Hoje quero falar de algo que tem preocupado autoridades do setor ambiental, trata-se do que chamamos de “e-waste”, ou em uma tradução mais ao pé da letra “lixo eletrônico”. O Brasil é apontado como um dos campeões entre os países emergentes segundo uma estimativa da ONU.
Cada vez mais nos vemos cercados pelo crescimento e as dependências tecnológicas que tornam nosso dia-a-dia mais prático. É comum vermos refrigeradores inteligentes com sistemas computadorizados, TV digital com acesso a internet, telefones móveis cada vez mais incrementados e computadores que cabem na palma da mão. Podemos dizer que a moradia do homem moderno está cada vez mais digital. Porém, por trás dessa onda de lançamentos e inovações se esconde um problema que cada vez mais vem chamando a atenção de autoridades relacionadas à área.
Em meio a críticas ao Brasil, por não contar com dados sobre o assunto, a ONU optou por fazer sua própria estimativa. O resultado foi preocupante. Por ano, o Brasil abandona 96,8 mil toneladas métricas de PCs. O volume só é inferior ao da China, com 300 mil toneladas. Mas, per capita, o Brasil é o líder. Por ano, cada brasileiro descarta o equivalente a meio quilo desse lixo eletrônico. Na China, com uma população bem maior, a taxa per capita é de 0,23 quilo, contra 0,1 quilo na Índia.
A definição para o termo “lixo eletrônico” é: todo e qualquer tipo de equipamento ou dispositivo eletrônico primário ou secundário que atingiu seu tempo de vida útil seja por falha em seus dispositivos internos seja por obsolescência planejada, que é destinado a descarte para reutilização por outros meios ou para reciclagem total ou parcial de seus componentes.
Com as mudanças na tecnologia e a diminuição de custos para aquisição de novos equipamentos em diversas áreas, o processo de descarte se acelerou em vários países incluindo o Brasil. O problema é que equipamentos eletrônicos possuem componentes químicos tóxicos e altamente nocivos à saúde e ao solo, mas que são de valor agregado e que podem ser reutilizados para fabricação de novos produtos.
Entre os anos de 2000 e 2005, aproximadamente 500 milhões de PCs foram descartados em todo o mundo, o que equivale a descartar também:
Plástico: 2.872.000, Chumbo: 718.000, Cádmio: 1363, Mercúrio: 287, tudo isso em toneladas.
Segundo a fabricante de processadores Intel, o número de PCs que serão descartados entre 2005 e 2010 pode chegar a um bilhão.
O EUA descarta 30 milhões de computadores ano e 100 milhões de celulares são descartados na Europa a cada ano. A Agência de Proteção Ambiental estima que apenas 15 a 20% do lixo eletrônico é reciclado, o resto destes equipamentos vão direto para aterros e incineradores o que é preocupante.
No Brasil a ABINEE (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) em estudo aponta que a comercialização de PCs no mercado brasileiro chegou a 6,2 milhões de unidades no primeiro semestre de 2010. Na comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram negociados 5,1 milhões de computadores, o crescimento atingiu 20%.
Do total de PCs, foram comercializados 3,2 milhões de unidades de desktops, uma redução de 1% em relação aos seis primeiros meses de 2009. Por sua vez, os notebooks/netbooks apresentaram crescimento de 54%, chegando a 3 milhões de unidades no semestre.
Empresas como HP e Dell desenvolvem projetos e programas de reciclagem de equipamentos e em alguns casos disponibilizam bônus em descontos para os clientes que entregam seus equipamentos obsoletos para reciclagem e na cidade de São Paulo existe um serviço prestado pela USP, trata-se do CEDIR (Centro de Descarte e Reuso de Resíduos de Informática) que recebe todo tipo de lixo eletrônico e desenvolve um processo de triagem para reutilização ou reciclagem de componentes.
Precisamos ser conscientes de que não depende apenas dos governos para termos um mundo mais saudável e climaticamente estabilizado. Creio que depende até mais de nós individualmente para um mundo melhor. Descarte corretamente seu lixo e doe aquilo que ainda poder ser utilizado, existem tantas ONGs, instituições de caridade, creches e escolas que fariam um bom uso daquilo que para você se tornou obsoleto, mas que para muitos seria um ótimo presente. Para este artigo mais uma vez contei com a ajuda inestimável de um grande amigo, Andrei de Oliveira, a quem agradeço.
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