Muitos profissionais de T.I. vêm o Cloud Computing como algo extremamente inovador e recente, enquanto alguns ainda não sabem bem o que é, outros estão mais bem informados e outros vão na empolgação do momento, que está agitando o mercado. A verdade é que alguns conceitos da tecnologia de Computação nas Nuvens já estão no mercado há algum tempo. Por exemplo, o conceito básico em si não é muito diferente do conceito de mainframes, em que através de terminais se acessava a um aplicativo ou sistema existente nesse mesmo mainframe, da mesma forma que no Cloud Computing teremos clientes (normalmente usando o navegador) que irão acessar os aplicativos na “nuvem”. A Computação nas Nuvens utiliza tecnologia de virtualização, o que já estava sendo aplicado antes em servidores e mainframes nas empresas. A computação em grade (grid computing) também é uma característica do Cloud Computing que já existia antes, amplamente conhecida por seu uso em vários projetos, como por exemplo no SETI@home.
Será que se pode dizer então que o Cloud Computing é um golpe publicitário? Não, de todo. Todavia algumas empresas podem estar tirando proveito de todo esse entusiamo em relação a esta tecnologia para promover seus produtos. Nomeadamente mudando a terminologia de seus produtos de SaaS (Software as a Service) para Cloud Computing. Alguns profissionais do ramo dizem ainda que a confusão em torno do que é realmente o Cloud Computing é fomentada por várias empresas, como forma de tentarem vender melhor seus produtos e o CEO da Oracle, Larry Ellison, declarou que o Cloud Computing é “tudo o que já fazemos hoje” e que não teria efeitos quaisquer a não ser a alteração de nomenclaturas em alguns de seus comerciais.
A meu ver o Cloud Computing não é apenas uma tecnologia, mas uma coleção de tecnologias utilizadas conjuntamente e que formam dessa maneira o Cloud Computing (daí talvez a confusão a respeito do termo), e o conceito que está por detrás desta revolução já data dos anos 60, quando John McCarthy opinou que a computação poderia ser organizada como um serviço de utilidade pública (tal qual a rede elétrica, por exemplo). Para usar um equipamento e plugá-lo na rede elétrica você não precisa conhecer como funciona a geração e distribuição de energia, nem conhecer a tecnologia associada a isso. Essa mesma ideia é o que o Cloud Computing quer trazer para a Tecnologia da Informação.
O Cloud Computing pode ser visto como recursos virtualizados (seja de armazenamento, sistemas operacionais ou servidores), através dos quais podemos usar poder de armazenamento e processamento escalonáveis e elásticos, com redundância. Por exemplo, o armazenamento que estamos acessando através da “nuvem” pode estar distribuído em vários servidores, e o espaço contratado pode crescer ou diminuir conforme as necessidades do cliente. Da mesma forma podemos ter um servidor virtual (também distribuído por vários servidores físicos), que aumenta ou diminui seu poder de processamento, de acordo com o uso que necessitamos dele.
Na realidade o cliente só precisa definir o que realmente necessita: se é um software (SaaS), um servidor (IaaS), uma plataforma (PaaS), ferramentas de desenvolvimento (DaaS) ou serviços de comunicação (CaaS) e irá pagar somente por aquilo que usar, com a vantagem que por usar apenas um browser (navegador) não interessa o sistema operacional.
A moda hoje é Cloud Computing, pode ser que o nome venha a mudar ou surjam até novos conceitos, mas é certamente uma das tendências do futuro da tecnologia da informação. Existem, claro, preocupações com a segurança de colocar os dados “nas nuvens” e talvez em algumas circunstâncias esta tecnologia não deva ser aplicada – afinal, se você não tiver uma conexão à Internet ou a uma VPN não lhe adiantará de nada – mas estas dificuldades atuais certamente serão resolvidas com o passar do tempo e à medida que o conceito do Cloud Computing evolua.
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