Náufrago Digital é uma expressão que vi por aí mas não sei se tem um significado. Eu estou usando esta expressão para me identificar e rotular nestas férias.
Fui para o interior de Minas. Lugarzinho excelente. Mas lá não pega sinal de celular. O telefone pára de funcionar em dias chuvosos. A Internet estava com “poblema”. Parece que o único provedor de acesso na cidade estava de férias e só iria rebootar o sistema dia 03/janeiro. A TV estava funcionando. Mas só haviam 2 canais que realmente “pegavam”. Até tentei o “Bombril” na ponta da antena. Eu fiquei 5 dias absolutamente ilhado.
No primeiro dia, foi ruim. Me senti isolado do mundo, como se o Twitter fosse apagar minha conta por falta de uso, como se meus aplicativos no “Blackberry” fossem todos expirar suas licenças. Como andar no meio do mato sem o “Google Maps” ?? Li quase tudo que tinha no “iPad”. E foi então que decidi sair pra dar uma volta pelo sítio.
Comi manga direto no pé. Bebi leite de vaca, e não da “caixinha”. Literalmente, plantei batatas. Colhi alface de verdade, não no “Frontierville” ou no “Colheita Feliz”. Sim, amigos, existe vida fora da tela e faz bem desconectar-se do resto do mundo.
Mas este artigo na verdade é pra falar sobre infraestrutura, ou melhor, sobre a falta dela. Que diferença faria na vida dos pequenos agricultores do interior se pudessem ter acesso à previsão do tempo via Internet ? Se usassem telefone corporativo nas suas propriedades ? Se pudessem ver no “GoogleEarth” como dividir melhor seus pastos e lavouras ? Se seguissem no Twitter os preços dos seus produtos ? Sem falar nos filhos, que poderiam estudar o que quisessem, à distância.
Desafio para o novo governo: realizar as obras de infraestrutura necessárias para levar Internet a todo o país. Um vasto território, eu sei. Mas nada é impossível na tecnologia. Basta um bom Gerente de Projetos e vontade política para viabilizar os recursos. Antenas em cidades estrategicamente posicionadas e links de rádio poderosos fariam o trabalho. Não é difícil para um país que é uma das maiores economias do mundo.
O Plano Nacional para Banda Larga (PNBL) me parece um pouco vago. Diz que fará financiamentos, incentivará TIC´s, aumentará o PIB. Não vi muita coisa de concreto. Precisamos, como país, agir rápido porque investimentos no Brasil são burocráticos e principalmente, a execução destes projetos não é algo rápido. Instalar uma antena no Pantanal não me parece exatamente fácil ou rápido. Exige uma operação logística considerável, inclusive para mantê-la funcionando. Num país que tem acesso Internet no interior via celular, isso pode representar um problema muito grande.
E por favor, Banda Larga é acima de 2 mbps. Qualquer coisa abaixo disso não é “Largo” o suficiente para as aplicações que temos hoje à nossa disposição.
Otimo post,
lendo isso eu me recordo dos 5 anos que morei em Bonito no Mato Grosso do Sul, onde na época que cheguei lá havia apenas uma lan house com 4 computadores 40 moleques querendo jogar e uma conexão de 256 Kbps.
Eu me sentia frustrado, como pode uma cidade turística com conhecimento a nível internacional, onde quase todos os dias eu vivia observando e as vezes papeando com algum gringo da Nova Zelândia, Egito, Inglaterra e até do Japão, não ter uma infraestrutura adequada e muito menos o interesse do governo e de empresas privadas de investir nestes locais. Como falado de minas, em Bonito existe também muitas fazendas cerca de 90% delas para criação de Gado.
Lembro-me de um caso onde eu estava em uma visita técnica da faculdade que fazia, cerca de 40 KM de qualquer cidade, um bezerro estava doente e não tínhamos remédio para ministrar, tentamos entrar em contato com algum zootecnista mas o telefone não funcionava, não tinha sinal de celular. A única opção era entrar no carro e ir para a cidade atrás do remédio, correndo o risco de não encontrar. Como facilitaria a vida do capataz da fazenda se houvesse internet ou muito menos um telefone que funcionasse, evitando a morte do bezerro, que fomos em 2 cidades atrás do remédio e não encontramos.
Hoje o cenário mudou um pouco com a instalação de alguns enlaces de rádio em fazenda possibilitando a comunicação com as cidades muito mais rápida e barata, restando apenas o surgimento de concorrentes com os atuais prestadores de serviço, que devido a grande requisição de serviços, ao invés de diminuir os preços, eles aumentam cada vez mais.
Mudancas acontecem sempre, algumas a curto prazo e outras a tão longo prazo que ate esquecemos delas, mas um dia ocorrem. O que precisa acontecer agora, acredito eu que uma drástica mudança no mercado de telefonia, onde as tarifas ainda estão um pouco altas para que a maioria da população passe a utilizar ainda mais os recursos tecnológicos moveis.