Em no. Início do ano 2000, estava prestando uma consultoria quando fui indagado pelo dono da empresa sobre como economizar com tecnologia. Olhei nos seus olhos e sorri, respondendo que Tecnologia é commodity. Interessante que essa empresa se tornaria dez anos mais tarde a maior empresa no seu segmento de logística internacional no Brasil.
Bem, quando falamos de nuvem, muitos pensam nas nuvens. Não, não estamos falando daquela nuvem que estamos acostumados a ver no céu e imaginar formas. Estamos falando de Cloud. Cloud Computing, ou seja, computação em nuvem. Esse termo vem do inglês que se refere à utilização de memória, da capacidade de armazenamento e dos computadores e servidores compartilhados, espalhados e interligados por meio da internet. Esse é o princípio de grid computing, e lá vamos nós ao inglês de novo, que nada mais é que um modelo capaz de alcançar uma lata taxa de processamento, dividindo as tarefas entre os diversos equipamentos, podendo estar numa rede local ou em uma rede de longa distância.
E como funciona?
Todo o armazenamento dos dados é feito na forma de serviços que podem ser acessados de qualquer parte do mundo, a qualquer hora, não havendo necessidade da instalação de qualquer programa ou mesmo de armazenara dados. O acesso a programas, serviços e arquivos é remoto, ou seja, através da internet – daí a alusão à nuvem. Sendo assim, o uso desse modelo (ambiente) é mais viável do que o uso de unidades físicas (servidores, computadores).
Isto quer dizer que a partir de qualquer computador, de qualquer lugar, podemos ter acesso às informações, arquivos e programas num único sistema, independente de plataforma. Nossa única preocupação é ter acesso a um equipamento que esteja conectado à internet.
Uma de suas características é seu posicionamento dinâmico de recursos sobre demanda, com o mínimo de esforço;
Escalabilidade, pagamento correto (pagamos com base no que é realmente consumido) ao invés de uma taxa fixa, visão unificada do todo, distribuição geográfica dos recursos de forma transparente ao usuário.
Após conhecermos melhor como a nuvem funciona, chegou a hora de conhecermos sua tipologia:
IaaS – do inglês: Infrastructure as a Service ou Infraestrutura como Serviço (em português): quando se utiliza uma porcentagem de um servidor, geralmente com configuração que se adeque à sua necessidade. (p. Ex.: Softlayer)
PaaS – Em inglês: Plataform as a Service ou Plataforma como Serviço (em português): utilizando-se apenas uma plataforma como um banco de dados, um web-service, etc. (p.ex.: IBM Bluemix, Windows Azure e Jelastic).
DevaaS – Em inglês: Development as a Service ou Desenvolvimento como Serviço (em português): as ferramentas de desenvolvimento tomam forma na computação em nuvem como ferramentas compartilhadas, ferramentas de desenvolvimento web-based e serviços baseados em mashup.
SaaS – Em inglês: Software as a Service ou Software como Serviço (em português): uso de um software em regime de utilização web (p.ex.: Google Docs , Microsoft SharePoint Online).
CaaS – Em inglês: Communication as a Service ou Comunicação como Serviço (em português): uso de uma solução de Comunicação Unificada hospedada em Data Center do provedor ou fabricante (p.ex.: Microsoft Lync).
EaaS – Em inglês: Everything as a Service ou Tudo como Serviço (em português): quando se utiliza tudo, infraestrurura, plataformas, software, suporte, enfim, o que envolve T.I.C. (Tecnologia da Informação e Comunicação) como um Serviço.
DBaas – Em inglês: Data Base as a Service ou Banco de dados como Serviço (em português): quando utiliza a parte de servidores de banco de dados como serviço.
Os modelos de implantação vão depender muito das necessidades das aplicações que serão implementadas, do tipo de informação e do nível de visão desejado.
Podemos ter nuvens Privadas, Públicas ou Híbridas.
As nuvens privadas são aquelas que possuem toda a infraestrutura voltada apenas para uma única empresa. Esse tipo de nuvem dá ao cliente total controle sobre como as aplicações são implementadas na nuvem. Por exemplo: você adquire um equipamento blade. Esse tipo de equipamento lhe dá uma versatilidade incrível em relação aos equipamentos convencionais. Numa outra oportunidade falarei a respeito desse fantástico equipamento. Agora, imagine que neste ambiente possuímos servidores (virtuais) rodando num mesmo hardware (equipamento), consumindo e ao mesmo tempo compartilhando recursos; como memória, processamento e disco. Essa é a sua nuvem privada.
As nuvens públicas são aquelas executadas por terceiros. As aplicações de diversos usuários ficam misturadas nos sistemas de armazenamento, o que pode parecer ineficiente a princípio. Porém, se a implementação de uma nuvem pública considera questões fundamentais, como desempenho e segurança, a existência de outras aplicações sendo executadas na mesma nuvem permanece transparente tanto para os prestadores de serviços como para os usuários.
E por fim, nas nuvens híbridas temos uma composição dos modelos de nuvens públicas e privadas. Elas permitem que uma nuvem privada possa ter seus recursos ampliados a partir de uma reserva de recursos em uma nuvem pública. Essa característica possui a vantagem de manter os níveis de serviço mesmo que haja flutuações rápidas na necessidade dos recursos. A conexão entre as nuvens pública e privada pode ser usada até mesmo em tarefas periódicas que são mais facilmente implementadas nas nuvens públicas.
Um ponto muito forte quando estamos falando em computação em nuvem, é a sua escalabilidade. E isso é uma característica fundamental na computação em nuvem. As aplicações desenvolvidas para uma nuvem precisam ser escaláveis, de forma que os recursos utilizados sejam ampliados ou reduzidos de acordo com a sua demanda.
Essa escalabilidade deve ser transparente, não sendo importante saber onde estão armazenados os dados fisicamente e de que forma eles serão acessados. É muito importante entendermos que essa escalabilidade pode ser dividida em horizontal e vertical, ou seja, uma nuvem escalável horizontalmente tem a capacidade de conectar e integrar múltiplas nuvens para o trabalho como uma nuvem lógica. Já uma nuvem escalável verticalmente pode melhorar a própria capacidade, incrementando individualmente seus nós existentes.
Quando estamos falando de computação em nuvem é preciso ficar claro que uma e senão sua maior vantagem é a possibilidade de utilizar softwares sem que estes estejam instalados no computador. Mas ainda há outras vantagens que eu gostaria de deatacar:
- Na maioria das vezes o usuário não precisa se preocupar com o sistema operacional e hardware que está usando em seu computador pessoal, podendo acessar seus dados na “nuvem computacional” independentemente disso;
- O trabalho corporativo e o compartilhamento de arquivos se tornam mais fáceis, uma vez que todas as informações se encontram no mesmo “lugar”, ou seja, na “nuvem computacional”;
- A manutenção da infraestrutura física de redes locais cliente/servidor, bem como da instalação dos softwares nos computadores corporativos diminui consideravelmente, pois esta fica a cargo do provedor do software em nuvem, bastando que os computadores clientes tenham acesso à Internet;
- Os softwares e os dados podem ser acessados em qualquer lugar, basta apenas que haja acesso à Internet, não são mais restritos ao ambiente local de computação, nem dependem da sincronização de mídias removíveis.
- Infraestrutura necessária para uma solução de computação em nuvem é bem mais enxuta do que uma solução tradicional de hospedagem ou alojamento, consumindo menos energia, refrigeração e espaço físico e consequentemente contribuindo para a preservação e o uso racional dos recursos naturais.
Muitas empresas fazem um forte investimento a fim de manter a garantia de operação de seus serviços, porém quando existe uma incerteza sobre essa demanda faz-se necessário manter uma margem de segurança. E é essa margem que vai acabar acarretando uma subutilização de recursos computacionais. Assim aqui que é visto pelo pessoal de TI como custo operacional, é visto pelos departamentos financeiro e contábil como despesa. É como você adquirir um carro importado de uma marca conceituada, onde você, após cinco anos avalia o que foi pago de seguro para este veículo e que nunca foi usado. Mas você pagou para se proteger de uma “possível avareza”.
Nos gráficos abaixo demonstramos dois cenários:
No primeiro gráfico (data center local) nos mostra a necessidade de um investimento em recursos afim de atender a demanda. Como os recursos são fixos, não existe a possibilidade de se desfazer da infraestrutura adquirida, isso sem contar os gastos com licenciamento e recursos humanos (pessoas e instituições que garantem o funcionamento das operações e sistemas de TI). É notável a quantidade dos recursos que são subutilizados ao longo do tempo.
Já o segundo gráfico (data center em nuvens) mostra o uso de Cloud Computing como alternativa ao data center local. Podemos ver que através da elasticidade de seus serviços, havendo uma demanda, a mesma porá ser ampliada. O fato de não subutilizarmos recursos e nem deixarmos de atender as requisições, ao longo do tempo, representa sem dúvidas uma grande redução de gastos com TI.
Mas, nesse mundo de nuvens não existem desvantagens? Sim existem. E posso dizer que a maior desvantagem da computação em nuvem vem fora do propósito desta, que é o acesso à internet. Caso você perca o acesso, comprometerá todos os sistemas embarcados.
- Velocidade de processamento: caso seja necessário uma grande taxa de transferência, se a internet não tiver uma boa banda, o sistema pode ser comprometido. Um exemplo típico é com mídias digitais ou jogos;
- Opções mais limitadas: Esta é uma limitação técnica. Não é possível (pelo menos atualmente) desenvolver um software muito complexo que processe a informação fora do computador local.
E você pode estar se perguntando nessa altura do campeonato: E a segurança?
Uma das coisas que mais tira o sono entre profissionais de TI relativas à implantação e utilização do Cloud Computing refere-se ao quesito segurança. Resultados preliminares de entrevistas feitas pela empresa TheInfoPro com profissionais de segurança das mil maiores empresas americanas apontam que 53% deles estão “muito preocupados” com a adoção de soluções hospedadas em nuvem.
Toda está preocupação demonstrada está baseada, geralmente, a questões de privacidade das informações que estão na nuvem, a existência de planos de contingência caso a infraestrutura da nuvem entre em colapso e o possível início de uma “onda” de ataques direcionadas à própria nuvem que poderá se iniciar quando da utilização em larga escala do Cloud Computing.
Uma pergunta que eu sempre fiz quando estou buscando um possível fornecedor de Cloud Computing: Sabendo que falhas e erros são sempre possíveis, caso a nuvem deixe de funcionar, todos os dados estão comprometidos e podem, eventualmente, ser perdidos. Como fornecedor, o que acontece com as minhas informações em caso de um desastre?
Mesmo a empresa não sabendo onde seus dados estão, um fornecedor em Cloud deve saber o que acontece com essas informações em caso de desastre.
Outra coisa muito importante é a investigação de atividades ilegais. Em Cloud Computing, esses tipos de monitoramento são especialmente difíceis de investigar, uma vez que o acesso e os dados dos vários usuários podem estar localizados em vários lugares, espalhados em uma série de servidores que mudam o tempo todo.
Gostaria de compartilhar com vocês alguns casos de sucesso: Netflix, Etsy e HealthHiway.
A Netflix utiliza dos recursos da nuvem para atender à demanda para seu serviço de aquisição de filmes e programas de TV pela internet. Devido à alta demanda por filmes e shows, a empresa enfrentava gargalos de capacidade nos horários de pico. Como começou a superar as suas capacidades de data center, decidiu migrar seu site e serviçoS de streaming para um ambiente de cloud. Este movimento permitiu que a Netflix crescesse e expandisse sua base de clientes sem precisar aumentar o seu centro de dados.
A Etsy (www.etsy.com), uma empresa online de produtos artesanais que reúne vendedores e fornece recomendações para compradores; usar a estrutura de custo da nuvem no modelo “pague conforme o uso”, foi o que isentou a empresa da necessidade de investir em hardware, software, evitando assim o pagamento de taxas de licenças de software.
Utilizando recursos baseados em nuvem, a empresa hoje é capaz de analisar os dados de aproximadamente um bilhão de exibições mensais de seu site, utilizando a informação para criar recomendações de produtos aos usuários. A flexibilidade de custos proporcionada pela nuvem forneceu à Etsy acesso a ferramentas e poder de computação que normalmente só estaria acessível a grandes varejistas.
A indiana HealthHiway, rede de informações sobre o sistema de saúde do país hospedada na nuvem, que permitiu a troca de informações e transações entre os profissionais, empregadores, contribuintes, profissionais, administradores e pacientes.
Ao conectar mais de 1.100 hospitais e 10.000 médicos, a solução da empresa permite otimizar a colaboração e compartilhamento de informações, ajudando a oferecer serviços de saúde a custos mais baixos, ponto essencial em mercados em crescimento.
A quantidade de usuários de cloud computing deve alcançar em torno de 1 bilhão, ultrapassando os 800 milhões em 2015, de acordo com o IHS iSuppli Mobile and Wireless Communications Service.
Como podemos observar no gráfico acima, o número deve saltar para mais de 1,2 bilhão no ano de 2017, representando um aumento sólido de 20%.
Em resumo, desde o período do 2º semestre de 2012 e com destaque para todo o ano de 2013, podemos afirmar, de acordo com a figura acima, que o número de provedores e empresas usuárias de Cloud Computing aumentou significativamente e se tornou uma realidade no ambiente de TI no Brasil. Ou seja, “estamos no melhor momento para os atores desse mercado atingirem seus objetivos: Vendas, receitas e consolidação de posicionamento para os provedores e ofertas e aquisições mais adequadas para as empresas consumidoras de produtos e soluções de TI. ”, afirma Anderson Baldin Figueiredo para o site (http://corporate.canaltech.com.br). Há uma grande expectativa para que esse número aumente progressivamente nos próximos anos.
Concluímos que o Cloud Computing é uma nova tendência e que crescerá nos próximos anos, conforme vimos, esse novo paradigma oferece diversos benefícios. Proporcionando as empresas economia de recursos, com a possibilidade de expansão elástica da capacidade, foco em seus negócios e uma comodidade aos usuários comuns de poderem acessar de qualquer lugar e a diminuição dos gastos com a utilização de softwares no dia-a-dia, não mais pagando sobre a licença completa e sim um aluguel pela sua utilização, de forma semelhante ao que acontece nos dias de hoje com a contratação da eletricidade. As atividades como instalação de servidores, manutenção da operação, armazenamento de dados, e oferta/atualização dos aplicativos em si seriam realizadas fora do alcance das empresas usuárias dos serviços. E para essas empresas usuárias, bastaria a contratação do serviço desejado, que seria prestado via Internet.
Por fim, como ocorre para quase todas as novas tendências tecnológicas, assim como telefones celulares, rede sem fio e novos tipos de criptografia, a computação em nuvens apresenta ainda pontos não amadurecidos, e que deverão ser alvo de aprimoramentos num futuro não muito distante.
Deixo agora minha opinião sobre o uso de Cloud Computing:
Eu sou usuário da AMAZON há três meses. E posso afirmar que tem sido uma experiência muito agradável. Vale quanto paga, essa seria minha denominação para este tipo de recurso. A ideia de eu só pagar pelo que eu consumir é fantástica. Imagine você poder em questões de minutos pular de um servidor com 2 processadores, 4GB RAM e 100 GB de SSD; para um servidor com 16 processadores, 128 GB RAM e os mesmos 100GB de SSD. Rodar as tarefas pertinentes a massa de dados e depois voltar com a mesma facilidade; pagando exatamente o que foi consumido e nada mais por isso.
Sendo assim, quando migrar para a nuvem?
Devemos ter em mente que a nuvem não é a solução dos seus problemas.
Que precisamos estar atentos ao nosso ambiente e definir a melhor maneira de quebrar esse paradigma dentro da nossa empresa.
Deixar de ter que se preocupar com a garantia, com a compatibilidade, com a aquisição de novos hardwares, licenças de softwares e até mesmo com toda uma estrutura de backup.
É por essas e outras que as empresas no Brasil estão descobrindo a nuvem e cada vez mais empresas estão migrando para este tipo de solução.
[Crédito da Imagem: Nuvem – ShutterStock]
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