Gustavo Ioschpe: Brasil: a primeira potência de semiletrados?
A área de TI não pode ignorar este fenômeno Muitos abominam a revista veja por que enxergam nela uma tendência política clara.De fato, em alguns momentos a tendência é clara. Mas, acredito no poder do raciocínio que cada ser humano é capaz de produzir, se informando, se atualizando, estudando, se desenvolvendo. Então, todas fontes devem ser levadas em consideração. Gosto de “ouvir” todas as opiniões e visualizar todas as possibilidades, é assim que formo minha opinião sobre as coisas, ou consigo “ganchos” para pesquisar sobre determinado assunto. É difícil esgotar todas as possibilidades, mas, é possível obter informações de todas as orientações políticas.
Li esse artigo na veja e enxerguei reproduzido nas suas linhas uma correlação com meus pensamentos sobre a educação no Brasil.
O artigo de Gustavo Ioschpe pode ser lido na íntegra em:
O texto trata de como a educação falha pode influenciar negativamente a vida de um país. O desleixo com que a educação é tratada no Brasil é um descalabro. Entre discursos demagógicos e bravatas estamos nos tornando uma superpotência econômica desprovida de cérebros.
Um caos – O preço: um futuro medíocre para a população e a falsa sensação de independência do país. Na verdade, essa situação é boa para alguns.
Quem? as celebridades de sempre: As elites, os políticos corruptos, os países colonialistas, entre outros.
Enquanto esta situação persistir “as veias abertas da américa latina” jamais se fecharão e cicatrizarão. O “sangue” continuará escorrendo e sendo sugado pelos oportunistas.
Esse livro: “as veias abertas da américa latina” de Eduardo Galeano, datado de 1978 trata de um tema oportuno e atual. Sinceramente gostaria que fosse parte do passado.
Infelizmente não é e pior: está longe de ser.
Onde a TI entra nisso? não é só a TI, todas as áreas.
Especialmente a TI que é a área na qual atuo. O que se espera dos futuros profissionais?
Acredito que se espera pessoas hábeis no que fazem, mas, mais do que isso, pessoas que saibam se comunicar, escrever, falar. Isso é muito mais do que programar, codificar ou qualquer atividade meramente técnica.
Ioschpe define claramente uma situação hoje e alerta para um futuro incerto.
É necessário agir já.
O sistema de ensino no Brasil é tão inacreditavelmente frágil e incompetente que não consegue formar cidadãos capazes de utilizar corretamente a linguagem ou de possuirem poder de persuasão ou crítica.
Esse tipo de habilidade só é possível melhorando-se a qualidade do ensino. Um país que não consegue dar uma educação de nível internacional aos seus cidadãos corre o risco de ter um apagão de mão de obra ao longo do tempo e a área de TI não está imune a isso.
Por isso que quando li o artigo para mim foi um divisor de águas, pois, as idéias colidiram e se fundiram as minhas.
É bom, porque têm-se a certeza de que o assunto é abordado na sociedade e vislumbra uma luz ao fim do túnel.
Melhorar o sistema educacional é a chave para o sucesso e a garantia de qualidade da mão de obra. As barreiras para que isso ocorra são as de sempre: políticas.
Mais do que se formar, se graduar, se especializar. Todo esse processo deve ser feito com qualidade, quando não é assim, o risco para o país é imenso.
Os novos imigrantes
Ancorados também neste problema muitos estrangeiros buscam oportunidades no Brasil.
A qualidade da formação dessas pessoas normalmente são melhores do que as nossas, além da fluência em inglês. O problema enfrentado por elas é a barreira lingüística: A língua portuguesa é uma barreira de entrada forte, muitos a consideram muito difícil. Porém, para concorrermos com essa mão de obra altamente especializada não deveremos bater as portas do governo exigindo que elas sejam banidas, precisamos sim é cobrar uma educação decente para todos. Um sistema educacional competente e profissional que seja capaz de fazer as pessoas aprenderem, isso é mais importante. Melhorando essa qualidade, não temeremos nada e ninguém, competiremos. Chegar aos níveis europeus ou dos EUA demorarão gerações. Mais uma vez: precisamos começar já, para que as próximas gerações possam usufruir de algum benefício.
Podemos ter certeza: Esses novos imigrantes estão dispostos a agarrar as oportunidades com unhas e dentes e como o nosso país não prioriza a nossa formação educacional, a vantagem deles é grande, dependo do país de origem, considerando América do Norte e Europa, é muito difícil competir com um povo que na sua maioria, sempre teve educação de qualidade.
Mas não é impossível, apenas mais difícil.
O novo ministro da ciência e tecnologia Aloizio Mercadante deseja criar facilidades para atrair de volta os cientistas brasileiros que atuam em universidades no exterior. Ele estima que mais de 3.000 professores brasileiros ministram aulas em universidades dos EUA. Certamente, é uma ótima notícia para todos, talentos nativos que podem voltar e equilibrar um pouco a falta de mão de obra qualificada e também, como prioridade, os brasileiros que voltarem atuarão em projetos estratégicos para desenvolvimento do país.
Com toda certeza esse movimento custará para o país muito mais agora do que se custaria se o Brasil tivesse investido em educação. Talvez, esses professores que buscaram oportunidades no exterior nunca tivessem ido embora.
Voluntariado
O trabalho voluntário na área de educação dos jovens, incentivando-os a acreditar em si mesmos, é importantíssimo para despertar nesses jovens a importância da educação em suas vidas.
Esses jovens precisam acreditar que são capazes de vencer. Ou melhor: Estudar e vencer. Abrir a visão de mundo. Progredir. Se desenvolver.
Sempre existem organizações não governamentais que precisam de ajuda na área de tecnologia ou em outra área qualquer. O objetivo dessas organizações é alavancar os jovens e fazê-los acreditar que é possível.
Projetos educacionais
Modelos interessantes
Alguns projetos educacionais der sucesso em outros países me foi apresentado pela professora Maria Rachel Coelho (
http://www.mariarachelcoelho.com.br/), são as Charters Schools, que funcionam na cidade de Nova Iorque, no brooklin. O projeto educação sem desculpas. “No excuse education”.
Este projeto consiste em trabalhar jovens que estão em desvantagem sócio-econômica e fazê-los acreditar no seu potencial e que é possível. Os professores são selecionados e só os melhores são escolhidos.
O corpo docente é constantemente avaliado e cobrado sobre os resultados do projeto. Os que não se encaixam são substituídos.
Um modelo muito maduro e que pode servir de base para outros projetos semelhantes.
A verdade:
Sem Educação…
- Não há independência plena da nação;
- Não há desenvolvimento econômico sustentável;
- Não há possibilidades de manter a renda da população;
- Não há chances de sustentar o consumo e a toda atividade econômica de um país.
Ioschpe alertou antes dos economistas.
Hoje, muitas personalidades alertam para o problema:
Senador Cristovam Buarque: http://www.cristovam.org.br/portal2/index.php?option=com_content&view=article&id=3496:brasil-enfrenta-apagao-de-mao-de-obra-qualificada-1822010&catid=19&Itemid=100056
Denise Lustri: http://www.msaselecao.com.br/?p=1544
Fernando Trevisan: http://guiadoestudante.abril.com.br/blogs/trevisan-graduacao/trevisan/apagao-de-mao-de-obra/
Todos esses efeitos negativos da falta de qualidade na educação e da negligência do Brasil nesta área serão sentidos a longo prazo e pior, são difíceis de serem revertidos: gerações seriam sacrificadas para que uma reversão efetiva ocorresse de fato.
Os profissionais devem estar além das especializações e da coleção de letras tão tradicional da área de TI: A qualidade dos profissionais está diretamente ligada a qualidade da educação no país, e não é só na área de TI, em todas.
O apagão de mão de obra pode chegar até nós mais rápido do que pensamos.
A pena por não nos organizarmos e exigirmos profissionais de qualidade e formação adequada é a de nos transformarmos em robôs ou mísseis teleguiados.
Só para lembrar: Robôs não têm alma e mísseis se autodestroem.
Por essas e outras é que defendo que o ensino primário e fundamental , principalmente a graduação formal, são como um “calcanhar de aquiles” para qualquer profissional, especialmente para nós de TI.
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