Então tá! Seja como for ele, o “Profission… (o resto vocês já sabem, né!?), conseguiu um emprego, aliás, um trabalho e, todo feliz, foi lá para a entrevista.
“Pois é! Estamos precisando de um profissional com o seu perfil, pois o Banco de Dados dá muitos problemas e é bom ter alguém aqui para sempre poder cuidar disso!” – disse o entrevistador e futuro gerente;
Mesmo estranhando o fato de um Banco de Dados como aquele, no qual ele tinha bastante experiência, “dar problemas o tempo todo”, nosso amigo mostrou-se pronto para a tarefa, mesmo ouvindo que o produto seria migrado para outro que, ao menos é o que parecia, era mais “estável” e com mais profissionais no Mercado, mesmo ele estando lá, mas tudo bem – o outro também não estava com essa “bola toda”, além de não ser tão estável.
Nos primeiros dias, aliás, no primeiro dia de trabalho percebeu que a configuração do Banco de Dados estava mais remendada que retalho de brechó, porém, como ele estava ali para atender demandas logo preparou um primeiro documento oficializando um problema e pedindo medidas para sua correção – é que estava além dele mesmo, precisava comprar alguma coisa e essa, é claro, não era a área do nosso amigo.
Encontrou outros tantos problemas enquanto ouvia dos técnicos que trabalhavam sobre o software uma série de queixas sobre fins de semana de trabalho e noites de preocupação sobre se iria acontecer algum problema ou não. Como era seu costume respondia divertidamente algumas das queixas e explicava tecnicamente outras, na medida do possível, corrigindo-as.
Mas o problema principal, aquele que ele tinha gerado um documento oficial, inclusive com uma explicação quase professoral para que as gerências entendessem bem – afinal, pensava ele, tem gerente que não precisa entender muito de informática para fazer o seu papel (e estava certo, ao menos naquele ambiente) -, esse continuava e, a cada semana ele fazia outro documento sempre baseado no anterior explicando da necessidade da mudança e, inclusive, tomando o cuidado de delegar ao dito problema alguns outros que apareciam como mágica, tornando-os quase intocáveis para ele, visto não ter como tratá-los sem antes ter sua sugestão atendida.
Seja como for a cada solução das demandas ele encontrava mais tempo livre para estudar outras ferramentas, mais especificamente o novo produto que iriam usar após a migração.
Então, chegou o que ele pedira, o tal hardware que precisava ser instalado para que ele acabasse de vez com o que ele já oficializara como o grande problema. Pediram ao nosso amigo que ficasse de sobreaviso, pois, naquele dia, ou melhor, naquela noite haveria todo um trabalho junto à Empresa para que a mudança pudesse ser efetuada e ele debruçasse seus esforços sobre ela, perguntaram de quantas horas ele iria precisar para esse procedimento fundamental.
“20 minutos!” – ele disse, recebendo olhares de duvidas e tendo que explicar o que faria, porque faria como faria e etc.
Feita a mudança, conforme ele mesmo indicara desde o segundo dia de trabalho, seguiu-se prazo onde ele ficou observando o sistema, o Banco de Dados, os usuários e tudo mais necessário para garantir certeza de que a mudança resolverá o problema, além das noites insones de outros antes dele.
Durante a semana de vigília, em uma tarde, um técnico da área de informática vira-se para o outro e comenta: – “Poxa! Não tem mais aqueles problemas!”. Nosso amigo, sem sequer levantar a cabeça retruca:- “Pois é! Mudaram o barramento daquele hardware, né?!”.
Abre parêntesis:
(“Se você não é um profissional de informática, e somente nesse caso, não tem a menor obrigação de saber o que seja um barramento que é o nome técnico para as linhas de condução de informações/dados/energia em um computador. Extrapolando: barramentos são quase todos os tipos de cabos que conectam todas aquelas peças dentro e ao redor de um computador.”)
Fecha parêntesis.
O técnico da área de informática vira para o outro e, baixinho (mas não o suficiente) pergunta: “O que é barramento?” – nosso “herói” chora em silêncio.
Uma semana se passa e tudo no ambiente do Banco de Dados que seria substituído em breve, funciona perfeitamente, não existem problemas, os processamentos estão rápidos, desde que nosso amigo foi para lá, nunca mais noites insones nem fins de semana, tudo parece ter acabado… Inclusive as demandas.
Em uma manhã vazia como todas as outras depois da solução do hardware, chamam nosso “herói” e o dispensam, afinal tudo está funcionando bem, tudo está em ordem e ele não é mais necessário.
Pronto! Acabou a história! Pois é! É pequenininha, mesmo. Tão pequenininha quanto o tempo em que o “Profissional-De-TI-Desalocado”, esteve “Alocado”.
Até a próxima!
[Crédito da Imagem: ShutterStock]
Ótimo texto!
De certa forma, o vejo como contraditório.
Seria o correto, seguindo a linha apresentada, levar mais tempo para solucionar um problema?
Mas, as boas praticas e mandamentos da produtividade, RH e outro mais, não pregam que devemos extinguir o problema assim que tivermos oportunidade, sem procrastinar??
Infelizmente algumas empresas tem seus colaboradores como descartáveis, compram e após o uso jogam foram.
“…levar mais tempo para solucionar um problema?…”
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Ora, meu caro amigo, Nathan!… Mas é claro que não!
Procrastinar o trabalho é uma atitude, evidentemente, inaceitável, afinal as funções em uma entidade, sejam corporativas ou de menor complexidade, têm, todas, uma finalidade e um objetivo em prol de clientes, usuários e afins. Concordamos com isso, tenha certeza!
Mas, como você bem disse, infelizmente, temos situações semelhantes a essa em outros tantos lugares, seja em nosso País ou pelo Mundo a fora…
…mas, por favor, em relação a essa situação em especial, pessoalmente, acredito que o pobre “Profissional-De-TI-Desalocado”, talvez, não tenha conseguido aproveitar melhor a oportunidade, talvez eu disse, talvez.