Sabe aquela sensação de sair da loja com seu novo notebook e ao virar a esquina, você sabe que já saiu uma nova versão do infeliz do software? E aquela sensação péssima de esperar 6 meses para trocar seu celular, e quando você finalmente decide trocar e faz o negócio, sai um novo bem melhor na semana seguinte? Pois é essa sensação de obsolescência que tem perseguido nossa geração.
Ultimamente, o conhecimento e a tecnologia estão se multiplicando. Isso não é novidade e é perceptível em qualquer ramo da tecnologia, seja no de eletrodomésticos, computação, automotivo, aviação, ciência, alimentação, entre outros, e essa multiplicação será cada vez mais acentuada e agressiva. O problema é que isso gera em nós uma constante insatisfação pessoal quanto ao consumo, e mais ainda, exige de nós a constante renovação e busca pelo que há de melhor e mais moderno. E o triste é que nunca venceremos essa luta.
O legado negativo desse sentimento de sempre estar ultrapassado se dá ao afetar o nosso comportamento profissional e a condução da nossa estratégia na carreira. Independente de qual geração você se encontra, é fato que para ser bom no que você faz é preciso tempo e experiência. Em qualquer profissão é necessária experiência. Mas parece que no momento, não é bem assim que as pessoas pensam e se comportam.
Basta pesquisarmos alguns perfis no Linkedin, que veremos essa situação. O cidadão começa como alguma coisa Junior, e em 3 ou 4 meses já é outra coisa Sênior e em menos de 2 anos, já é Master Plus Advanced na área dele. Será?
Acredito fortemente que a troca de empresas, em determinadas fases da carreira é extremamente saudável, mas trocar o tempo todo me parece mais um desequilíbrio profissional. Tem alguns currículos que a barra de rolagem chega a ferver ao rolar a quantidade de empresas que o indivíduo publica.
Quando falamos de carreira, é importante refletirmos que para se tornar um especialista, para se ter domínio de determinadas áreas de conhecimento, é fundamental a experiência. Falo da experiência como um todo, que inclui o relacionamento pessoal, a aplicação e teste de conceitos e de técnicas, o aprendizado das disciplinas fundamentais nas áreas de negócio. Arrisco a dizer que em quase todas as carreiras, essa fase de experiência e amadurecimento é mandatória. Existem sim algumas profissões que requerem um grau de inovação e renovação quase que mensal, por conta da aplicação de determinada tecnologia. Mas no geral, a experiência adquirida pelo tempo é o padrão.
Obviamente, fica implícito que a renovação na carreira e a atualização constante continuam valendo. Se assim não for, você está condenado. Mas o desafio que lanço é que cada profissional seja responsável e maduro para analisar seu momento, e evitar que a sensação da obsolescência o contamine e que lute para achar o equilíbrio entre estabilidade, experiência e inovação.
E encerro lembrando com saudades do rádio relógio do meu pai, que durou mais de 15 anos e sempre cumpriu seu propósito, bem como do aparelho de som com dois tocadores de fita cassete que permitia gravações de uma fita pra outra, que durou uns 12 anos, e do meu primeiro walkman que foi um sucesso e do…. chega… lágrimas caindo. Boa reflexão.
Abraços,
Ricardo Antoniassi, um profissional apaixonado pelo que faz!
[Crédito da imagem: Obsoleto – ShutterStock]
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