Outro dia estava em São Paulo a trabalho, e no final do dia combinei um happy hour com um amigo para comemorar o aniversário dele. Profissional também renomado da área de Segurança da Informação e professor assim como eu, me pediu para fazer uso de uma das minhas falas que me acompanham há muito tempo: “…cara, ou você é lembrado pelo que faz ou é apenas mais um. Ou sua reputação te precede ou talvez seu trabalho não tenha o valor que você imagina. Ou seja, ou você é referência para os outros ou é apenas mais um, é estatística…”. Eu autorizei e disse à ele para ficar à vontade para usar como e quando quisesse.
Conheço uma pá de “profiçionais” que se lançam a cada dia no mercado com um mínimo de bagagem teórica, profissional ou de vida, e que se autointitulam CONSULTORES. Isso, de fato, não me gera indignação, mas apenas uma simples pergunta: como isso é possível? Talvez pudesse até perguntar como a mídia usa muito hoje: “Pode isso, Arnaldo?”
Possuo duas graduações (uma em fase de conclusão neste ano), duas pós-graduações, uma grande quantidade de treinamentos e cursos, me qualificando neste momento para as certificações Green Belt e Black Belt, e mesmo assim percebo que existe muita informação ainda para adquirir, e informação que gere conhecimento, tanto em Segurança da Informação quanto em Gestão, não informação fútil…
Acredito que se hoje minha reputação me precede, isso tem um baita background. Vários ex-alunos em posições de destaque no mercado de trabalho, sendo reconhecidos pelos seus conhecimentos teóricos postos em prática, e gratos aos seus mestres. Diversos trabalhos executados com louvor e reconhecimento do cliente. Um nível de conhecimento teórico e prático testado e aprovado trabalho após trabalho realizado. Ou seja, isso não surge da noite para o dia. Mas não surge mesmo !!!
Certa vez assistindo a palestra de um amigo também coach, gostei muito de uma de suas colocações: “…vocês sabem o que é maturidade? Quem quiser eu posso desenhar: I-D-A-D-E + M-A-D-U-R-A, ou seja, nem que você queira muito vai poder mudar a ordem cronológica dos fatos. Maturidade é experiência adquirida com o passar dos anos…”. Juro que nunca tinha olhado dessa forma. Não há como comparar a experiência de vida de um sujeito de 25 anos com um de 50 anos de idade. São 25 anos a mais de vida vivida. 25 anos a mais de vitórias e derrotas, de alegrias e tristezas, e se o camarada não estudou nada neste período, ainda assim possui 25 anos a mais de conhecimento tácito.
Fato cômico aconteceu na Universidade Federal de Goiás, campus Jataí. Certa vez fui convidado para ser Keynote Speaker em um congresso de TI promovido por eles e uma coisa me chamou a atenção e depois rir muito do episódio. Uma aluna do curso de Sistemas de informação me pediu para escrever um artigo específico para seu trabalho de conclusão de curso. Eu agradeci a honra e a oportunidade, e me comprometi a fazê-lo. A sua resposta foi, no mínimo, inusitada pra mim: “…professor, se o senhor puder vir na minha formatura, eu ficaria muito feliz de poder dançar com o meu referencial teórico…”. Aqui, fala sério! Depois de me sentir meio Matusalém, personagem bíblico, senti na pele como alguns poucos felizardos nesta vida contribuem para o crescimento pessoal e profissional de outras pessoas, assim como eu pude fazer.
Agora vamos falar um pouco de você. Que histórico profissional você tem construído? Qual foi a última vez que você parou para olhar pra trás, nos últimos 5 anos por exemplo, e fez uma avaliação simples mesmo de como você evoluiu ou não profissionalmente. Quais foram suas contribuições para a comunidade profissional? O que você fez que foi digno de ser seguido por outras pessoas? O que você fez que valeu tanto a pena ter feito que outros, sem que você pedisse, reconheceram o seu valor e sentiram o desejo de, de alguma forma, serem como você?
Se sua avaliação foi positiva, se percebeu que se tornou uma referência profissional ou pessoal para alguém, meus parabéns e votos que continue fazendo diferença. Mas se sua avaliação te mostrou que você foi apenas mais um em um cenário profissional que aponta para a busca de profissionais que tenham um “algo a mais” para oferecer, eu, se fosse você, estaria bastante preocupado…
Como o único fato irreversível e incontestável nesta vida é a morte do nosso corpo físico, vale aqui a máxima “enquanto se há vida, há esperança”. Mãos à obra! Se você não conseguir guardar muita coisa deste artigo em sua cabeça, guarde pelo menos o seguinte: “Pra ser diferente, é preciso fazer algo diferente“. Se já viu isso em algum lugar, agora é hora de gravar essa máxima na cabeça e por isso em prática de uma vez por todas!
Você não precisa inventar uma nova forma de criptografia de dados para ter o reconhecimento da comunidade de segurança da informação, por exemplo, mas precisa fugir ao convencional, ultrapassar as barreiras dos limites que você mesmo se impõe. Isso mesmo! Somos nós, na maioria das vezes, que nos impomos barreiras.
Quem ainda não viu, recomendo fortemente que assista um vídeo disponível no Youtube, do colega da USP Prof. Clóvis de Barros Filho, intitulado “sobre ter culhão”. Apesar do título forte e talvez ofensivo para alguns, garanto que os termos de baixo calão presentes no vídeo quase passam despercebidos diante de um conteúdo tão forte e contundente. Você come, bebe, dorme, da mesma forma que todo mundo, então porque se sentir inferior a alguém? Ou no caso deste nosso artigo, porque se contentar em ser mais um? Em ser estatística?
Seja mais! Faça mais! Vá além do que você “acha” que pode. Faça diferença…seja referência para alguém. O mundo é composto por estatísticas, mas conduzido por referências. A escolha é sua! Boa sorte, saúde e sucesso.
[Crédito da Imagem: Referência Profissional – ShutterStock]
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