As primeiras conclusões se focaram em áreas de pesquisa científica, que demandariam uma atenção redobrada por parte dos pesquisadores (como é o caso da primeira conclusão de 2006, focada em cinco grandes temas, entre os quais, “Gestão da Informação em grandes volumes de dados multimídia distribuídos”).
Outro tipo de desafio elencado corresponde à necessidade de usar recursos computacionais para a resolução de problemas significativos da sociedade, como por exemplo, garantir o acesso participativo e universal do cidadão brasileiro ao conhecimento.
Este tema voltou a ser debatido durante o último Congresso da SBC, realizado ao final de julho, em Brasília, de forma simultânea com o III Encontro Nacional da Federação Assespro.
Embora as demandas da sociedade sobre a computação aumentem continuamente (o uso da tecnologia resultante para melhorar a saúde, educação, segurança e mobilidade urbana são claros exemplos desse potencial), ficou claro que o sucesso de sua real implementação depende do envolvimento do setor empresarial, responsável por completar o processo de inovação.
Tanto a SBC quanto a Assespro foram fundadas na segunda metade dos anos 70, tendo como pano de fundo a preocupação com a autonomia tecnológica do país (entre outros aspectos). Entretanto, a realidade tecnológica mudou radicalmente: discussões da época, sobre o tráfego de dados transfronteira despertam risos na era da Internet global. Se, naquela época, a substituição de longas viagens por videoconferências era possível apenas nos seriados de ficção científica, hoje, estão ao alcance de qualquer cidadão conectado à rede.
O advento da computação em nuvem e, em particular, do fornecimento de software como serviço (conhecido pela sigla SaaS) exacerbam ainda mais a competição tecnológica global. Assim, se nos anos 70 o foco estava na autonomia tecnológica, nos dias atuais a “chave do cofre” está na capacidade de sermos detentores de inovações tecnológicas.
O tecido empresarial do setor de Tecnologia da Informação é composto majoritariamente por pequenas empresas. Grandes e médias empresas representam menos de 15% do total. Esse é o cenário que precisa ser levado em conta para o que consideramos como terceira e definitiva frente de atuação nos grandes desafios da Computação no Brasil: os setores acadêmico e empresarial precisam trabalhar de forma conjunta, com o apoio do poder público, para criar um ambiente no qual a inovação possa prosperar.
Esse tipo de cooperação, no qual SBC e Assespro estão atualmente empenhadas, poderá não apenas influenciar as políticas públicas que afetam seus membros, mas gerar uma cooperação efetiva que permita levar a pesquisa desenvolvida no país para o mercado, garantindo a posse de inovações e o aumento da produtividade ou da qualidade do serviço prestado pelos clientes, que se beneficiarão do processo.
*Roberto Carlos Mayer é diretor da MBI (http://www.mbi.com.br), vice-presidente de Relações Públicas da Assespro Nacional e presidente da ALETI (Federação das Entidades de TI da América Latina, Caribe, Portugal e Espanha).
**Avelino F. Zorzo é Diretor de Articulação com Empresas da SBC, professor titular da Faculdade de Informática da PUCRS e orientador de mestrado e doutorado no Programa de Pós-graduação em Ciência da Computação.
[Crédito da Imagem: Computação no Brasil – ShutterStock]
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