Em análise ao processo de coaching, segundo o autor Outeiral (2002) que analisa estas identificações ao se misturam e se fundirem continuamente, constituindo “uma identidade, um indivíduo, alguém único no mundo, sem igual” (ibid., p.59). Essa identidade vai se transformando (metamorfoseando) ao longo da vida, expressando-se “na capacidade de construir novas identidades, integrando nelas as identidades superadas e organizando a si mesmo e as próprias interações numa biografia inconfundível” (Habermas, 1983, p.80), “a identidade que se constitui no produto de um permanente processo de identificação aparece como um dado, e não como um dar-se constante, que expressa o movimento social” (Ciampa, 1993, p.171).
Podemos então definir melhor como se desenvolve o processo de coaching. A função do coach no processo de coaching é a de facilitar à autoconsciência, a identificação do potencial de realização, o reforço da autoestima, a definição dos objetivos, a elaboração e acompanhamento da realização do plano de ação e o reconhecimento das conquistas. O processo de coaching através da autorreflexão, definição de metas, ações e comportamentos, facilita a eliminação das barreiras e obstáculos que impedem um transformação do cliente. A participação do coach é a de facilitar o desenvolvimento, ou melhor, a transformação do cliente, ajudando-o na realização de seus desejos e objetivos, facilitando para que ele possa atingir sua autonomia, emancipação, autorrealização e êxito, através da concretização de seus desejos. O coach não dá treinamento, não ensina, não define padrões, não avalia o desempenho. No coaching não é o coach e sim o cliente quem identifica e estabelece os objetivos que ele mesmo pretende atingir. O coaching não se confunde com terapia, embora exista alguma sobreposição entre as duas abordagens, como construções teóricas similares, confidencialidade, relacionamento praticante-cliente etc. Enquanto na terapia o foco é tipicamente retrospectivo, relacionamentos anteriores, problemas e padrões de comportamento, no coaching as recordações não compõem o seu principal eixo, pois o processo se dá com foco no presente e no futuro, buscando a desvelar as possibilidades presentes e tendo em vista despertar a consciência para a ação. Durante as sessões de coaching, embora os afetos atravessem a linguagem do cliente, as dificuldades de ordem emocional, traumas, angústias e sofrimentos não são abordados, mas recomendados para um processo terapêutico com outro profissional.
Referências bibliográficas
PIMENTA, FF. A transformação através do processo de coaching. In: SPINK, MJP., FIGUEIREDO, P., and BRASILINO, J., orgs. Psicologia social e pessoalidade [online]. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais; ABRAPSO, 2011, pp. 157-168. ISBN: 978-85-7982-057-1.
Habermas, J. (1983) Para a reconstrução do materialismo histórico. São Paulo. Brasiliense
Outeiral, J. (2002) Conhece-te a ti mesmo. São Leopoldo. Unisinos.
Ciampa, A. da C. (1977). Identidade social e suas relações com a ideologia. Dissertação de Mestrado. São Paulo. PUC.
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