Há mesmo muita vaga e pouco candidato dentro da TI?

Muito tem se falado e publicado por aí que o mercado de TI está aquecido e com muitas vagas e que há poucos candidatos… Seria trágico se fosse verdade e ouvir ou ler isso por aí dá uma impressão que os profissionais de TI são raros e as empresas clamam por mão de obra, mas quem está no meio disso tudo sabe que não é bem assim a realidade. Então não há inúmeras vagas abertas de TI? Há sim e realmente são muitas vagas, mas a grande maioria, ainda atrevo-me a arriscar uns 90%, são exigindo certificações (no plural), vasta experiência, fluência em algum idioma (de preferência dois) e em alguns casos conhecimento em segmentos diferente dentro da TI, algo como um Cardiologista ter que ser também um Neurologista e com alguma experiência em Ortopedia para lhe pagar salário de nível Junior, mas que deveria ser de pelo menos de um Sênior, quiçá de Coordenador. O que isso causa? Exatamente o que estamos vendo. Sim, poucos candidatos aceitando tais “ofertas”, mas o número dos que negam ainda é muito pequeno em comparação aos que se submetem aos baixíssimos salários e altas exigências. O mercado de TI, infelizmente, ainda é muito desvalorizado, mesmo as próprias empresas sabendo que sem uma TI eficaz, a empresa sequer engatinha, nem anda e muito menos corre. Acompanhando o mercado de contratações fortemente nos últimos dois anos, pude ver absurdos em ofertas de trabalho como “cargos” gerenciais dentro da TI pagando, acredite, R$ 900,00.

Isso mesmo, novecentos reais. Em outras palavras, um pouco mais de um salário mínimo e a vaga pedia conhecimentos, claro, de um gerente e todo gerente que aqui lê sabe o que é preciso para chegar a esse cargo, agora imagine ganhando esse “salário”. O mercado de trabalho chegou ao ponto de dividir os cargos. Antes passávamos por estagiários, trainees, analista jr, pleno, sênior, Supervisor/coordenador e gerente. Agora há Gerente Junior, Gerente Pleno e Gerente Sênior. Será que precisa disso tudo para pagar salários cada vez mais baixos dentro da TI?

Há mesmo muita vaga e pouco candidato dentro da TI? was last modified: dezembro 12th, 2013 by Fabiano Mello
Fabiano Mello: - Especialista em Gestão de equipes de Suporte Técnico, Service Desk, administração de redes, ordens de compra, contratos, gerenciamento de projetos, controle de pagamentos nacionais e/ou internacionais. - Certificado MCSE pela Microsoft, ITIL v2, v3 e Gestão de TI, Serviços e Processos pela Fundação Getulio Vargas. Linked in: http://br.linkedin.com/in/fmello Twitter: @fteixeiramello

Ver comentários (24)

  • Muito pertinente o artigo, ilustra a triste realidade do profissional da área de TIC. Creio que muita gente só continua na área porque realmente gosta.

    Ao ler alguns anúncios de vagas tenho a impressão que ao descer a barra de rolagem verei um trollface embaixo. Antes visse. O pior é que não estão brincando.

  • As empresas acabam pagando o preço dessa desvalorização do profissional mais cedo ou mais tarde. Com salários tão baixos os profissionais acabam escapulindo por qualquer "cascalho" a mais. Sem conseguir reter os profissionais a elaboração de planos de longo prazo fica mais complexa pois não podem contar com a experiência do pessoal que já estava lá.

  • como a próxima geração trata de gestão, seria bom para eles se lembrar de onde eles foram... e como eles foram desvalorizados por seus PREDESCESSORES.

    Brasil está se tornando um país desenvolvido, mas o atraso não é para a falta de vontade, há uma abundância de vontade em jovens e adultos jovens do Brasil. O atraso é da falta de valor atribuído as novas competências que foram aprendidas pelos jovens do Brasil - e de não ter um sonho e visão além do horizonte de hoje.

    Este é um artigo muito bom - a perspectiva para se lembrar é que todos no Brasil está passando por uma transição de um país em desenvolvimento a um concorrente global. É bom que Fabiano e outros discutir tais coisas, e que Augusto tenha fornecido tal um fórum para essas discussões.

    Embora eu seja nos EUA, eu não serei por muito tempo - Estou ansioso para ter essas discussões em pessoa com muitos de vocês em São Paulo, BH, RJ, Curtiba, em todo lugar no Brasil...

  • Olá Fabiano,

    Excelente artigo,

    Como sempre digo, infelizmente no Brasil tudo é visto como custo inclusive salário para bons profissionais e a única fórmula utilizada para medir crescimento é dinheiro. Por isso vemos cada vez mais absurdos.

    Outro dia mesmo vi uma vaga onde se exigia; Curso superior completo, 03 Certificações e Inglês fluente e acreditem oferendo um salário de R$ 1.200,00

    Quer dizer você investe para se profissionalizar para receber propostas como essas.

    Espero que um dia mude.
    Abraços,

  • Fabiano,

    você está de parabéns! Seu artigo foi direto ao ponto da AUTOSABOTAGEM que as empresas cometem... Essa "tática empresarial" provoca:
    * Altos índices de absenteísmo;
    * Baixa qualidade;
    * Baixa produtividade;
    * Provocam e intensificam problemas de relacionamento;
    * CAUSAM ATAQUES INTERNOS à segurança da informação e por aí vai.

    Mas a autosabotagem não para por aí: O acúmulo de funções, os desvios de função, e a "contratação" cnPJ cria o fenômeno EUpresa (empreendedorismo). E qual a consequência disso para as empresas? AUMENTO DE COMPETITIVIDADE já que em algum momento nossos colegas de TI perceberão que abrir uma empresa para continuar trabalhando para os outros é inviável.

  • O setor está num processo de canibalização igual ao que aconteceu com telecomunicações, a qual época tive a sorte de pegar o apogeu. Depois, decadência total.
    O negócio é se reinventar, se mexer.
    O texto retrata a sintese do SABER MUITO e GANHAR POUCO.
    Eu desisti.

  • Muito importante este artigo revelando o que realmente acontece no mercado de TI. Uma realidade bem diferente das demonstradas nos canais de TV e nas Faculdades.

  • Cada área tem sua realidade... apesar de os cursos, qualificações e certificações não garantirem a nenhuma empresa um profissional de qualidade que trará retorno, isto é bem valorizado entre os profissionais de TI.
    Algumas outras áreas são mais objetivas quanto à eficácia de um profissional.
    Na área comercial por exemplo... é fácil "medir" um bom profissional, e isto não está relacionado à quantidade de certificações que ele tem!

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