Já reparou que quando ficamos perdidos ao dirigir, adotamos certos hábitos peculiares?
A primeira coisa que fazemos é baixar o volume do rádio. Não tem explicação, mas fazemos isso! Outra reação comum é fingir que nada está acontecendo e comentar cinicamente sobre a paisagem, sobre as casas, sobre o canto dos pássaros e jamais olhar para o lado. Também aceleramos mais, como se isso fosse levar para o caminho correto mais rapidamente.
Quando estamos sozinhos no carro e perdido, ficamos bravos, gritamos até com a vovó que está atravessando a rua, diga-se de passagem, na faixa de pedestres. Mas quando estamos acompanhados, nos tornamos o próximo candidato a canonização, tamanha santidade. Falsos!
Para nós, homens, é uma questão de honra não reconhecer que estamos perdidos, mesmo quando estamos 30 ou 40 quilômetros fora da rota. Reconhecer jamais! Inventamos mil desculpas.
– Ah, sim, eu quis pegar essa avenida sem retorno pra relembrar meu caminho de infância.
– Eu não errei o caminho, a culpa é do governo, que mudou esse retorno.
– Eu podia jurar que esse viaduto não estava aqui no mês passado!
– Preferi vir por aqui porque sempre tem blitz no outro bairro.
Enfim, quem nunca se perdeu no trânsito, que atire o primeiro GPS.
Ficar perdido de vez em quando faz parte e existem formas de recuperar esse tempo. Mas, viver perdido já se torna um sério problema. Em nossas carreiras, passamos por esses períodos de verdadeiro apagão sobre nosso propósito, e considero até saudável que isso aconteça pontualmente, pois gera movimentações na carreira, mas me impressiona muito o fato de existirem muitas pessoas que vivem nessa falta de propósito. Sabe aquela frase “tanto faz, já estou perdido mesmo!”? Pois é, é muito mais comum ouvir isso no ambiente empresarial do que imaginamos. Profissionais que estão exercendo suas carreiras sem saber o real sentido da escolha, que entraram no ramo por sorte ou talvez influência, sem jamais descobrir o verdadeiro motivo ou a verdadeira realização por trás do trabalho.
E o resultado dessa falta de propósito é a frustração pessoal, que desencadeia uma série de outras consequências ruins. Um profissional frustrado afeta a performance da equipe, desmotiva os membros de sua equipe, não entende a estratégia da sua empresa, não percebe o seu papel na organização e não aceita ou absorve novos desafios e o pior de tudo, deixa de sonhar e se torna amargurado.
Meu pedido, para o seu próprio bem, é que reflita sobre sua carreira, sobre o que lhe traz realização e motivação, sobre o trabalho que traz satisfação, sobre a paixão por aquilo que quer dedicar suas horas, seus dias, sua vida. Mude. Sempre há tempo para a mudança e para a redescoberta. Seja um profissional melhor atuando naquilo que é o teu propósito e sonho de vida. Com isso, não terão barreiras que irão lhe prender ou dificuldades que irão desanimá-lo, e tenho total certeza, que tanto você quanto sua empresa ou sua equipe, serão os beneficiados com a tua sensação de realização pessoal e profissional.
E quanto ao GPS, a única parte que o guia de ruas não tinha era a opção de recalcular rotas. O jeito era ligar o alerta do carro, estacionar, folhear mais algumas páginas e encontrar novamente o caminho correto.
Abraços,
Ricardo Antoniassi, um profissional apaixonado pelo que faz!
[Crédito da Imagem: Carreira – ShutterStock]
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