O foco do texto de hoje é sobre a função de Analista (de Requisitos, Negócios, Processos, Teste ou Sistemas), aquele responsável por identificar, compreender e especificar as necessidades requisitos do produto a ser executado (desenvolvido). Mas, poderia se estender a grande parte dos profissionais da área de Exatas, tendo em vista que conheço profissionais de outras profissões desta área que não gostam de ler e sempre ao serem indagados me respondem com o mantra: “Eu sou de Exatas, e não de Humanas, logo, não tenho que gostar de ler. ” – e, claro, discordo totalmente.
Todos nós, de Exatas, independente de sermos Analistas ou Programadores, nos expressamos muito mais com a comunicação escrita do que falada. Quer um exemplo? Pensem em quantos e-mails utilizamos para tratar de todos os assuntos e questões do nosso cotidiano.
Ou seja, precisamos saber como nos expressar de forma clara, coesa, objetiva e que gere a menor dúvida ou ruído possível no receptor da nossa mensagem. E como conseguimos escrever bem? Lendo (muito e sempre).
Não me refiro a literatura técnica (livros didáticos, guias, manuais, metodologias, normas e outros), mas sim a narrativa de histórias (romances, biografias, dramas, ficção, política e qualquer outro gênero).
Durante minha carreira me deparei com certas escritas que me indignaram. A forma confusa, o vocabulário limitado, expressões coloquiais, redundância nas informações e falta de coerência que prejudicaram completamente a recepção e decodificação daquela mensagem.
Um caso de uso precisa facilitar a vida do Desenvolvedor (que o executará) e do Usuário (que o validará), portanto, a linguagem utilizada precisa ser muito bem aplicada para que um público tão distinto consiga compreender a única mensagem emitida no documento de forma correta. Portanto, se o Analista não estiver familiarizado com as mais distintas maneiras que existe para transmitir uma mensagem, contar uma história, ele dificilmente conseguirá encontrar um meio de se expressar com a objetividade e a clareza necessárias para atender a estes leitores diversos.
Eu sempre desconfio quando vou entrevistar um candidato para Analista de Requisitos que não tenha o hábito de ler, por isso a redação é fundamental para avaliar como ele se expressa por escrito, obviamente, isso não é uma regra, pois, conheço uma profissional que não gosta de literatura de nenhum gênero, mas, sabe se expressar por escrito de forma satisfatória (esse caso é uma exceção).
Ao meu ver, a leitura não nos permite apenas aprender a escrever melhor, como a analisar, interpretar de forma mais apurada, conseguimos considerar mais nuances dentro de um contexto, que talvez sem essa prática pudesse passar desapercebido.
O olhar crítico sobre a nossa escrita muda muito a medida que vamos adquirindo novos conhecimentos. E isso é fundamental ao nosso cotidiano, por exemplo, ao precisarmos comunicar sobre uma situação ao CEO e aos nossos pares não podemos redigir um único e-mail, porque provavelmente o CEO não terá tempo para ler um e-mail longo, cheio de detalhes, ele precisará de algo mais conciso, prático, claro para que leia e capte a nossa mensagem de imediato. Já aos nossos pares o detalhamento poderá ser feito (e, possivelmente, será lido) sempre problemas. Como conseguimos essa percepção? Através da prática da escrita e do aprendizado com a leitura.
Portanto, se você é um Analista – que precisa abstrair necessidades e repassá-las de forma escrita a outros papéis da cadeia de negócio – e não gosta de ler, o convido a fazer uma autorreflexão: “Quantas vezes seus documentos foram mal interpretados e você precisou reescrevê-los?”. E a você que é da área técnica e também não gosta de ler faço outro questionamento: “Quantas vezes seus e-mails foram interpretados de forma equivocada e você teve que falar pessoalmente para explicar o que tentou dizer por escrito? ”.
Depois que você encontrar essa resposta (e eu acho que não gostará muito dela) o convido a um desafio: leia ao menos um livro ainda este ano (de qualquer gênero literário – exceto técnico). Depois me diga se sua percepção e a forma de se expressar por escrito não melhorou (fique atento às idas-e-vindas das suas mensagens, observe se irão diminuir).
Tenho certeza que você só terá bons resultados.
Boa leitura. Sucesso na trajetória!
Leave a Comment