pode ser alcançada apenas no discurso, assim como não pôde ser sequer cogitada enquanto a TI do Brasil foi ‘o segredo mais bem guardado do mundo’. Nesse sentido, consideramos que a participação na CeBIT realmente se configurou num fato histórico.

Autor

Roberto Carlos Mayer é diretor da MBI, diretor de comunicação da Assespro Nacional e presidente da ALETI (Federação das Entidades de TI da América Latina, Caribe, Portugal e Espanha).

Roberto C. Mayer

Comentários

You must be logged in to post a comment.

Busca

Patrocínio

Publicidade



Siga-nos!

Newsletter: Inscreva-se

Para se inscrever em nossa newsletter preencha o formulário.

Artigos Recentes