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Empresários e Executivos Brasileiros: É a Inovação a única saída?

publicado por Antônio Sérgio Borba Cangiano

Essa semana as publicações sobre inovação no Correio Brasiliense e na Carta Capital apresentam estudos importantes sobre a economia Brasileira, com a Balança Comercial tendo resultados negativos com os principais parceiros: China, Estados Unidos, Argentina, Alemanha e Japão. Esse assunto vai ficar muito tempo em discussão. Interessante o perfil do comércio Brasileiro de importações de manufaturados e exportação de “commodities” basicamente agrícolas e minerais: minério de ferro, soja, petróleo e açúcar. Do lado das importações Brasileiras temos: Máquinas e peças para indústria, aparelhos e peças de TV e Telefonia, turbinas a vapor, tela de notebooks, partes e acessórios de computadores etc. Outros itens entram na pauta com a Argentina por exemplo, Caminhões, Automóveis, farinha de trigo e nafta e petróleo.

Acontece que na relação de preços entre commodities e manufaturados, os últimos levam vantagem, e o Brasil precisa torcer para aumentar o preço das commodities no cenário internacional para ficar no azul.
O Brasil precisa mudar, a ótima situação de pleno emprego (aprox. taxa de apenas 6% de desemprego), com uma indústria não competitiva e inflação em ameaça, exige mudança para manter e crescer, e a saída para muitos economistas é aumento da produtividade, e isso significa: INOVAÇÃO.

Para os profissionais de TI, inovação é o dia a dia, a tecnologia é utilizada tanto no crescimento como na recessão econômica. No crescimento para otimizar processos, aumentar o “market share”como consequência da qualidade de atendimento, do melhor produto ou de serviços qualificados com uso a automação. Em processos recessivos para reduzir custos de processos ineficientes, racionalizar a empresa e focar para resistir às adversidades colocadas pelos competidores e pela escassez de recursos em circulação.

A inovação possui essa qualidade de colocar os empreendimentos em condições superiores de competitividade, com maior produtividade e com produtos e serviços que encantam os clientes e consumidores, com menores custos. Mas inovação é um negócio arriscado, que não tem resultados garantidos, a menos que seja gerido por líderes convincentes, que tenham comportamentos fora da zona de conforto e que estão dispostos a investir em pesquisa e desenvolvimento. Empresários e executivos com essa liderança são poucos no Brasil, que é reconhecido como exportador de commodities e não de serviços e manufaturados. Com exceção da Embraer, da Embrapa e da Petrobrás, empresas mais inovadoras em nosso solo, e notem: com forte presença do estado em seu capital misto, são reconhecidas como inovadoras em seus respectivos campos: Tecnologia aeronáutica, Agrícola e de extração de petróleo na plataforma marítima. Podemos incluir as privadas: Natura – cosméticos, Weg – motores elétricos e maquinas agrícolas, e Marco Polo – ônibus, existem outras, incubadas, de pequeno porte, fruto de políticas de investimentos para a inovação, mas ainda inexpressivas no cenário internacional.

É natural que inovação não depende só dos empresários e executivos, mas eles são o que há de mais relevante, que podem transformar cenários políticos e consequentemente econômicos, e todos os outros aspectos tais como: capital a investir, taxa de câmbio, tributação, infraestrutura, logística, investimento em P&D e capital intelectual e atuar em sintonia com o mercado global. Empresários e executivos são capazes de tudo mudar com vontade e liderança contando com apoio governamental que já existe.

Inovar é sangue, suor e pensamentos pró-ativos e inéditos, que componham novas estruturas, que a partir de velhos conceitos, serviços e produtos se transformam, como Joseph Shumpeter, o economista da destruição criadora, mostrou. O executivo lidera sua equipe para mergulhar nas profundezas das expectativas do público-alvo, dos processos, dos serviços e produtos atuais, como Steve Jobs da Apple, para emergir com novo oxigênio e ousar realizar as mudanças para introduzir a inovação com qualidades sustentáveis. O que se espera de executivos, não é um comportamento vazio, na zona de conforto das multinacionais com sede no Brasil, e P&D lá fora. O que se espera é que ele conheça profundamente o negócio, que reflita constantemente com novo oxigênio, que as suas ações produzam produtos, serviços e conceitos criativos, aderentes a realidade dos negócios, da sociedade, em sintonia com o mercado global onde circula a riqueza maior que não é commodities. Saber avaliar que entre commodities e manufaturados, o manufaturado tem mais valor, e tem mais inteligência incorporada, portanto é esse que devemos buscar exportar.

Na Sociedade da Informação, conhecimento é capital intelectual que tem que ser aplicado na prática, e os executivos e empresários Brasileiros devem direciona-lo para buscar essas conquistas com a inovação, buscar “insights” facilitadores para tornar nossos trabalhadores mais produtivos e nossos produtos e serviços colocados globalmente. Os objetivos dos empresários e executivos são: liderar o processo político, realizar a inovação com fluxos de caixa e resultados ambientais sustentáveis, e acima de tudo que sejam realizáveis e amplamente exportados e atraentes aos clientes e sociedade global. Não é tarefa fácil, por isso é mais comum empresários e executivos, com poucas exceções permanecerem na zona de conforto, e esse espaço de inovação ser ocupado por empresas com participação do Estado, e pouquíssimas com capital exclusivamente privado no Brasil.

A reportagem do Correio Brasiliense “Só Inovação Salva a indústria” conclui com três exemplos de Brasileiros Inovadores, mas que não puderam desenvolver no Brasil: Albert Santos Dumont, inventor do avião, Vital Brasil, inventor de soros, vacinas e medicamentos e Roberto Landell de Moura que transmitiu as primeiras ondas de Rádio da história em 1884. Se esse desenvolvimento estivesse ressonância no Brasil, hoje poderíamos ter…, porque não? uma Boeing Brasileira, uma Merril Lepetit e uma Ericsson ou uma Marconi com capital nacional, por exemplo, e com projeção no mercado mundial. Pergunto a empresários e executivos, porque não adotarmos o efeito Pigmaleão, acreditar que é possível competir no cenário global e liderar para realizar a inovação no Brasil. Desempenhar esse importante papel social é o que se espera de nossos executivos e empresários.

Autor

Mestre em Engenharia de software: redes de computadores pelo IPT - USP, Bacharel em Ciências Econômicas e em Ciências de Computação, ambos na Universidade Estadual de Campinas. É Certificado pelo PMI em Gestão de Projetos – PMP e Conselheiro de Administração e Fiscal – IBGC/CCI. Experiência em empresas multinacionais, nacionais e públicas de grande porte: IBM, Ericsson, Unisys, Atos Origin e no SERPRO como diretor de gestão empresarial. Atuação executiva nas áreas de TIC, Finanças e venda de soluções. Conhecimento e habilidade nas áreas de: Planejamento, Gestão, Comercial, Projetos, Certificação Digital, Viabilidade Econômica/Financeira, Segurança e Sustentabilidade. Hoje exerce cargo de Assessor da Presidência do ITI – Instituto de Tecnologia da Informação – responsável pela ICP Brasil. Autarquia supervisionada pela Casa Civil do Governo Federal. Participa da câmara de segurança e é membro substituto ambos no CGI.BR.

Antônio Sérgio Borba Cangiano

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