Com a relevância cada vez maior das atividades relativas à Tecnologia da Informação, fato este motivado pela elevação da maturidade dos processos dessa função, assim como sua respectiva integração com os processos organizacionais, o tema governança de TI ganhou visibilidade nas grandes organizações, dada a necessidade de efetiva integração, alinhamento e controle de suas ações com os processos voltados para atividades fim das empresas.
A transformação da TI em uma função estratégica para uma companhia baseia-se em, dentre um conjunto de ações, na capacidade de tomadas de decisões estratégicas, que venham a apoiar de maneira eficaz, os seus objetivos. Tendo como base os conceitos defendidos por Weill e Ross (2004), para o efetivo estabelecimento de uma governança de TI, é importante que sejam tomadas decisões referentes à governança de TI no mais alto nível de abstração, os princípios de TI, que são, segundo os autores um conjunto relacionado de declarações de alto nível sobre como a Tecnologia da Informação é utilizada no negócio.
Decisões relacionadas ao investimento de TI, definição de arquitetura ou mesmo aquisição de licenças são elaboradas somente após a identificação dos princípios de TI, tendo justamente como base tais diretrizes. Estes são definidos e alicerçados na estratégia da organização, sua visão e metas, funcionando basicamente como um link entre os objetivos de negócios e respectivas necessidades de TI a serem geradas e atendidas pela área.
Essas diretrizes devem definir o comportamento desejável para os profissionais, além de possivelmente ser utilizadas como ferramentas que venham a conscientizar executivos sobre a estratégia tecnológica de decisões em investimentos. O conceito relacionado a portfólio de TI ajuda a balancear e realinhar os investimentos dessa área tanto com relação a estratégia da organização, assim como quanto ao clima econômico externo. Tal atividade exige que os recursos investidos estejam classificados em categorias que reflitam os respectivos objetivos de negócio relacionados. Adicionalmente, essa atividade fornece dados históricos de desempenho de investimentos, elencados por categorias, resultando na possibilidade de melhores tomadas de decisão futuras.
Dessa forma, os objetivos estratégicos de TI, originados de diretrizes fundamentadas na visão da organização e integrados aos processos organizacionais fornecem à área critérios de decisões de investimentos em TI, que venham a apoiar a definição de uma estratégia que possibilite resumidamente, a execução das seguintes ações táticas:
- Definir uma arquitetura de TI em linha com os princípios estratégicos, garantindo o devido nível de integração e padronização dos processos. A padronização dos dados por proporcionar melhor integração, permite que a empresa apresente uma identidade única aos seus clientes e stakeholders. Adicionalmente, necessidades de negócio podem mudar de acordo com fatores externos constantemente, contudo, as empresas precisam dar flexibilidade as suas arquiteturas, fato este, enfatizado nessa atividade. Por prover direcionamento para a infraestrutura, as decisões tomadas nesse âmbito são essenciais para a gestão eficaz dos recursos de TI;
- Construir e manter uma infraestrutura tecnológica de TI que reflita as reais capacidades demandadas pelo negócio, possibilitando a sua efetiva utilização. O investimento excessivo em infraestrutura pode resultar em desperdício de recursos, enquanto baixo investimento pode acarretar em implementações apressadas e malsucedidas. O conceito de serviços nesse caso é de total importância, uma vez que as áreas usuárias de TI tendem a valorizar mais prontamente a prestação de um serviço do que um componente tecnológico, por exemplo, além de auxiliar na percepção de elevação da maturidade da área diante da empresa;
- Identificar as necessidades de aplicações de negócio, tendo como objetivo principal além de sua automatização, a aplicação de razoáveis controles, de forma que suportem e reproduzam sempre os adequados níveis de integração e padronização dos processos. Decisões sobre as necessidades de aplicações envolvem a identificação de processos centrais e a definição de mudanças em atividades que venham a trazer benefícios, com foco em mudanças de fato significativas. O valor gerado é resultante de mudanças habilitadas pela TI;
Ter princípios de negócio traduzidos em diretrizes de TI buscam promover o efetivo alinhamento estratégico, não só evitando perdas com o aumento de eficiência, como também possibilitando ganhos para a organização através de oportunidades geradas nessa área. Dessa forma a TI maximiza a percepção de seu valor por parte da organização.
A adoção dessas ações possibilita que em determinado prazo, por meio do ganho de maturidade em seus processos, a área deixe de ser vista meramente como centro de custos, para ser enxergada como parceira, fundamental para que sejam viabilizadas novas sinergias e oportunidades de negócios.