Tenho visitado várias APLs de software para conversar com os desenvolvedores da região sobre NFC-e, S@T CF-e, PAF-ECF e todas as incertezas que giram em torno dessa sopa de letrinhas contábil que vem tornando a vida dos empresários do ramo de ERP mais difícil. Em todas as situações, a dúvida é sempre a mesma: Para onde vamos afinal?
Por n fatores, acredito que a NFC-e tem grandes vantagens em relação aos projetos concorrentes e está alguns passos a frente, porque agrega uma série de benefícios para todos os envolvidos na emissão deste documento: Sefaz, desenvolvedores, consumidor final e emitente. Por outro lado, nós vivemos em uma república federativa, onde a responsabilidade por aderir um projeto ou outro depende de cada estado, sua legislação e suas lideranças.
Conseguimos nessa situação ter uma boa perspectiva – principalmente com a massificação do projeto agora em 2014 – de que a maioria dos estados venham a aderir no curto e médio prazo lançando seus calendários de obrigatoriedade fiscal, adequando os webservices e se organizando para receber a grande quantidade de emitentes. Enquanto isso, a software house precisa adequar seus processos e sistemas para receber a demanda de mercado que virá em breve, pois é ela que deve levar essas soluções até o mercado.
Aqueles que trabalham com clientes de várias regiões do país, vão precisar ainda por um tempo, manter as três soluções fiscais operando para atender o cliente – afinal é ele quem dita as regras. Quem deseja sair na frente e se antecipar, já pode começar a desenvolver pensando soluções NFC-e disruptivas para o varejo, pois a partir de agora diversos paradigmas serão quebrados e que não terão mais volta.
O ponto de venda é uma característica do sistema varejista atual que é praticamente ditado pelas impressoras ECF, que dizem onde o cliente deve finalizar sua compra e realizar o pagamento. Mesmo com o aumento exorbitante do uso do cartão de crédito na ultima década e surgimento de caixas automatizados, a regra é muito clara no varejo: para comprar você precisa passar no caixa. Parece tão óbvio que não dá pra pensar de outra forma.
Mas e se a partir de agora, isso não for mais necessário? E se para fechar a compra não existir mais essa regra e o vendedor puder fazer isso em qualquer parte do estabelecimento, até mesmo no provador? Quanto o usuário do software poderia aumentar em faturamento preparando o vendedor para esse novo tipo de abordagem?
São algumas reflexões – das muitas que podem ser feitas para pensar em inovações nos produtos – que a massificação da NFC-e nos coloca para entregar ao varejo sistemas mais direcionados ao futuro dos estabelecimentos comerciais. Estamos ainda em um momento onde quem direcionar seu desenvolvimento para essa linha de raciocínio ainda é considerado assumir um risco, mas não vai levar muito tempo (na minha opinião, em torno de dois anos) para que isso se torne mais comum e vejamos uma massa de empresas adaptando suas soluções para softwares que entregam um valor maior e jamais visto.
Para os mais céticos, já existem empresas atuando com sistemas de venda mais flexíveis e que atendam a essas novidades do mercado em estados onde a obrigatoriedade da NFC-e já é realidade. É só uma questão de tempo até essas soluções começarem a se espalhar pelo país, criando um novo varejo que está nascendo agora.