dilema da gestão
Por outro lado, independente de qual seja a escolha, os desafios atuais exigem cada vez mais do trabalhador do conhecimento e seus grupos colaborativos, a capacidade de autogestão e cooperação criativa.
Ou seja, de uma forma ou de outra, a necessidade sobre a capacidade de gerir (seja problemas, soluções, processos, relacionamentos, etc) estará sempre presente e faz parte da evolução cognitiva do profissional dos dias de hoje e mesmo do ser humano, cada vez mais integral.
Nesse caminho, surge a busca incansável pelas fórmulas e ferramentas gerenciais que aparelhem esse trabalhador e resolvam essa lacuna.
A grande decepção chega quando se descobre que não será o conjunto de metodologias, técnicas, processos, indicadores, ferramentas, etc. que irão atender aos anseios desses novos gestores. Haverá uma grande lacuna comportamental a ser desenvolvida e descoberta.
Por outro lado, quando falamos de comportamento, pensamos logo nas atitudes, posturas e meios de se relacionar com os outros, liderar equipes, comunicar-se, dentre outros. Assim, gostaria de propor um enfoque diferente sobre essas capacidades cognitivas que afetam diretamente o modo de ver o mundo e de interagir com ele.
Já vi muitos profissionais se sentirem perdidos quando descobrem que, uma vez coordenadores ou gerentes, o que se espera deles não é mais a sua primorosa capacidade de execução e conhecimento técnico profundo. Tampouco a organização consegue comunicar de forma clara e inequívoca, que conjunto de novos comportamentos e atitudes eles devem apresentar para serem bem sucedidos. No máximo, promovem algum tipo de formação em liderança como se tudo se resumisse a boas práticas de gestão de pessoas (como se pessoas pudessem ser gerenciadas, mas isso fica para outro artigo).
Assim, para fugir um pouco das recomendações tradicionais de autoajuda em gestão, gostaria de propor uma reflexão sobre os tipos de conflitos a que se vê exposto o novo líder e que capacidades seria desejável desenvolver.
- Reduzir a complexidade do que nos cerca, simplificando conceitos e processos, além de propor abordagens mais claras e objetivas para interpretar a realidade;
- Atenuar as ambiguidades que acompanham o bombardeio de informações e experiências, encontrando razão de ser para elas, mesmo quando admitidas como transitórias;
- Diminuir a incerteza de que somos acometidos quando não conseguimos dedicar atenção e discernimento suficientes para compreender, classificar e justificar tudo o que nos rodeia;
- Ter paciência e vontade de lidar com outros seres humanos, todos plenos de sonhos, expectativas e desejos, além de sedentos de algo que lhes dê sentido maior que o simples cumprimento das metas e objetivos acordados.
Estas capacidades ajudarão a construir significado para os desafios. Gostaria de enfatizar o termo construir significados, pois é assim que costumo resumir o principal desafio de um gestor ou líder: A construção, manutenção e renovação de significados.
É essa necessidade de um sentido maior do que a rotina, que impulsiona líderes e liderados na direção da realização profissional e pessoal, garantindo motivação e compromisso com a busca persistente de bons resultados.
Para uma abordagem mais geral sobre construção de significado, recomendo a leitura do livro do psiquiatra e sobrevivente do holocausto Viktor Frankl – Em Busca de Sentido.
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