Nos últimos anos venho acompanhando um fenômeno interessante: com a evolução tecnológica do governo brasileiro, aumentando o controle sobre as empresas, e com a popularização dos ERP´s (Enterprise Resource Planning) nas médias e pequenas empresas os profissionais de TI são requisitados além das suas atribuições e passam a auxiliar de forma decisiva em processos que não são necessariamente tecnológicos e estão mais ligados à gestão da empresa.
Uma grande parcela dos profissionais atuantes nas áreas de gestão simplesmente não conseguem pensar logicamente; nem correlacionar os diversos módulos de um ERP; nem mapear mentalmente os processos informáticos do seu próprio setor quiçá ter uma visão global do ERP na empresa. Alguns são considerados analfabetos funcionais quando o assunto é tecnologia da informação.
Somados a isso , algumas novidades tecnológicas do governo como : Nota Fiscal Eletrônica, SPED, MANAD, IN86, PERDCOMP Digital, CIAP , etc. demandam mão de obra extremamente qualificada, pois, a maioria dos profissionais formados nas áreas administrativas não possuem habilidade suficiente para lidar com a gestão da informação, nem para entender e resolver satisfatoriamente problemas nos dados que esses processos precisam, mesmo que eles se refiram à sua área de atuação profissional; à sua área básica de graduação, não existe pensamento lógico nem sistêmico nem holístico.
Os profissionais de TI precisam se especializar em diversas áreas administrativas e de gestão. Alguns exemplos: contabilidade, fiscal (tributação e apuração de impostos); gestão do negócio; comércio exterior; finanças ; gestão da produção e logística.
A necessidade de especialização tende a aumentar; vem aumentando ano após ano.
Essa situação cria problemas e vantagens :
Problemas
- Os setores administrativos tendem a transferir a responsabilidade para o setor de TI o que contraria as atribuições dos departamentos;
- As empresas mantêm profissionais sub-qualificados ou analfabetos funcionais em seus quadros e esses acabam sendo “compensados” pela absorção das responsabilidades pela área de TI fazendo com que a empresa nunca consiga desenvolver habilidades por competência nos seus quadros; cria-se uma falsa sensação de que isto esteja acontecendo;
- A equipe de TI fica extremamente sobrecarregada e acaba respondendo por atribuições de outros departamentos;
- O turnover da área de TI tende a aumentar por causa do estresse e da pressão geradas pela sobrecarga do setor;
- É difícil encontrar profissionais qualificados na área de TI que tenham habilidades administrativas acopladas à sua graduação; seja por experiência; seja por atividades acadêmicas; Sendo assim, as empresas de TI têm dificuldade em contratar profissionais completos e com conhecimento suficiente para suprir a demanda dos seus projetos;
- As empresas quem mantém este ciclo ficam muito dependentes de uma única área e isto do ponto de vista da gestão do negócio, estrategicamente, nunca é bom;
- As empresas tendem a gastar horas homem caras demais para a demanda; tendo em vista que a hora trabalhada de um analista de negócio experiente é sensivelmente mais cara do que de um assistente contábil; essa lógica pode ser aplicada a outras funções também.
Vantagens
- As empresas conseguem criar rotinas e sistemas mais robustos devido ao alto grau de conhecimento dos profissionais de TI do negócio da empresa e dos conhecimentos extracurriculares acumulados;
- Melhores sistemas = Melhores operações = Vantagem Competitiva, difícil de ser alcançada pela concorrência;
- A redução das pessoas envolvidas nos processos podem agilizar alguns deles, mesmo que não seja a situação ideal;
- Os profissionais de TI também conseguem uma vantagem competitiva interessante: não existem tantos profissionais no mercado com esse nível de valor agregado;
- Profissionais de TI conseguem compensar a idade pelo emprego do conhecimento acumulado e protelam a aposentadoria, mantendo-se no mercado por mais tempo;
O aumento de mais de 100% nos cursos de graduação nos últimos anos no Brasil não reflete necessariamente em profissionais hábeis; os cursos não acompanham e evolução tecnológica da sociedade em tempo real e os formandos já concluem o curso defasados. Talvez seja um defeito do modelo de graduação do MEC; algo a ser corrigido no futuro. Por outro lado, muitos profissionais formados, não procuram a constante atualização, acomodam-se.
As grandes empresas cultuam o outsourcing geral para TI, ou seja, a empresa escolhida para a “vaga” deve ter as suas responsabilidades e agregar responsabilidades dos outros; são exigidas ações proativas além das suas atribuições , coisa que poderia não ocorrer se a área fosse dirigida por funcionários de carreira da própria companhia.
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