Antes que alguém pense o oposto, vou esclarecer o título: não sou contra nenhuma iniciativa de sustentabilidade, pelo contrário, dou todo o apoio. Desde que ela seja REAL.
A definição de ‘hype’ é: a promoção extrema de uma pessoa, idéia, produto. É o assunto que está “dando o que falar” ou algo que todos falam e comentam. Geralmente é algo passageiro, como um assunto da moda.
Agora que explicamos estes dois pontos, vamos lá:
Ah, as corporações. Algumas das grandes seguem o mantra: estar sempre na vanguarda. Não importa se é relevante para o negócio ou não. Estar na linha de frente, entrando em qualquer nova onda, reagindo a qualquer tendência, mostra (ao menos na interpretação dos responsáveis), que a empresa está sempre “antenada” com os acontecimentos. É a filosofia do “não importa se o sistema funciona perfeitamente bem com Windows XP, como acabou de sair o Windows Vista, precisamos instalar de qualquer jeito.”
Somando isto com a inacreditável capacidade que as empresas têm em fazer algum tipo de propaganda acerca de todas as suas atividades, chegamos ao triste resultado: o hype da sustentabilidade.
É a transformação de uma boa intenção em auto-promoção. Afinal, não interessa ajudar o mundo, se os outros não souberem que você está fazendo isso.
Você certamente já recebeu através do seu e-mail interno corporativo, alguma mensagem que contém a foto de uma criança sorrindo, e a palavra “SUSTENTABILIDADE” no título. Já ter iniciado efetivamente alguma ação sustentável antes do envio deste e-mail é inteiramente opcional. Você inclusive já deve ter participado de reuniões (obrigatórias, claro) sobre o tema.
Não estou de forma alguma dizendo que toda empresa faz isso. Mas se a empresa que gasta x em iniciativas sustentáveis, gastar 10x com a publicidade destas mesmas iniciativas, tem algo muito errado.
Todo mundo quer estar na vanguarda, mas não quando há um verdadeiro risco financeiro.
Afinal de contas, até as boas intenções têm que dar lucro.
Para finalizar, uma dica para os empresários mais desavisados:
Cancelar os ônibus para transporte de funcionários alegando “diminuir a pegada de carbono” não é iniciativa sustentável.
E por favor, chega de fotos de crianças sorridentes.
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