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O ERP como ferramenta de alavancagem estratégica

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Figura - O ERP como ferramenta de alavancagem estratégicaA evolução dos processos corporativos

A dinâmica dos mercados e a pressão exercida por melhores resultados levaram as empresas a aperfeiçoar seus processos internos, visando a eficiência operacional. Neste processo de evolução, os computadores foram fundamentais, automatizando rotinas e minimizando os riscos transacionais, permitindo o entrelaçamento orgânico de todas as funções.

Tal automação, não só da produção mas dos processos internos de uma organização, representa mais do que a mecanização de um esforço físico ou mental, representa a programação de um conhecimento específico, pois esse é o grande benefício da tecnologia: traduzir um conhecimento em outro.

McLuhan afirma que a medida que a automação avança, vai ficando claro que a informação é o bem de consumo mais importante e que produtos sólidos são meramente incidentais no movimento informacional, e é justamente a informação que restaura a autonomia humana perdida no processo de automação, portanto a gestão da informação resultante dos processos corporativos é fundamental para o domínio do gestor sobre os processos.

O ERP evoluiu

O ERP como conhecido, cujo objetivo era o de fornecer um backoffice eficiente e íntegro, atuando como o alicerce de toda a informação corporativa perdeu a sua vez. O ERP deixa de ser visto como uma exigência operacional para se tornar uma exigência estratégica. Mais do que integrar departamentos, processos e pessoas, o novo ERP tem agora a missão de integrar a cadeia de valores, unificar a cadeia produtiva e aproximar os mercados, transformando a empresa através da integração com os fatores externos que fortemente a afetam.

A principal consequência dessa nova visão sobre o software de gestão é o fato de que, para qualquer sistema fechado que interaja com outro sistema qualquer, seja fechado ou aberto, gerará uma ruptura pela necessidade de absorção e adaptação ao novo cenário, visto que a integração entre dois sistemas nada mais é do que um processo de convergência entre conhecimentos programados distintos.

Essa ruptura exigirá da empresa a evolução de suas capacidades dinâmicas, e o software de gestão não deve ser o entrave que irá impedir esse desenvolvimento, mas sim a ferramenta que irá incentivar e alavancar o desenvolvimento dessa importante qualidade corporativa, vista como o principal diferencial competitivo das empresas no século XXI, requisito não só para a sobrevivência da organização mas para o crescimento sustentável em um mercado cada vez mais competitivo.

O novo ERP

O novo ERP aproveita a total integração disponibilizada pela nuvem, agregando diversas características fundamentais para a viabilidade econômica da empresa, onde pequenos detalhes podem representar grandes resultados operacionais e econômicos.

Assim como o telégrafo fez a mensagem andar mais rápido que o mensageiro, a integração da cadeia de valor (Fornecedor à Produtor à Consumidor) através do sistema de gestão favorecerá o processo produtivo, encaminhando as empresas não só para o pleno atendimento das necessidades de consumo mas, principalmente, para a antecipação destas necessidades, colocando a empresa um passo à frente do consumo, sendo estas integrações o principal motivo pelo qual o produto em si se torna meramente incidental.

Robert Browning cita que o alcance de um homem vai além daquilo que ele pode agarrar. Praticamente todas as formas de riqueza derivam do movimento da informação, o que transformaria o novo ERP (e suas integrações, internas e externas) em uma extensão dos braços da organização, não só aumentando aquilo que ela possa agarrar, mas também melhorando a qualidade daquilo que está efetivamente agarrando, criando assim o verdadeiro gerador de riquezas através da informação.

As capacidades dinâmicas da empresa

Uma coisa é fato: O tempo de resposta a um evento diminuiu significativamente para aqueles que se preocupam em se manter competitivos no mercado globalizado. Em 1964 McLuhan já afirmava que, por conta da tecnologia, o fator tempo adquiriria novas formas no mundo dos negócios e das finanças. Segundo ele:

Quando a informação se desloca à velocidade dos sinais do sistema nervoso central, o homem se defronta com a obsolescência de todas as formas anteriores de aceleração, tais como rodovia e ferrovia.

Cada vez mais teremos mais informações em intervalos menores de tempo, o que exigirá respostas mais rápidas e efetivas na readequação dos recursos disponíveis, sejam estes materiais ou humanos, com objetivo de efetivamente atender a demandas cada vez mais dinâmicas e diferenciadas.

Neste cenário de aceleração dos negócios em resposta à aceleração das transformações sociais, especialmente nas características de consumo, o sistema de gestão deverá se tornar o principal agente de alavancagem das capacidades dinâmicas da empresa, favorecendo o processo de transformação contínua da empresa, e garantindo não só a sobrevivência, mas também sua qualidade competitiva da organização, criando assim o negócio economicamente sustentável.

O ecossistema do ERP

O ecossistema de um ERP representa as relações que este produto deverá ter no ambiente ao qual está inserido para que seja passível de alavancar a viabilidade econômica da organização.

De acordo com Jansen, ecossistema de software é “um conjunto de negócios, empresas e entidades que funcionam como uma unidade e interagem com um mercado compartilhado para fornecer software e serviços, levando em consideração o relacionamento entre eles”.

Podemos enxergar este ecossistema em três dimensões, que por fim acabam ampliando de forma significativa o universo da organização. São eles:

Técnico: Amplifica a capacidade técnica da organização através da integração com outras empresas. Um bom exemplo disso é a integração com empresas especializadas em características fiscais das transações comerciais, que podem validar de forma efetiva a aderência da empresa às regras legais do ambiente ao qual está inserida.

Social: A amplificação das relações sociais existentes entre a organização e seu público alvo. Um bom exemplo disso é a integração com as redes sociais, que permita capturar as percepções do público acerca da empresa, seus produtos e seus concorrentes e relacionar tais percepções com os dados analíticos internos e validar o grau de estreitamento das relações existentes entre a empresa e seu público.

Negócio: Amplifica a capacidade de negócios da organização através do pleno entendimento da cadeia de valores. Um bom exemplo disso é a antecipação de demandas que, através de acordos com a cadeia de suprimentos, pode gerar grandes oportunidades para a organização.

Conclusão

O novo ERP é consequência da demanda de poucas empresas de ponta que conseguem, através da utilização adequada de seus sistemas de informação, Definir o futuro.

O novo ERP exige muito mais do que tecnologia, exige gestão e pessoas que não se prendam aos dogmas da produção em série e entendam que um mundo cada vez mais dinâmico exige organizações e pessoas cada vez mais dinâmica. As regras que foram excelentes ontem já não funcionam para o mundo de hoje.

McLuhan afirma que a tecnologia é o principal fator de aceleração das transformações sociais e não cessará de agir até a saturação de todas as instituições sociais, pois, “Todos os sentidos se alteram com a aceleração, porque todos os padrões da interdependência pessoal e política se alteram com a aceleração da informação”.

No novo ERP, as razões pelo qual uma organização adota um sistema de gestão fará a diferença entre o sucesso e o fracasso em um mundo de rápidas transformações, aceleradas pela tecnologia.

A demanda por sistemas de gestão focados em alavancagem estratégica e plena integração da cadeia de valores criará produtos de ERP que permitam a aproximação entre os diversos agentes do negócio, consolidando as relações comerciais e tirando a empresa da posição de um mero vendedor de produtos e colocando ela na posição de integradora das transformações sociais.

[Crédito da Imagem: ERP – ShutterStock]

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