Os maiores mitos do videomonitoramento IP, desvendados

Desde que comecei a trabalhar no mercado de segurança eletrônica, em 1998, escuto profecias que não se concretizam e certezas que logo se curvam a novas realidades. Já houve uma época, por exemplo, em que os fabricantes de câmeras analógicas desqualificavam as câmeras de rede, criadas pela Axis Communications em 1996. Ninguém acreditava na tecnologia IP na época.

Hoje, as vantagens de uma câmera IP são reconhecidas por quase todos os fabricantes, mas outras questões passaram a ser alvo de críticas mais por uma estratégia comercial do que por características técnicas. São verdadeiros mitos do videomonitoramento IP, que acabam fazendo o cliente final adquirir uma solução aquém das suas necessidades.

Como responsável há mais de sete anos por uma iniciativa pioneira voltada para o treinamento de profissionais de segurança eletrônica chamada Axis Academy, tenho ouvido muitos desses mitos em forma de perguntas durante o curso. “Um stream de vídeo IP com qualidade HDTV não requer muita largura de banda e armazenamento?”, ou “Se a nuvem cair, eu perco o vídeo?”, por exemplo, são dúvidas frequentes.

Essas falácias causam um sério prejuízo a longo prazo num mercado em expansão e carente de conhecimento técnico. A empresa de pesquisa Transparency Market Research estima que o mercado de videomonitoramento IP deva crescer a uma taxa anual composta (CAGR) de 24,2% até 2019. Para que esse seja um crescimento mais responsável, desvendo a seguir alguns dos mitos que ainda circulam no mercado:

Videomonitoramento é só pra segurança

É possível imaginar um futuro não muito distante em que câmeras de monitoramento não terão como propósito exibir imagens. Elas poderão se tornar unidades de captação de dados processados pela própria câmera e que, associados aos dados de outras câmeras, gerem informações relevantes em forma de gráficos, por exemplo. Essa é uma hipótese baseada no que a tecnologia já permite fazer hoje.

Essa tendência é notável, por exemplo, no setor varejista, que tem investido em soluções de videomonitoramento capazes de gerar dados estratégicos para conduzir seu negócio com mais eficiência e aumentar sua competitividade através de contagem de pessoas, reconhecimento facial de clientes pré-cadastrados, ou identificação de aspectos físicos de clientes como sexo e idade aproximada. Para além do varejo, cada segmento do mercado encontra nos recursos inteligentes uma série de possibilidades com impacto no seu negócio.

HDTV IP requer muita largura de banda

Principalmente no Brasil, a questão da largura de banda é uma das maiores preocupações na hora de criar e implementar um projeto de videomonitoramento. Mas as câmeras não precisam trafegar dados o tempo inteiro de forma indistinta. É possível adotar uma série de medidas para otimizar o uso da rede. Uma delas é o uso de inteligências para programar a câmera para gravar apenas quando houver movimento na copa de uma empresa ou apenas quando a porta de uma sala de estoque de medicamentos for aberta num hospital ou apenas quando um veículo entrar num estacionamento.

Também se pode alcançar um desempenho melhor se as câmeras possuírem um padrão de compressão avançado, como o H.264. Enquanto o H.265 ainda está em desenvolvimento, a Axis também está fazendo esforços para otimizar ainda mais o tráfego de dados na rede, e deverá anunciar novidades nesse sentido em breve.

A nuvem não é segura. Se ela cair, posso perder meu vídeo

Pense no vídeo hospedado como um sistema de videomonitoramento normal, só que entregue por meios diferentes. Quem já está acostumado a ter um dispositivo para gravação in loco continuará a ter acesso ao vídeo ao vivo e gravado a qualquer momento e em qualquer lugar. As imagens armazenadas não são modificadas ou apagadas caso a rede caia.

Na verdade, formas de armazenamento alternativas ao storage são um reforço na segurança porque não é raro que criminosos destruam ou roubem CPUs ou outros dispositivos de armazenamento.

O olho humano é a mais eficiente análise de vídeo

Mitos precisam ser combatidos com fatos. Então saiba que, das 20 milhões de câmeras instaladas a cada ano nos Estados Unidos, apenas 1% do vídeo gravado é analisado. Além disso, diversos estudos conduzidos por departamentos de polícia e organismos independentes identificaram consideráveis limitações na capacidade humana de identificar ações relevantes ao analisarem diversas telas de forma simultânea – quanto mais telas e quanto maior o tempo de observação, pior sua capacidade de identificar eventos.

Já existe uma instalação no Brasil que conta com uma sala de monitoramento sem operadores. As câmeras possuem inteligências que detectam a entrada de veículos e fazem um auto-tracking para gravar um filme de todo o seu percurso na empresa. Um shopping center no Brasil está implantando leitura de placas de veículos em seu estacionamento para identificar a chegada de potenciais criminosos e evitar novos roubos – eliminando a prática comum de manter uma lista de carros suspeitos num papel que serve como guia para um funcionário.

Quando se agregam a esse conceito algumas tecnologias como leitura de placas de contêineres em portos, reconhecimento de rosto de funcionários autorizados a acessar determinada área ou identificação de objeto removido, capazes de gerar alertas automáticos, pode-se constatar que a tecnologia dependerá cada vez menos da capacidade humana de perceber riscos, identificar suspeitos ou perceber comportamentos atípicos. Eles serão informados disso e poderão conferir a imagem específica.

O que continuará sim dependendo da capacidade de análise humana não é o vídeo exibido num monitor, e sim o discurso de alguns fabricantes.

[Crédito da Imagem: Mitos do Videomonitoramento IP – ShutterStock]

Os maiores mitos do videomonitoramento IP, desvendados was last modified: março 24th, 2015 by Sergio Fukushima
Sergio Fukushima: Sergio Fukushima – Gerente Técnico da Axis Communications para América do Sul
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